quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Desejo do não ser

Peço perdão para os que ficam e licença para os que já lá estão. Impiedoso desejo do não ser, desencanta-te de mim, jorra-te por águas ligeiras. E quem sou, para não querer-te? O que és, para de mim enlear-te? Se te chamo é porque de vaidade corrôo-me, mas desta ainda apeteço. Em face do medo que espanta meus olhos, se a liberdade almejo, de ti recordo. Facetas insanas da diversa realidade, um eu. Do que adianta ter-te, se contigo o nada reina? Mas qual a compensação de rejeitar-te, se de ti tudo corre? Não sei o que é esperado que se leia nessa tela, mas agora sentirão o que um dia senti, do que desisti, mas no que vivo a insistir: constante aproximação da morte, eterna ausência do viver. 

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Dois dias

Quem não sabe do que foge, nunca soube o que tem. Tenho fome de mim, mas fujo, e o que resta é apenas contorno, algo morno para alguém, morte. Quem é aquela que no espelho vejo sorrindo, se chora minh'alma? Quem é aquela a quem conhecem, se desconheço? Meu coração pulsa forte e o céu ainda claro está, ouvidos presos aos ruídos, mente em outro patamar. Por onde andas, ainda vive? - perguntou meu eu ao pensar. Vi o nada, escuridão, o pensar só fez meu eu ignorar.