quinta-feira, 29 de abril de 2010

Insolação da alma

A alma, situada entre nossas entranhas, não é lesionada pela insolação. Em vez disso, esta proporciona ao nosso eu mais profundo boas vibrações e, acima de tudo, iluminação. Engraçado sentir coisas tão contrastantes em tão pouco tempo. Tudo pesa, tudo tende ao equilíbrio, mas este somos nós que temos que buscar.

Meu desespero provém da angústia da busca da felicidade, do medo de machucar quem amo. Mas o que eu consegui hoje foi mais que me livrar daquele, foi mais do que qualquer passo que eu já tenha dado em busca da felicidade. Pela primeira vez, senti-me liberta.

Liberdade não é alguém dizer que você pode fazer o que quer, não é se sentir só. Liberdade é estar bem consigo mesmo, é saber que tudo o que você faz é porque você realmente quer e sabe determinar o que lhe faz bem. Eu diria que hoje caminho com mais leveza. Tudo que me prendia e me amarrava a um mundo tão pequeno, fez-me enxergar com o tempo o quão grande é o valor da vida. Liberdade não tem preço.

Talvez eu não seja feliz um dia, mas de uma coisa eu terei certeza, eu corri atrás. E se a felicidade me sorrir, seja da forma que for, eu saberei que aproveitei o máximo da minha liberdade para o bem.

Tudo acontece se acreditamos, o problema está em escolher no que acreditar. Porém, se livre e sem pressão, tudo que precisamos é de iluminação, e nada melhor que o tempo para clarear nossas ideias.

Eu acredito em destino, eu acredito em escolhas.
Eu já experimentei desta insolação.

terça-feira, 27 de abril de 2010

O que não foi entregue

Como não mentir? Eu sei que a verdade lhe machucará, e me fará sofrer mais por lhe ver triste por minha causa. Além do mais, sou fraca demais para lhe dizer face a face este discurso, ao primeiro sinal de reprovação seu, eu desistiria, fora toda minha exposição. Então o transformei em carta.

Com tudo que aconteceu entre nós, todos os conflitos, sinto que você se afastou de mim. Nossa... Como sinto sua falta! Como sinto falta do seu orgulho por ter uma filha como eu. É triste como um mero detalhe pode afetar isso. Você sempre foi a pessoa que eu nunca quis me desgrudar, não conseguia nem viajar porque ficaria longe de você. Hoje, tenho medo de perder-lhe de vez. Do que adianta enfrentar o mundo se eu não a terei do meu lado? E foi isso que sempre importou pra mim, tanto você, quanto meu pai. Mas era com você com quem eu vivia agarrada. Mãe é mãe!

Eu decidi lhe falar isso porque me sinto só. Meu pai, a cada dia, parece mais próximo de mim, mas ele finge que nada aconteceu. Você parece estar distante, mas começa a se aproximar, e alguma coisa acaba acontecendo, e você se afasta de novo. E fica nesse vai-vém.

Eu agradeço, mãe, por você estar bem comigo atualmente! Cada dia que acordo, e vejo um sorriso seu, eu ganho o dia. Angustio-me antes de lhe entregar essa carta, pois sinto que esse elo será destruído mais uma vez. Mas da próxima vez, espero que ele não quebre nunca mais, que essa seja a última. Ou é isso, ou eu não sei.

Acordo todos os dias tentando encontrar um motivo pra continuar vivendo assim. Trabalhar, estudar, ser alguém na vida, só importa se você está bem consigo mesmo e com quem você ama, se não, que tipo de felicidade estaria querendo alcançar? Por isso meu desânimo ultimamente. Se minha própria mãe, a pessoa que mais me ama no mundo, não tem orgulho de mim, o que mais importa?

O único problema é que venho perdendo-me psicologicamente. Não sei quanto tempo aguento ainda viver assim. Eu já morri por dentro. Por favor, salve-me! Não de quem eu sou, ou de quem me tornei, mas de quem eu nunca fui, e de viver sem teu orgulho, afeto, amor. Não agüento mais viver uma mentira. Estou morrendo.

Isso é um apelo, por favor, mãe, seja feliz comigo. Permita-nos ser feliz, orgulhe-se de mim. Você me conhece de verdade.


Eu te amo muito, suficientemente para não lhe entregar esta que escrevo, pois sei que lhe traria profunda dor.

Razão e dor

Ela queria poder separar seu emocional do racional, mas seu cérebro é que traz o sofrimento. Quantas coisas, quanto nada! Mistérios trazidos à tona, nunca resolvidos, revezam-se no palco de sua mente insana. Mistérios profundos que não se revelam racionalmente a ela, apenas permitem-na senti-los. Confunde-se. Sentir é o início de uma investigação do seu próprio eu, é tentar decifrar a consequência psicológica que algo traz a ela. Se for decifrada, ela a conhece, assim, sente mais dor. Não que a dor seja racional, porém os sentimentos e as emoções os são. Talvez seja por isso que a morte se apresente encantadora aos que sofrem, embora seja pura ilusão. Contudo, não ter mais que pensar, quando isso gera dor, é realmente tentador.

domingo, 25 de abril de 2010

Adeus

Sei o que eu quero, aliás presumo, não tenho certeza. Tenho vontades, mas faltam movimentos. Como se a morte tivesse me alcançado antes do tempo, meu coração parou, os únicos fatos que eu vejo são os que ilustraram minha vida recentemente, e as previsões mais próximas não são boas. Toda hora um branco clareia minha mente, tudo que eu leio voa vagarosamente para algum lugar que eu nem sei nomear. Sinto-me angustiada, as horas passam, dançam, flutuam, e eu fico parada. Só queria ouvir certas frases, não queria que as coisas tivessem tomado esse rumo.
A solidão. Ela é boa quando você tem a certeza de que alguém te ama mesmo sendo abominável, ou quando você tem liberdade. Aprisionada, é como me sinto, pela dor dos que me amam, pela mentira que me cerca e pela pobreza de alguns que me rodeiam.
Ainda estou dispersa em um vazio, é a morte. Minha alma não tem salvação. Cheguei ao final do caminho, o sangue entre os espinhos já não estremecia ninguém. Lágrimas que não secam, gritos que não ecoam; eu tentei, eu juro, mas ninguém me ouviu. Não sei mais sorrir.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

A vida e o homem

Poesia criada há 5 anos, durante a minha oitava série; coisa de criança! Achei entre minhas lembranças e resolvi postá-la aqui.

O homem mata
O homem perde
O homem vive
O homem ganha

Nossa sociedade
Exemplo de irresponsabilidade
Onde a ganância
Não dá espaço à importância

O homem deseja
o seu sonho, sempre almeja

E assim esquece
Que o maior desejo
que um homem pode ter
É o de viver

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Indefensibilidade

Segue seu caminho sem rumo que a tristeza lhe guia. Segure-se por estas cordas que lhe estendem. Humanos os que o fazem, pois conhecem a dor existente no íntimo de cada um. Indefeso na escuridão da própria alma, a maior inimiga do moral leva-lhe pelo caminho da perdição. Esta que não se faz pela extravagância ou libidinagem, porém pela negação do movimento, desejo milenar das máquinas. Segure-se, contudo não faça do próximo impulso um ímpeto insensato, a inação não consiste na ausência de defesa.

Enquanto luta pela própria existência, construa seu chão. Se só nos preocuparmos com as oportunidades que ainda virão, não consolidaremos o que já construímos, vivendo um futuro que talvez não exista, e em um presente semelhante a um passado distante.

Sim, somos indefesos, fortifiquemo-nos.

A arte da paciência

Seja paciente, essa é uma das frases mais irritantes para falar a quem já está perdendo o juízo em qualquer situação. Sim, ser paciente é uma arte, seja lá como for praticada, do simples saber esperar, a curto prazo, ao crédito não correspondido que é dado a alguém, a longo prazo ou não. Se pararmos pra pensar na maioria dos problemas relacionais entre pessoas civilizadas, constataremos que a falta de paciência é uma das principais causas de desentendimento. É a questão do saber ouvir. Se soubéssemos fazer isto, quão mais fácil seria a vida. As pessoas criticam, magoam, matam por não ter paciência para ouvir o que seu semelhante tem a dizer. Elas acreditam ser pacientes, mas não ouvem, escutam; não toleram opiniões divergentes das que elas têm; tentam de qualquer forma criticar o pensamento do próximo, mesmo que este seja melhor do que os delas. O pior é que essas pessoas não estão longe de nós, e o mais horrorizante é que somos elas. Queremos que nos ouçam e nos entendam, mesmo quando somos os primeiros a não fazer o mesmo com quem está ao nosso lado. Aprendemos rápido que para ser alguém na vida precisamos batalhar, quando iremos perceber que só seremos alguém de fato quando estivermos verdadeiramente humanizados?

terça-feira, 20 de abril de 2010

A partida corrói, a solidão constrói.


Ai, as aceitações e decisões que nos cabem! Se deixar algo para trás por escolha é ruim, imagina quando somos forçados a fazê-lo. Não, não imagine, lembre-se. Não sei se todos, mas grande parte das pessoas provavelmente já se sentiu nessa situação. Porém, como expus no texto fragilidade, a ideia de solidão ficou dançando na minha mente. O que ela significa? Uma frase não ousava sair da minha massa cinzenta: a partida corrói e a solidão constrói. Frase, esta, que não li em lugar algum, mas senti. Chico Buarque diz, em sua música entitulada Copo Vazio, a seguinte frase:
"é sempre bom lembrar que um copo vazio está cheio de ar"
E está. O que é a solidão senão nosso corpo composto por nossa consciência e alma? A solidão nasce de uma exclusão, seja esta reflexiva ou não, e pode resultar em um aprofundamento magnífico de cada um em sua própria essência e sentido.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

O que fazemos

As coisas pesam, contudo têm seu valor. O que fazemos e o que queremos nem sempre correspondem, nos prendendo à incerteza perante a tomada de atitude. A balança está quebrada. Enquanto a mente está parada, e o minuto de silêncio de nossa alma é respeitado, continuamos a marchar pela inércia. Nossos passos são de curupira, andamos em frente voltados para trás. Estagnados, na verdade, estamos. Inconsequentemente escrevemos nosso futuro. Este que provém da ação, ou da estagnação, nos mostra, cotidianamente, o que foi escolhido por tantos outros que já passaram. A conclusão que tiramos da inevitável observação vivencial é que a estagnação poucas vezes resulta em felicidade, e a ação muitas vezes traz tragédias. É relativa a atitude que devemos tomar diante de cada caso, ainda assim é mister que pensemos bem antes de obter a decisão final. Só não podemos deixar de consertar a nossa balança, se não, viveremos na angústia eterna da dúvida. Escolher é estar vivo, errar é não ser sobre-humano, corrigir os erros é iluminar a própria essência.

domingo, 18 de abril de 2010

Hoje eu só não quero pensar

Tem dias que não pensar ou morrer é essencial. O que era rotina, aos nossos olhos apressados, nos agrada, o velho nos enjoa, o novo nos ilumina e o simples nos faz sentir mais vivos. Relativo, talvez, novas perspectivas, não sei, mas o medo incontido na alma evapora. A temperatura sobe na euforia do eu desajustado, na tentativa de encontrar novamente quem somos. Sorte de alguém que um dia achou ter encontrado, feliz aquele que realmente encontrou. Alguns pensamentos nos afundam na ilusão, outros nos resgatam da solidão. Solidão da alma, que já não respondia a sua própria criação. Quando a mente não é capaz de sanar a alma, a morte parece ser a única opção, mas quem nunca passou por um momento de escuridão, nunca soube o que é viver.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Fragilidade

Tão bom dormir junto e acordar sozinho. Tão horripilante e ao mesmo tempo gratificante é encarar a realidade do eu. Não jogar a nossa felicidade nas costas de quem amamos é o primeiro passo para amar de verdade alguém. Sê independente, em todos os sentidos, principalmente amorosamente. A solidão não é um estado de tristeza, mas é um sentimento puro, não há traições, decepções, a única coisa que importa somos nós. Por que nos sentimos tão frágeis quando alguém nos deixa? Pensando bem, no que este alguém me acrescentava? Eu sou eu, em nada acrescentou a minha personalidade, logo eu não deveria me sentir tão frágil ao ser largado. Porém, devo confessar que a fragilidade pode vir do fato de não se sentir mais acolhido, amado, amparado, o que é um erro. O que essa pessoa entre milhões de outras tem de tão especial, que qualquer outra no mundo não pode ter? Você conhece todas as outras? Pra que servem os amigos, familiares, o seu eu? Antes de fortificar o relacionamento com alguém, devemos fortificar o relacionamento com nós mesmos. Aos poucos, venho aprendendo isso. E você, já fortaleceu seu amor próprio?