terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Fraqueza

Se um samba a ti fosse por mim feito, que cheiro se ouviria? Se as rosas exalassem tua presença, de que cor a vida se perfumaria? Tu és o encanto do desconhecido, o par do mistério. Enquanto quase nada de ti sei, mais de ti tudo quero. Quero descobrir tuas fraquezas, não teus dons; quero tirar-te do altar e colocar-te ao meu lado. Quero a tua vergonha em meu peito, teu pranto em minha dor. E se não for assim, não te quero, pois não seria real, não seria sincero. Desculpe-me a turbidez dessas palavras, ou desta carta destinada a ti, mas se não fosse assim, não seria a minha fraqueza exposta, não seria mim, seria apenas fim.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Entrada e saída

Se a entrada é escura e a saída é clara, por que andamos pela calçada? Se o vento me dito tivesse que a dor é passageira e o amor ardia feito mármore de lareira, teria eu a janela fechado. Mas o vento já soprou; fogo atiçou e a dor passou. A dor é isso: consequência do amor que se cansa de sentir e de um dia para outro decide-se esquecer, não mais sofrer, o peito costurar e mais nada sair ou entrar. Mas se a entrada é escura e a saída é clara é porque sem o amor a vida apesar de mais triste é mais iluminada, cansada e real. O amor nos faz enxergar na escuridão, não com os olhos, porém com a ilusão. Eu não sei porque isso falo, nem quero repetir, mas palavras são palavras e jogadas ao vento são apenas pedaços de pensamentos. Se a entrada é escura e a saída é clara, eu ainda não saí, estou no meio do caminho, estou estagnada.

domingo, 5 de dezembro de 2010

O poeta

O poeta - Pablo Picasso
O poeta é um ladrão
Rouba o momento
Depois pede perdão
Fixa o sentimento
E se perde na razão
Anistias prega
brega culpado
Solidão amorosa
Sente o coitado
Sofre por tê-la,
Perdê-la não quer.
Brilho de estrela,
Sorriso de mulher.
Colher cheia
Dor alimenta
Pimenta meia,
Paixão sangrenta.
Eis o que vive
Ouviu de alguém
Eis o que escreve
Amou ninguém

sábado, 4 de dezembro de 2010

Alguém

Passando pela avenida escura, alguém vi. Pela penumbra dos meus olhos, cruzou a lua, atravessou o horizonte. Perdi o movimento, foi-se o sentimento, esqueci. Foi-se o que imaginei, o que tive e não possuí, o que sonhei e me iludi. Mas alguém eu vi, rondando o arquipélago, traçando o continente, relâmpago de repente: perdi o movimento, foi-se o sentimento, esqueci. A confusão em minha mente, contundente e serena,  grande e pequena, eu nunca destruirei. Contudo, o quê meus olhos veem não me engana. Apenas perdi o movimento, esqueci; tudo era apenas um momento, parti. 

domingo, 28 de novembro de 2010

Escrever

Cansei de inspirar tristeza e expirar frieza. Expelirei alegria e minha moradia será só incerteza. Misteriosamente, da própria alma desfazer-me-ei e, novamente, a mim o velho consumirá em tons inéditos. Crédulos acéfalos, incrédulos cefálicos. Semelhança e diferença, verdade e crença. Morte da poesia; vida em alegria. Renascimento da prosa; vida dolorosa. E soará assim, sem fim, alternas e acetinadas, límpidas e ensanguentadas. Sem escolha, apenas caminhos escuros, muros, pontes, mar. Barcos navegam, felicidade os guia, o oxigênio foi cortado, ninguém chamou a alegoria. Instante, nasceu gelo do mar distante, a claridade morreu. A felicidade congelou, quem mergulhou não se agasalhou, só a poesia se aqueceu. As palavras borbulham na mente, querem o papel colorir, mas a pintura será diferente sempre que o amanhã insurgir. A escritura é como a sinfonia perfeita, uma vez tocada, nunca mais será igual.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Vida, Deus e morte

Pergunto-me por que não eu? Tanta gente com vontade de viver morre e eu, que já fui moribunda por grande tempo, ressuscitei. A melhor forma de encarar essas adversidades é através da crença do espírito evoluído. Mas, será que um espírito tão bom precisaria passar por tamanho sofrimento pra estar ao lado de Deus? Será que é algum tipo de confirmação da fé? Vejo pessoas iluminadas, que não deveriam deixar essa vida tão cedo, adoecerem. Podem me falar tudo, mas eu não concordo. Deus tem um plano especial? Talvez tenha, mas tem gente que nem Nele acredita. Cheguei a compartilhar dessa ideia, mas não foi uma boa experiência. Pessoas que não acreditam em Deus tendem a ser pessimistas, não sabem ver o lado bom das coisas, são medrosas, e isso é compreensível. E por que as pessoas optam a acreditar que Ele não existe se Sua existência não faz mal à grande parte da população? Digo grande parte porque há guerras religiosas, mas talvez não seja culpa da crença, pois nem todos brigam por isso. A nossa vida deve ser respaldada no equilíbrio, e as pessoas que levam a crença ao radicalismo estão longe de serem equilibradas. Crer em Deus não é se apegar a livros religiosos e querer seguir fielmente tudo que está lá escrito sem se preocupar com o próximo. Crer em Deus é saber os próprios limites, respeitar o que Ele criou, tratar a todos com amor, ou seja, de forma como gostaria de ser tratado, pois ninguém se odeia ou deseja mal a si mesmo. Por que não acreditar em Deus se a crença Nele nos torna mais humanos, mais otimistas? Quem crê em Deus, mesmo que Ele não exista, o que nunca poderá ser provado, como já dizia Platão, crê em si mesmo, consegue tirar forças de algum lugar e caminhar sozinho. Quem não crê em Deus se torna dependente das relações sociais, pois precisa saber que alguém está com ele, quando Deus sempre esteve. Se alguém, algum dia, conseguir me explicar o porquê da não existência de Deus ser melhor, não só tiro o chapéu, como faço questão de retificar esse parágrafo. As pessoas confundem religião com Deus, e nessa altura do campeonato, isso não deveria mais acontecer. A divisão do mundo em grandes religiões é uma trágica realidade. Pessoas lutam por algo que nem comprovado é. O judaísmo provoca guerra, o islamismo, massacres, e o catolicismo é hipócrita. Para mim, Deus não aprova nada disso. Se todos cressem em Deus e esquecessem-se das religiões, o mundo seria melhor.   Deus não precisa deixar de existir, pois Ele dá esperanças à grande parte do mundo, mas as religiões podiam ser extintas. Como podemos nos confessar com padres que são tão pecadores quanto nós? Quem lhes deu esse direito? Deus criou o mundo e os homens criaram as religiões, por isso estas são falhas. Eu acredito em Deus, e vivo bem por isso, mas não sou a favor de nenhuma religião. Aí, alguém poderia me perguntar: mas como todos poderiam conhecer a Deus sem a existência de religiões? Eu responderia: como era passada a cultura entre os povos primitivos? Através do conhecimento de pai para filho. E eu não sei até que ponto as religiões ajudam-nos a conhecer a Deus. Hoje em dia, muitos centros religiosos, de um modo geral, são comércios. E, além de tudo isso, fico pensando: há religiões e ainda existe muita gente má, cruel, que não se converte. E também existem pessoas que se tornam más, ou intensificam esse lado, por conta do extremismo religioso. É estranho, são tantas perguntas e tantos espaços vazios ainda para preenchermos, mas somente até aqui me permitirei questionar.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Espectros

Cai a chuva, inunda-se a terra, afongam-se as flores; diz a verdade, acaba-se com a bondade, vão-se os amores. Somos iludidos, sentimo-nos feridos, mas possuímos as armas. Eis o que queremos, é o que vimos, ouvimos tudo diferente, força do hábito ou apenas destino? Evitamos o inevitável, tentamos curar o incurável, feitos de esperança somos. E o canto desabrochado encanta pela salvação os desesperados. Participamos de corridas sem propósito, onde chegar em primeiro é estar em um depósito de pólvora com um isqueiro. Desacompanhado está no caminho, sendo o melhor fica sozinho, sendo o último, sempre esteve. É a beleza da vida, sem regras, sem saída, só crenças e devaneios. Lutar pelo incerto, julgo do correto, pelo que supomos serem nossos anseios. Não sei mais o que escrevo, nem o que espero, tudo se constrói por espectros.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Hipocrisia

Somos hipócritas e sempre seremos, aprendemos a ser assim, é o que o mundo determina; dizem-me que alguém pode não ser hipócrita, que pode viver de acordo com seus princípios, mas quem me garante quais estes são ou se suas atitudes condizem com seus pensamentos? Paremos de andar, de correr, de fazer a vida. Paremos para pensar. Para onde estamos indo? Para que ficar rico? Quem deseja a riqueza e quer extinguir a pobreza é hipócrita, só existe riqueza na pobreza dos outros e é por isso que o socialismo não pode ser utópico em um mundo real, é por isso que o socialismo não se concretiza. O desejo pelo conforto e pelo consumo é ardente. As coisas que o dinheiro pode comprar são brilhantes, saborosas, deliciosas, são aconchegantes diante de um mundo frio, só. E esse tipo de hipocrisia é só o começo. Com que intuito você estuda? Quais são suas motivações? Obter conhecimento ou ser reconhecido? Obter reconhecimento ou ficar rico? Eu não sei mais, parece que o mundo anda ao contrário e no sentido horário. É como se não saíssemos do lugar. Vamos viver eternamente assim, nesse ciclo vicioso de aparências, conquistas e riquezas. Ninguém quer se estudar, ninguém quer refletir, tudo que temos a fazer é comer, trabalhar, gastar e achar que amamos. Eu sou hipócrita, mas você também é.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Sonho


Entre quatro paredes, envolvido em lembretes, histórias, bilhetes, o mundo é um. Abre-se a porta para fechar a mente, a claridade sustenta o barulho eloquente. E o que a gente inventou se perdeu, quando se lamenta já esqueceu; o brilhante desapareceu. Tropeça em um diamante bruto, sai do escudo, rola a ladeira. Chega no asfalto, lapidado, escaldado, mas saiu do rumo, da trilha, do mundo que um dia conheceu. Ninguém nunca mais o viu, aquele brilho sumiu. Anoiteceu. E toda manhã é a mesma ladainha, ele promete seu brilho à rainha, acha que é Romeu. Procura pela pedra preciosa, não entende que o brilho vem da mente iluminada pelo coração. E viverá assim eternamente ou até descobrir que o diamante é fruto de sua criação, o que vive é apenas uma ilusão. A porta não se abriu, ele nunca saiu, apenas teve um sonho. Bom!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Incerteza

O que eu sinto hoje talvez sinta para sempre, essa incapacidade e não vontade de seguir em frente. Medo de tentar e fracassar ao invés de dizer que nunca me esforcei para ganhar. Eu quero, mas o medo me segura, eu queria, hoje vejo o quão fui burra. Porém, não me enganarei novamente, dessa vez andarei de cabeça para baixo, mas para frente. Porque antes de querer, preciso acreditar, nadar sempre foi preciso para não se afogar.
E se mesmo o mar for o caminho mais curto a percorrer, preciso arriscar-me para não perecer; melhor o incompleto do que o nada, melhor nadar do que parar na estrada.

Cada segundo, um pensamento.
Cada minuto, movimento.
A hora, tormento dos dias que não chegam.
Estes que cessarão o sofrimento.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Sorri

Senti-me um arco-íris hoje, não porque é bonito, mas raro. As gotas que caíam do céu junto aos raios de sol desviavam feixes de luz para minha alma e eu reluzi, meu reflexo foi parar no céu. Tão singelo e esmaecido, frágil o arco-íris. Como este apareceria se as gotas não caíssem em forma de lágrima e fossem absorvidas pelo lenço que paira no céu? A tristeza é divina. A tristeza é o encontro da carne com a alma, é a libertação da felicidade. Então, hoje eu sorri: sorri porque fui triste, sorri porque sou triste. Um arco-íris apareceu hoje e só; ele se foi, perdeu-se na noite escura. Mas ele voltará um dia. A felicidade não pode ser feita só de alegria, porque ela nunca deixou de ser tristeza, está apenas fantasiada de sorriso. E, por isso, sorri.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Solidão

A solidão mata, e esse sentimento não me larga. Como se as pessoas tentassem me resgatar de um poço fundo, eu não seguro em suas mãos. Eu perdi a noção entre o querer estar sozinha e o ser desconhecida. Mas é fácil entender o não ter quem compreenda o que se passa em minha alma escurecida, ninguém quer compartilhar tristeza. Penso existir pessoas que gostam de mim, mas que talvez não estejam presentes; sei porque também as considero especiais. Simultaneamente, pessoas muito próximas pedem-me passagem e tudo que vejo é uma parede, involuntária foi sua construção, mas quem colocou cada tijolo não fui eu. Sinto-me cada vez mais assim: desejando a distância e afastando a aproximação. Tenho medo de me perder em alguém, não preciso ser feliz, preciso ser só.

Desejo

Aflição é o nome do que me invade. Perto e distante, sinto-me percorrendo trilhas inacabáveis para a lugar nenhum chegar. Enervante é o mistério de teus olhos. Talvez tua boca não diga o que pensas, ou eu viva plenamente em minha idealização. Minha alma é esganada pela mente alucinada. Quero possuir-te. Sonho com teu corpo nu junto ao meu e não vejo a hora da despedida. Mata-me o mistério, mas o desejo me ressuscita, e nesse ciclo vicioso acabo como uma vivendo muitas vidas. Somente quando te entregares a mim poderei seguir em frente.

domingo, 26 de setembro de 2010

Nem tudo é o que parece

"Nem tudo é o que parece", uma frase tão clichê e incompreendida. Muitos acham que a entendem, mas poucos realmente conhecem seu sentido. Engraçado pensar como as coisas podem ser conhecidas e ao mesmo tempo não serem. É como conhecer pessoas, algumas são transparentes, outras vestem uma capa tão opaca que é impossível conhecê-las plenamente. Só há dois motivos para as pessoas serem assim, ou a alma é divina ou apodrecida. Sei que não me encaixo na ala das pessoas transparentes e antigamente costumava pensar que isso era bom; e era. Porém deixou de ser quando descobri que o que tinha dentro de mim não era mais divino ou puro, e sim sujo e realmente podre. Eu tomo doses de claridade, mas não é tão simples. Eu posso mudar, eu posso dizer que hoje em dia a sujeira não beira nem minha pele, mas as pessoas precisam ver essa mudança; e se eu for sempre opaca, mesmo que a podridão vá embora, para alguém eu sempre serei a mesma. Contudo, eu sei; nem tudo é o que parece. E isso, aos poucos, vem me conformando.

sábado, 25 de setembro de 2010

Alma desbotada

Escrever para alguém é como se ocultar em terras frias, não é fácil entranhar-se nas almas dos semelhantes, ou como se olhar em um espelho procurando uma reflexão perfeita quando ele estava quebrado, nunca se sabe ao certo o quê se passa dentro dos que nos rodeiam, olham-nos na rua, convivem conosco. Nunca se sabe ao certo o quê se passa dentro de nós mesmos. Expilo alegria, inalo tristeza. Ofereço bruscamente meus últimos prazeres, pois quero viver assim. Não quero temer perder o que nunca tive ou saborear a pobreza da felicidade. Quero continuar estagnada, da onde nunca saí, quero ficar em mim e não mais me abrir à solidão da companhia indiferente. Escrevi, olhei no espelho e não me vi, passei frio, mas fui dormir. E o novo dia clareia, o sol arde. E o que você esqueceu, se não apagou quando o leu, queimou junto com o futuro de agora, queimou junto com o meu coração e esperanças. Mas eu não sei o que se passa dentro de você e eu não me enxergo mais. Melhor assim: escrevi minha alma, libertei meu cerne, porém desbotou o papel, queimou-se.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Parecia esperta...

Parecia esperta, talvez tivesse vinte anos, ou tivera feito mais aniversários espirituais do que já antes houvesse imaginado. Praga da tristeza, ânimo da filosofia. Vivia assim, ora feliz, ora triste, normal. Antes acreditava ser diferente, no fim percebeu ser igual. Destoava das outras mulheres de sua idade, não em aparência, mas em pensamento. Tinha certeza da sua diferença, pois cada ser, no seu interior, tem. Sabia que o que sentia era único, como todos que a olhavam também sentiam isto secretamente. Ó, jocosa alucinação, por que enganas a todos com tamanho prazer? Pela rua pulando alternadamente entre risos, pisos e choros, desejava desaparecer. Sumirei, mas renascerei, ela pensava. Contudo, não previu o mais provável: se fosse, não voltaria como ela mesma; e se voltasse assim, não renasceria, pois nunca teria verdadeiramente ido. Deveria ter agido enquanto estava aqui. Não percebeu que ela tinha nascido igual para fazer a diferença, e não para se tornar diferente. Continua aprisionada no corpo, porém sua alma não mais reluz. Acreditava na morte como uma mudança, e teve o mesmo fim dos que pareciam espertos, apodreceu em terra; viva.  

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Alguém ouvirá


Minhas costas doem, mas não é o peso da mochila que carrego que provoca tão importuna dor. O coração bate acelerado, porém não é disritmia. Esses movimentos involuntários infrequentes entregam-me perante a descoberta alheia do meu verdadeiro eu. Não tenho medo do que sou, não tenho pena de mim, e ninguém sente compaixão. Novamente, carrego o peso do meu intímo, e minha alma clama por salvação, pois o fardo aumenta a cada dia; não se sabe quando este se tornará pesado demais, não há previsões. Contudo, continuarei seguindo até que me ofereçam ajuda perpétua. Não preciso de um suporte passageiro, pois não estou passando por uma mudança. Preciso de apoio permanente, pois esse é o caminho da vida que devo percorrer.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Simplesmente sorria

Viver é como andar em uma caminho de rosas espinhentas, é bonito, mas dói. Superficialmente, tudo respira, todos são felizes, mas essa nem sempre é a realidade do interior de cada um. Às vezes, a tristeza acoberta suas almas, e o ar que respiram já não é mais suficiente. Se seu semblante não expressa toda a felicidade que a vida pode trazer, você simplesmente irrita alguém próximo. É como se a única expressão válida para a sociedade em que vivemos fosse a de felicidade e satisfação. A tristeza é desconsiderada, delatada; os únicos que tem direito de senti-la são aqueles que realmente sofrem, ou seja, os doentes. Mas, eu me pergunto, uma alma triste não é uma alma doente? Doença essa que ninguém vê, provocada pelos próprios cegos. E essa doença tem cura, mas esta sairia muito caro para estes, custaria a realidade. Quem não enxerga a tristeza em quem ama, nunca verá sua real felicidade. O melhor esconderijo, para quem quer viver eternamente bem na sociedade hipócrita em que vivemos, é atrás do sorriso. 

sábado, 4 de setembro de 2010

Às vezes, sorrio

Quisera eu escrever sempre obras românticas e felizes, mas eu não sei direito o que é a felicidade. Talvez esta seja como um sentimento de alívio para mim, alívio da minha alma, empoçada em águas escuras. Mas hoje as poças brilham, e as águas encontram-se tão límpidas, que refletem feixes luminosos como diamantes. Os feixes aquecem-me, trazem-me clareza. E, eu sei quem trouxe o sol. Alguma vez, pedi-lhe para que me desse um só pedacinho de toda a sua iluminação. Disseram-me não, mas que sempre estariam ao meu lado quando eu precisasse dela. Minha felicidade é como o dia, sempre chegará a noite. Entretanto, será uma noite tranqüila se eu souber que o sol nascerá ao meu lado novamente, com você.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Devaneio

Acordei do sonho que não tive e entreguei minha alma mais uma vez à escuridão da minha existência. Tão repugnante, tão miserável, tão desprezível sou. Infeliz ser que pensou em nascer algum dia para ser feliz. Felicidade, ó repulsa. O que me afasta desta é testemunhado a cada piscar de olhos, a cada mensagem neural e a cada sorriso que tento esboçar através de lábios tortos, que jamais ousarão sentir novamente o desespero da escolha entre a vida e a morte. O coração bate acelerado pela decisão tomada, irreversíveis tornam-se as consequências, e tudo que resta é saborear a última divagação do meu subconsciente. O arrependimento é a consequência mais ágil e menos eficaz. Devo morrer sozinha ou confessar minha fraqueza? Eu pude sobreviver ao meu último devaneio, mas não estarei consciente ao dar meu último suspiro.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Carta da minha transição

Amor se transforma em ódio de forma repentina, assim como o contrário poderia acontecer. Por que adiar algo inevitável se isso só trará dor? Por que ser fraca demais para não conseguir desistir de lutar? Não há falta de coragem em um suicídio, e sim medo de abandonar uma vida cheia de prazeres. Mas se isso já não é suficiente, por que insistir em viver? Nos escondemos de várias pessoas, mas é impossível nos escondermos de nós mesmos.  Não quero continuar tentando, e é assim que me despeço, ao som de uma música desconhecida, que não pode me enganar. Se quem você ama engana-lhe para o seu bem, em quem mais confiar? Por que creditar a alguém a confiança que lhe é exigida excessivamente em nome de uma verdade que não existe? Mais uma vez, desse mundo carnal, feito de expectativas e frustrações, despeço-me; se não for corajosa o suficiente para ir até o fim, meu espírito já terá ido. Eu desisti de viver essa ilusão chamada vida, felicidade, solidariedade, transformação. Não há culpados, nem vitímas, somente executores. Aos que me amam, peço perdão, mas acho que perdi mesmo foi a noção. Quando você ouve de muitos que é louco, começa a questionar a própria sanidade. Talvez meu problema fosse ser sã demais, e tudo isso ao meu redor pesar muito mais do que eu podia suportar. Fui embora sem ao menos acabar com o que mais desejava, sem ao menos saber até que ponto alguns me amavam, mas acredito que nem se eu vivesse por muitos anos o saberia. Não sei quando será, quando foi; sei que não tardará, não tardou. Dói.

Afogo

Eu tenho medo da noite. Não temo a sombra do dia, mas a solidão que clareia. A noite é íntima, o dia é efêmero. Sinto cada vez mais, torno-me viva cada vez menos. Cada desacordo traz uma vontade de desistir, e, cada vontade, uma busca desenfreada por uma saída menos dramática, decisiva, fatal. E, ao mesmo tempo, tudo caí sobre minha mente de uma forma incongruente. São adversidades tão coincidentes e desconcertantes, que da mesma forma que a vontade surge, ela desaparece. É um pulsar de emoções, onde em uma balança, emocional e racional, tento equilibrar o que seria o certo. A minha relatividade entra em ação, e desta eu não consigo escapar. Cada conselho que escuto é diferente, cada música que ouço parece igual, mas percebi que as interpretações sempre pendem para o que eu desejo, porém o que eu almejo entra em conflito com o que não deveria desejar. E tudo isso faz-me ver que todas as minhas noites são iguais e que todas as noites da minha vida serão assim. Eu vivo amarrada em um cabo de força, de um lado puxa-me a felicidade, de outro a realidade; vivo nadando em um mar de solidão, e me pergunto todas as noites até quando conseguirei ter forças para simplesmente não me afogar.

domingo, 22 de agosto de 2010

Chorando palavras

Simplesmente não sei o que falar, pois minha escrita é a lágrima que não deixo escorrer pela minha face. Ouço música, mas nem esta é capaz de abafar todo meu arrependimento. Alguma vez achei que era esperta demais, que fazia tudo certo, que era a rainha dos sentimentos renegados, mas eu só não tinha aprendido a sentir de verdade. Como se rasgassem uma capa que cobria meu corpo, envolvendo minha pele, sem deixar que eu me preparasse, fui jogada no mundo das emoções. E a que conclusão consegui chegar? Que a capa não existia, e que eu já tinha sentido tudo aquilo antes, só não tinha amadurecimento o suficiente para saber o que era o verdadeiro amor. Tive que me iludir com uma paixão, para descobrir que eu sempre tive um amor, simplesmente porque peguei todas as boas coisas deste e entreguei a uma paixão ilusória. Enganei-me duas vezes. Achei que a pessoa errada era a certa, e ainda construí a imagem dela como alguém que nem ela mesma conhecia. E a única coisa que tirei de tudo isso é estar sozinha, sem saber se um dia meu amor retornará.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Dois lados

Marasmo
Descanso
Erasmo
Alcanço

Suavidade
Tristeza
Felicidade
Frieza

Divagação
Sofrimento
Escuridão
Tormento

Ópio
Amor
Ódio
Rancor

Pensar
Dúvidas
Alienar
Estúpidas

Rosas
Perfumadas
Pragas
Enraizadas

Tudo se fez perfeito. E foi quebrado o encanto
A ilusão. O que era doce, amargou.
E o que era água, secou.

sábado, 14 de agosto de 2010

Só pensando

Eu penso ser única, mas não sou. Eu penso estar sóbria, mas não estou. Eu penso estar na mesma, não, eu certamente não estou. Meus segredos ferem, e as manchas de sangue não são removíveis. Sinto que me perco a cada dia, ou talvez acho-me. Perco-me no sentido da minha escrita, quanto mais o tempo passa, mais longe fica meu obejtivo, meu livro. Porém, acho-me no sentido do conhecimento. É muito complicado divagar acerca de algo futuro, eu nem sei qual este é. Contudo, seja qual for, quero que seja o que eu sempre quis, e, isso, acho que sei o que é. Se vocês me entenderem, ótimo, se não, o que posso eu fazer? Se nem minha escrita condisser com minhas expectativas, que opções eu terei?

domingo, 8 de agosto de 2010

Confissão noturna

Deito a cabeça na noite clara, espero que o sono invada minha alma, mas ele não chega. Agito-me, ideias percorrem meu cérebro, palavras voam pela minha enorme massa cinzenta, meu coração arde com fortes palpitações. O que parecia perdido no nebuloso dia, encontrou-me no momento mais importuno de minha solidão. O que fazer então? Devo levantar-me e continuar a escrever meu livro, ou esperar e torcer para que amanhã eu ainda esteja com as ideias perambulando em minha mente? Como qualquer outro escritor inexperiente, ousei a acreditar que as ideias me aguardariam. Mais uma vez ilusão. Não sei com que sonhei, mas com isso eu já estava acostumada, o pior foi não mais saber em que pensava antes mesmo de libertar minha alma naquela madrugada iluminada. Contudo, aprendi. Agora, qualquer tolice que me passa pelas divagações noturnas são devidamente anotadas. E eu não sei até que ponto faço o certo, mas faço. Se o meu sonho é viver da minha própria escrita, temo que cada palavra ou pensamento meu perdido seja a chave de qualquer texto futuro, e isso me dá agonia.

sábado, 7 de agosto de 2010

Para um pai

Abri os olhos pela primeira vez e vi uma coisa que brilhava em minha frente, eram teus olhos. Tu me contagiaste com a tua alegria quando aqui cheguei, logo percebi que estava no lugar certo.
Existem vários adjetivos para te descrever: inteligente, talentoso, caridoso, amoroso, palhaço, implicante, brincalhão, mas, para mim, um dos melhores é contagiante.
Tu és tão contagiante, que consegues passar para todos tua agitação e calmaria, tua tristeza e felicidade. É como se todo o mundo fosse transparente e tu o colorisses. Tua cara emburrada é fofa, teus sorrisos preso ou inocente são doces e tua cara de bobo é simplesmente a melhor.
O sangue que pulsa em nós é teu, somos parte tua, e é por isso que queremos agradecer por ter um pai tão brilhoso e genioso como tu.
Pai, nem sempre um ourives consegue concretizar suas ideias na matéria, mas ele se adapta à joia criada. Assim, com o tempo, acaba percebendo que não queria que esta fosse de outra maneira, afinal, esta é tão valiosa quanto qualquer outra que poderia ter criado, pois possui a sua essência.

Obrigada por ser esse talentoso ourives,
obrigada por ser nosso pai.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O que pensar?


Tenho dúvidas, todas as respostas são alteradas a todo o momento. O que será o certo? Acho que nunca saberei. Mas existem tantas pessoas, tantas cabeças, tanta gente. E o que pensam? Será que são também afligidas por pensamentos de escrita, ou análogos? Todas as pessoas são assim tão confusas quanto eu?




Ando e vejo pessoas

Porém não pensamentos

Quê pensam tais seres?

Possuem altos deveres?

Razão ilumina a mente

Luz mata a literatura

Avante, criatura

Sinta o prazer sensível

Além do inteligível

domingo, 1 de agosto de 2010

Pulsa

Seguro mãos que não são tuas, sofro consequências alheias, afundo-me em vão em velhas teias. Procuro abrigo, encontro no livro meu semelhante. Ele pede que a ordem se engula, perca-se entre rios vermelhos. Desassossego, sem saída, só entrada no mundo imaginário do medo. Sou eu quem te encontra em mente, alegremente sorrindo, paixão veemente. Faço do futuro uma realidade constante, onde teu semblante, o mais puro, construo na ilusão de minha imperfeição. Seguro mãos que são tuas, sofro consequências em tuas veias, afundo-me mais uma vez em tuas teias.

sábado, 31 de julho de 2010

A falta de você

A falta de você
Fez-me deveras esquecer
Seu doce encanto

O gosto dos seus gestos
Seu balançar palpitante
A suavidade de seus olhos
Seu ofegar errante
O brilho da sua boca
Aromas estonteantes
Pensamentos profundos
Mente exalante
Trazem suas veias

A falta de você
Fez-me deveras entender
O valor do recanto

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Ficção

Não sinto fome, não sinto sono com um lápis e um papel na mão. Pena só sinto por não viver na minha ficção. Laços bem feitos, poetas eleitos, verdadeiros cidadãos. Amor, amor, paixão. Nenhuma negação. Somente poesia, total maestria de ódio e perdão. Tecem fios de ouro, acolhidos pelo coro, alfaiates por questão. Lindas donzelas, praças amarelas, brilho de girassol. Cai o dia, amanhece a noite. Amor, amor, paixão. Põe-se o sol; clareia a escuridão.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Não é inferioridade

Não é questão de inferioridade, é de perfeição. As pessoas se contentam com tão pouco e fazem da sua pobreza o máximo. Agem como se o correspondente se satisfizesse com tamanha falta de perspectiva. Mas quando não é essa a realidade, afugentam-se como se a grandeza não fosse do conhecimento delas. Como admirar pessoas assim? Como amá-las? Talvez faltem pessoas para serem amadas por quem realmente conhece a magnificência desse sentimento. Sorte daquelas que já encontraram essas pessoas, azar das que não foram interpretadas dessa forma, assim achando que não eram o suficiente para alguns tão menos suficientes que elas próprias. Não é questão de inferioridade, é questão de ilusão.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Andei sonhando

Andei sonhando que a vida era simples e todos os amores eram reais. Quando sento para escrever, sinto-me envergonhada pelas divagações vivenciais tão obsoletas... Acreditar na perfeição de alguém é mais fácil do que crer na própria. Sou feita de sentimentos, talvez em demasia. Já preferi acreditar que minha mentira era uma verdade a encarar a própria. Com isso, enganei-me mais que a todos. Procurei em alguém tão imperfeito e ínfimo a pureza do amor. Encontrei ilusão. Enxerguei em alguém características tão magníficas, que pareciam irreais. E eram. Contudo, hoje vejo o erro que cometi. Simplesmente peguei tudo de bom que alguém já havia me dado e depositei em um ser que não merecia. E isso me rendeu muito. Descobri o que é a solidão, o arrependimento e o medo. Achei que conhecia a solidão, até encará-la de verdade. Esta pode ser cruel a ponto de não desejarmos mais existir. Existem vários tipos de arrependimento, mas eu sei que o que sinto agora é o pior de todos, pois me traí e traí quem me ama verdadeiramente. Meu medo é não conseguir consertar o trilho da vida. Talvez eu consiga, talvez não. Talvez morra só, talvez não. Talvez alguém entenda o que hoje escrevo, talvez não. Aprendi muita coisa com as pessoas que realmente se importaram, ou se importam. Algumas coisas, que antes eu era ignorante demais para perceber, vêm clareando minha mente em relação à vida e ao que realmente eu quero. As pessoas desapontam-me a cada amanhecer. Minhas habilidades se perdem em cada entardecer. E ao anoitecer, tudo que posso fazer é deitar minha cabeça no travesseiro e pensar como tudo ainda pode melhorar.
Ou não.

domingo, 27 de junho de 2010

Efêmera

Vivo em constantes recaídas que contrastadas com momentos felizes, fazem-me essa via de mão dupla. Não sei até que ponto a razão está ao meu lado, só sei que me enjoo do presente rapidamente, e do futuro mais ainda. Tudo que muda, em um passo, torna-se rotina. Sinto-me poderosa e fraca, visionária e sem perspectivas, amada e esquecida. Tudo que bate, passa, ideias voam, amores correm, mas uma coisa sempre fica: tristeza. Sorrisos falsos da felicidade encantam-me, e eu mais uma vez me perdi. Perco-me tanto, que a luz foge da minha alma por alguns instantes. E enquanto tais feixes luminosos não me seduzem novamente, sinto que minha perdição nunca me libertará, e que dela morrerei em loucura. Mas a luz por fim alcança-me, é um sentimento otimista, afinal, toda minha escuridão é uma parte, é a minha fraqueza. Ainda não aprendi a separar o lado espiritual do carnal da vida, creio que o mundo não tenha conseguido até hoje, contáveis são aqueles que o fizeram. E é isto, que ao meu ver, diferencia os homens. O pêndulo emocional não me abandona. A depressão talvez atinja-me um dia de forma que eu não suporte, mas quando eu chegar ao fundo do poço pela milésima vez, verei que é só uma questão de visão. Eu sou assim, minha intensidade torna-me efêmera. E a efemeridade é gozo para minha escrita.

sábado, 19 de junho de 2010

Inspiração

Perdi naquele momento, a sensação ousada, o sentimento errado, a inspiração momentânea. Dormi e acordei bem, sem me preocupar com o que na noite passada me fazia mal, e o que na noite que chega provavelmente também me fará. Medo da vida que segue, dos desafios, dos novos caminhos. Ousar é isso, é sentir medo, é se alegrar com o novo e não se limitar com o velho.  Desespero-me, pois vejo mudanças. Eu mudei, mas todos que mudavam junto a mim não se utilizavam de um movimento uniforme. Eu sim. Não possuía aceleração, só podia contar com o tempo. A forma como as coisas me atingem talvez não seja como os atingem. Mas eu acordei. E isso não me incomoda mais. O que me incomoda é que eu tinha uma prosa, e agora tenho parte dela, um texto finito de meras palavras sem inspiração. Para onde ela foi? Não sei, mas espero que chegue com a noite que devagar caminha, para alcançar-me junto a tudo de errado, o que eu não poderia jamais sentir.

sábado, 5 de junho de 2010

Corrida do futuro

Soube que andei correndo por aí. Caminhar já não valia mais a pena, pensamentos consumiam-me. Música alta, cegueira mental. Não digo que errei, mas que em algum momento perdi a razão. O que controla a mente? Do que fujo? Por que insisto? Não lembrei. Eu quis chegar a algum lugar, qual? De repente o destino não me importava, só mais uma vez queria ter percorrido o caminho que tracei embaraçosamente. Queria limpá-lo, construir uma ponte de diamantes. Caí na loucura de acreditar que o passado é imutável. Contudo, se tudo se tranforma, o futuro, de alguma forma, é o passado reinventado no presente. E, por isso corro, corria, correrei, quero chegar no futuro rapidamente. Sei que a cada minuto que virá, reinventarei o passado de dois minutos atrás. E neste momento, perderei a noção de tempo, inventada pelo homem, que faz-me automática diante dos dias. Não quero prender-me ao tempo, à rotina, à insipidez. E, devagar, tento reconstruir meu passado, mudando meu futuro, agindo no presente. Embora tenha tropeçado, quando eu levantar, correrei mais rápido.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Intensa e ilusória

Eu queria estar escrevendo um texto diferente, mas minha intensidade não me permite. Na verdade, ela não me deixa fora de mim por um instante. Tudo que eu consigo no final é contato com meu interior mais sensível, mais aguçado, mais escondido, menos provável, selvagem, raivoso, ferido. Não, não foi dessa vez que me machuquei, nem da última, foram todas, que somadas e esquecidas, causaram essa depressão, forrada com "paredes de gentileza" e palavras ao vento, semeadas no engano. Vivo de ilusões. Sofrer não mais. Eu não me permito, escondo-me, remoo-me, eu não sei mais o que sucederá. Palavras fogem-me, corro das responsabilidades, tudo que resta são sentimentos. Estes me levam para outro plano. O que mais me interessa? Dei valor a quem não merecia? Ou apenas me iludi com o que não existia? Minha intensidade vendeu-me, colocou em mim o preço mais indigno, e como matéria barata, fui usada e jogada fora. E quem disse que seria diferente? Não sei nem o que pensar; mas o que me faz sentir como lixo certamente não é a mente tola de alguém, e sim a minha fraqueza de intensidade, a falta de controle da mente. Eu não me iludi com alguém, eu me iludi comigo mesma. Fiz de seres errantes, como todos os outros, peças importantes para minha melhoria espiritual quando não precisava de ninguém. O que eu preciso agora é apaixonar-me por mim, reavaliar-me. A mente controla a matéria, e a matéria controlará todos os outros. Eu pago pela minha intensidade, mas nesta, por fim, descubro minhas ilusões.

sábado, 29 de maio de 2010

Explosões

Definindo o vocábulo explosão de forma conotativa concomitante à denotativa, teríamos algo parecido com: manifestação súbita produzida pelo desenvolvimento repentino de uma força. Contudo, esta pode ser de vários tipos, fazendo com que as explosões sigam a mesma tendência.
A força que repentinamente tomou meu peito é como o fogo, queima, arde, ilumina, cega, é indefinida e não pode ser moldada. Este fogo se alastra como se o ar necessário para sua combustão fosse jorrado de uma especial proferição num sussurro doce, como se somente eu fizesse parte do mundo capaz de ouvi-la.
Todas as explosões, sejam elas de que tipo forem, trazem-nos a sensação de ruptura do antigo, de recomeço - talvez essa sensação esteja relacionada com algo que aprendemos na nossa infância sobre o Big Bang ou vice-versa -, mas também nos trazem a sensação de cautela, medo.
De repente, todas as nossas defesas de um sistema conhecido caem, e entramos no desconhecido com a cara e a coragem, sem proteções, sem armas. A explosão ocorreu! Somos desafiados pela nossa intuição. Caminhando por incertezas intuitivas, acostumamo-nos com o novo percurso, e com o tempo nossos escudos são resgatados. Entretanto, acreditem, quando isso acontecer, a próxima explosão ainda virá e poderá estar mais perto do que imaginamos.

Coletividade conturbada

O agrupamento de indivíduos de uma determinada espécie pode ser definido por uma palavra: coletividade. Os seres humanos são elementos do coletivo mundo. Mas seus pensamentos não evoluíram como o próprio conceito. Não precisamos abranger tal imensidão para mostrar a falta de coletivismo em nosso meio. Diante de problemas municipais ou estaduais de caráter social, vemos soluções tangíveis, porém ações mínimas. As volições individuais vencem as grupais. Nossos olhos percorrem inúmeras situações, às quais nossos cérebros respondem imediatamente com soluções já conhecidas por todos, mas por que são poucas as pessoas que se movem para torná-las reais? Quando defendemos o nosso mundo, os princípios máximos de bem, batemos no peito por orgulho pelo que possuímos, mas quando é o outro lado da moeda que está virado pra cima, o orgulho se esconde, dando lugar à vergonha, cegando-nos para os princípios antes defendidos.
O coletivismo é essencial. Contudo, enquanto não nos conscientizarmos de que somos nós que fazemos parte dele, nenhuma mudança ocorrerá significativamente no mundo. É fácil dizer que a mudança começa por nós, difícil é fazer sua parte acreditando que cada um fará a sua. ou evoluir a ponto de enxergar que se você pensa que a sua ação já pode mudar uma pequena parte, você já estará ajudando, inclusive se outras pessoas pensarem igual a você, ou seguirem seu exemplo, as pequenas partes, aos poucos, somam-se. Entretanto, se desistirmos e acharmos que o que faremos não ajudará em nada, e assim deixarmos de fazer a nossa pequena parte, a corrente simplesmente se quebra, fazendo com que coletividade nunca se recupere do tombo da depressão mundial que se iniciou na Idade Moderna.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Questionamentos insatisfeitos

Saindo da insignificância da própria existência, observando em escala impessoal nossos atos e os de todos que nos cercam, veremos um mundo tendencioso ao equilíbrio. Tantas pessoas, tantos pensamentos, semelhantes ou não, que juntos nos ajudam a construir uma realidade. Mas o que é real? Existimos de fato ou somos apenas partículas em constante movimento nos aproveitando das possibilidades? Como definir o real? As emoções são reais? Até que ponto sabemos se as emoções são criações da própria mente? A mente controla a matéria. Mas quem ou o que constitui a mente? Quem é a nossa consciência? Será nosso cérebro, feito de matéria? Mas se for o cérebro, não seria paradoxal algo sujeito à comprovação da própria realidade supor o que seria a mesma? Ainda assim ele é feito de matéria, o que tornaria a proposição estranhamente inválida, uma vez que a matéria não domina a própria matéria.
Então, o quê ou quem poderia nos dizer o que é real? O quê ou quem observa a suposta realidade que nos rodeia? Quem é a nossa mente, nossa consciência? Será nossa alma? Como provar?
Isso tudo é verdade?

sábado, 15 de maio de 2010

Ansiedade

A mente se perde. A imagem se repete. Tudo é cor, som, ondas, luz, calor, agitação. A ansiedade simplesmente não se explica, sente-se.
Não há concentração, nem divagação, na verdade, existe a falta de comparativos. Tudo se relaciona a um objeto específico recognitivo do eu consciente e subconsciente.
Esperar, nessas horas, é como agir sem sofrer as consequências, é não conseguir mudar a realidade tão breve e não tolerar mais a mesmice que o novo fato explicita. É querer, conhecendo ou não, aventurar-se, ganhar e perder.
Ansiar é pressentir as consequências do que ainda está por vir.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Carta da minha perdição

Talvez nunca passe esse meu sentimento de culpa por não estar com você agora, de não ter tentado mais um pouco, quando sabia que meu amor por você era inesgotável.
A primeira vez que olhei para seus olhos, vi-me, e, neles, acabei me perdendo. Senti que dali em diante o que eu tinha que fazer era simples e claro:
Estar com você e amar-lhe!
O tempo passou, tudo mudou, e eu continuo amando-lhe. Não adianta, não há ninguém mais perfeito. Se me perguntassem hoje em dia se eu faria novamente tudo que fiz, eu diria que sim, com uma diferença, não deixaria você ir embora tão facilmente.
É com esse amor praticamente impossível nos dias atuais, e teoricamente perfeito, e você sabe que ele é, que me sustento.
Desculpe-me expor tudo isso mais uma vez, porém eu não me canso de dizer: Eu amo você com a certeza de que jamais amarei outro alguém da mesma forma. Você é insubstituível.

Eu me rendo, não vivo, eu apelo, grito, mas você não me compreende. E eu morro de dor, saudades, desespero, paixão, morro de amor.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Nada

Se a validade de todas as proposições é questionável, acabaremos vivendo no relativismo absoluto. Suficiente para enlouquecer, mas não o bastante para desistir de mergulhar ainda mais à procura de respostas. A cada "verdade" imaginada, proposta, questões surgem, e tudo se relaciona com seu antecedente e descendente. Dependemos das verdades a posteriori, pois acreditar nas proposições analíticas nem sempre basta. É como supor algo antes mesmo de conhecer todos os referenciais, se formos considerar a relatividade.
Embora quase todas, ou todas, as questões a priori na ciência sejam comprovadas, o que levou alguém a chegar até elas? Tudo tem um precedente. Então, quando chegarmos à proposição essencial, se é que conseguiremos chegar, o que estará por trás dela? O nada? Talvez seja por isso que exista o além.

domingo, 9 de maio de 2010

Comunicação

Uma barreira vencida por muitos e um entrave na vida de outros, é a falta de comunicação. Seja por timidez,
 reserva, a falta de comunicação pode trazer danos irreparáveis, destruir amizades e deixar de construir outras. A gente não se dá conta disso, mas a falta de comunicação entre as pessoas acaba gerando um preconceito ilusório. O tempo passa e a gente se remói por ideias acéfalas, criadas pelo nosso consciente com o intuito de disfarçar, subconscientemente, o medo da comunicação. O primeiro passo para promover "começos", mudanças e "fins" é organizar as ideias, e logo em seguida se encontra a habilidade de se expressar e tornar simples palavras em realidade, expondo a verdade. Palavras quando são usadas de forma verdadeira possuem muito valor, mas quando utilizadas com leviandade são facilmente refutáveis.
A comunicação oral é a boca da alma, a maneira mais simples de nos tornarmos humanos, arma poderosa de transformação.

terça-feira, 4 de maio de 2010

A busca pelo conhecimento puro

Tolice é empossar-se de alguém que nunca lhe mereceu, pior ainda é aceitar a conjugação de posse em qualquer pessoa. Cada um é livre, seja para dizer, ou ouvir o que quer. Tola fui eu, que um dia acreditei que uma palavra dita pudesse ter sido verdade, e ainda alimentei esse sentimento, adiando o inadíável. O que devia ser alterado, permaneceu, e o que nunca poderia mudar, na verdade, nunca mudou, porque nunca tinha sido. Triste é encarar a realidade, esperançoso é ver que com o tempo isso acaba nos fortalecendo.
Sócrates dizia que só poderíamos obter o conhecimento puro quando nossa alma estivesse totalmente livre de nossos corpos, pois estes estão sempre nos impedindo de pensar corretamente. Sendo assim, ou nunca obteríamos o conhecimento puro, ou só o obteríamos após a morte. Enquanto vivermos, poderíamos somente nos aproximar do conhecimento verdadeiro, através da comunhão entre corpo e alma maior que a necessidade, ou pelo não uso do corpo.
É do meu corpo que pretendo me afastar cada vez mais. Preciso encarar a realidade com a alma. Sem desejos, paixões, medos e todos os tipos de ilusões e tolices.
Aproximando-me cada vez mais do conhecimento verdadeiro, quero viver uma vida de paz, uma vida que vale a pena ser vivida.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Insolação da alma

A alma, situada entre nossas entranhas, não é lesionada pela insolação. Em vez disso, esta proporciona ao nosso eu mais profundo boas vibrações e, acima de tudo, iluminação. Engraçado sentir coisas tão contrastantes em tão pouco tempo. Tudo pesa, tudo tende ao equilíbrio, mas este somos nós que temos que buscar.

Meu desespero provém da angústia da busca da felicidade, do medo de machucar quem amo. Mas o que eu consegui hoje foi mais que me livrar daquele, foi mais do que qualquer passo que eu já tenha dado em busca da felicidade. Pela primeira vez, senti-me liberta.

Liberdade não é alguém dizer que você pode fazer o que quer, não é se sentir só. Liberdade é estar bem consigo mesmo, é saber que tudo o que você faz é porque você realmente quer e sabe determinar o que lhe faz bem. Eu diria que hoje caminho com mais leveza. Tudo que me prendia e me amarrava a um mundo tão pequeno, fez-me enxergar com o tempo o quão grande é o valor da vida. Liberdade não tem preço.

Talvez eu não seja feliz um dia, mas de uma coisa eu terei certeza, eu corri atrás. E se a felicidade me sorrir, seja da forma que for, eu saberei que aproveitei o máximo da minha liberdade para o bem.

Tudo acontece se acreditamos, o problema está em escolher no que acreditar. Porém, se livre e sem pressão, tudo que precisamos é de iluminação, e nada melhor que o tempo para clarear nossas ideias.

Eu acredito em destino, eu acredito em escolhas.
Eu já experimentei desta insolação.