terça-feira, 20 de novembro de 2012

Está tudo bem até algo lhe fazer pensar que não... E todo mundo quer achar um porquê para isso, tem que ter um motivo; consequentemente, uma solução. E quando lhe perguntam o que você tem e a resposta é não saber, tratam de fazer o favor de lhe mandar desemburrar a cara, porque você não pode estar o que está, ou demonstrar como está; não, as aparências dizem tudo. Então, depois de ouvir um discurso desse, que todo mundo já deve ter ouvido na vida, senta-se com as mãos apoiadas ao lado do queixo, e os cotovelos nas coxas, olha para o chão e pensa: esses pés não parecem meus... Levemente, mexe o dedão do pé e, por incrível que pareça, ele ainda pertence àquela existência. Somos tão pouco que por alguns instantes nem somos.

sábado, 17 de novembro de 2012

Tem dias que simplesmente são. Você encontra as palavras perdidas em algum momento, mas depois elas se esparramam pelo chão. Maldita rendição, maldito dizer não justamente quando bate aquela inspiração. E de repente seu texto fica repetido, terminações sofridas, de gosto apelativo. Escrever em vão, dizer nada em algumas linhas, dizer nada em muitas. Mais uma vez, só perda de cinco minutos, mas ganho de mil. Sei lá; vontade de ir embora, não me encaixo em nenhum lugar. Toda essa luta, todo esse caminho, todo o esforço pelo quê? Podemos ser felizes com tão pouco, mas o orgulho fere.

sábado, 10 de novembro de 2012

Quero sair de casa para fazer uma coisa diferente, mas são sempre os mesmo papos, sempre a mesma gente. Desfilando na rua, como seu único dia de glória, as pessoas passam como se fossem fortes. Em um ambiente cheio de música e alegria, só vejo tristeza e melancolia; coisas de guardar debaixo do peito, trancadas a sete chaves do eu, sem cópias, sem nem a original. E eu me pergunto: por que estou sentada aqui vendo o mundo passar? O mundo? A verdade? As pessoas? Ou só o que se quer que se veja. Talvez tudo isso seja só saudade... Então, vem; "pro dia nascer feliz...".

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Para a inspiração

Queria escrever os mais lindos versos destinados a ti, pois és a tradução da poesia diante dos meus olhos; queria que nunca estivesses longe, mas quando te tenho muito perto, sinto escapares a pequenos passos. Todo o meu desapego deveria ser teu, ser nosso, mas o que de ti roubei em essência, nunca devolverei. Tu és alucinação que me faz rir, ilusão de uma vida possivelmente feliz, porém incerta. Tu és o que talvez não devesse ser, por muito tempo a razão do meu escrever, o que nunca de ser deixará. Sentirei eternas saudades entre encontros, sentirei a ti.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O poeta

‎De todos os avisos, o melhor já lhe dei: poeta gosta de ser amigo do rei! Passando despercebido pela monarquia, quer atrair aquela da alta burguesia que esbugalhou-lhe os olhos de encanto; pura inspiração! E quando já cansado daquela que suspira amargamente, que lhe rende versos de amor embrulhados em paixão, simplesmente pega as malas e, sem pedir perdão, parte para outro reino, apenas mais uma criação.

Que seja, porém esteja.
Que zele, mas não estrague.
Que espere, mas não amasse.
Que julgue, porém não pense amar.
Que se foda, cansei dessa merda de rimar.