domingo, 27 de março de 2011

Nova inspiração

Mil pensamentos, nenhuma conclusão, muitas palavras, pouca coerência. Textos se perdem em minha mente com a mesma facilidade que borboletas voam no céu. Em uma noite sem estrelas, sem lua cheia, sem te ver, diga-me o que iluminará meu caminho, quem direcionará as palavras em prosa poética para libertar-me dessa sensação nostálgica de tonteira? Não me sinto o avesso do que fui, ainda possuo os mesmos sonhos, porém, hoje, com diferente inspiração. Ver-te sorrir é como iluminar a alma; clareamento das ideias. Noite escura essa, sem ventania: nem o brilho da sua voz o vento quer trazer para mim. Esperarei. Amanhã quiçá seu olhar traduza versos meus.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Paraquedas

Pulei em um mar de probabilidades do existir, pulei na imensidão dos pensamentos de alguém. Joguei-me e não sei em quê pensar, o medo que antecedeu a queda era tão grande, resolvi simplesmente fechar os olhos e esperar... Quando fui, agarrei um paraquedas, porém, quando se vai já existe a terra, o mar, o ar. Sou um objeto estranho em queda livre na existência de alguém, modificando todo o contexto do espaço, interagindo com o mundo. Mas eu me lancei, não tem volta, só me resta abrir os olhos e aproveitar. Contudo, não sei quando o paraquedas abrir, porém sei que quanto mais vagarosa a queda, maiores são as chances de controlá-la, pois sei exatamente onde quero cair.

terça-feira, 22 de março de 2011

Pedágio

Noite, dia torna-se. Por um pedágio passei. Se todos os pedágios fossem iguais a esse, se todos os pedágios fossem iguais a esse que cruzou meu corredor, gostaria de passar por eles todos os dias. Pedágio que traz a iluminação que o dia não tem. Iluminação que cega, olhar que fascina; guardei para mim. Guardei e de guardar tanto, tranquei a voz. Iluminação que emudece, olhar que fala... Corri e tardei. Até logo!, suspirei. Noites claras, teu sorriso.

domingo, 20 de março de 2011

Distorção

Vi um mundo em que a pobreza não existia, em que a tristeza não fazia alegoria, em que o amor para mim sorria. Vi a fumaça que exalava das rosas nas calçadas, que formava letra de canção feita pra mim no céu, e se desfazia em notas musicais nebulosas. Vi a sinceridade nos olhos das pessoas, e a mentira escorrendo pela pele. Poças se formavam. Vi que não havia vento, mas os prédios se moviam. Alguém passou correndo na minha frente, água respingou, afoguei-me em realidade.

Segundo o Tempo

O Tempo que corre para ver sua ilusão chegar é tão culpado quanto a noite que passa depressa para se esmaecer com o dia, e a Lua seu amor admirar. Esta, com raiva do Tempo, perguntou para ele que direitos ele tem de antagonizar sua existência à do Sol. E o Tempo, percebendo a irritação da Lua, respondeu:

- Por que, Lua, tens raiva de mim? Não entendes que está tudo além da minha vontade? Como podes gostar do Sol? Não percebes que ele te esmaece, que o brilho daquela bola de fogo deixa-te apagada no céu? O mundo foi feito assim, não fui eu quem quis que tu fosses a Lua, por mim tu poderias ser uma estrela que vivesse bem perto do Sol, assim não seria obrigado a me iludir com tua presença. Por um tempo, achei que poderia conhecer-te melhor, mas logo aprendi a te admirar, mesmo que não admitisse que tu nunca poderias ser somente minha. Como posso querer ter alguém que tenho que fazer partir e deixar apagada no céu? Por tempos corri, Lua, para ver-te chegar e vi a noite correndo ainda mais depressa para o teu brilho se perder no ar. Não me entristeço mais, não me iludo mais. Contudo, não fui eu quem te separou do Sol, mas o egoísmo deste de querer ser a maior e mais iluminada estrela da Terra. Talvez tu ames o brilho dele, mas conheces o Sol? Pois, eu digo que por ele o dia poderia durar vinte e quatro horas.

A Lua emudeceu e o Tempo nunca mais correu.

domingo, 13 de março de 2011

Vamos andar

Quero que chova, chovam suas lágrimas feitas de passado, que escorra a tristeza pelos seus olhos, mas que as lágrimas sequem antes de chegarem aos seus pés. Não quero que estas apaguem o que já foi, ao ver seus pés, notará que não são eles que estão sujos, mas o lugar que escolheu para ficar. Respeito a sua tristeza, porém, dê-me a mão, vamos andar, verás que o vento já não sopra com força e a nuvem feita de escuridão é pesada demais para nos seguir. Não lhe peço amor, só tempo. Não lhe peço compaixão, somente amizade.

sábado, 12 de março de 2011

Tempo

Que é o Tempo senão tortura dos que almejam, solidão daqueles que amam, conquistador da Lua, inimigo do Sol. O dia passa, o Tempo corre para ver a Lua chegar, mas em um instante para o Sol a Lua cede lugar. E o Tempo não entende o porquê de ter que assim ser, ele tenta explicar para a Lua porque faz o dia correr. Mas a verdade ouvir não quer, o Tempo sempre achou que a Lua seria sua mulher, embora ela sempre tenha amado uma estrela maior. Em silêncio, a Lua vive sua dor, não pode viver seu amor. Ao saber da notícia, os dias passaram a ser mais claros, iluminados, o Sol estava feliz, ainda não havia percebido que a sua felicidade ofuscaria ainda mais o brilho da Lua, torná-la-ia mais triste. Não percebera que embora se amem, nunca ficar juntos poderiam. E a Lua, ao saber ser correspondida, ficou com raiva do Tempo. Mas, que é o Tempo senão tortura dos que almejam, solidão daqueles que amam?

terça-feira, 8 de março de 2011

P.s.

Teu sorriso ofuscou-me a visão e fez com que as palavras da minha boca se perdessem. E eu, que já nada falo, sei falar menos ainda com você ao meu lado. E a única coisa que me restou, no dia em que te vi, foi retribuir com um humilde sorriso toda a iluminação que a noite trouxe com você ali, ao meu lado.

Nada melhor

Nada melhor do que viver de ter você, do que só resistir ao frio de uma noite estrelada. Nada melhor do que não ter pra quem ligar quando se sente tão sozinho que se cansa de ouvir os próprios pensamentos, quando não se tem com quem dividir um edredom. Nada melhor do que viver na aflição do gostar do outrem, se tudo fosse fácil, a testa estamparia sentimentos e o mundo nunca se mataria em tédio e violência. Ou o amor acabou com o mundo que conhecíamos, ou o mundo nunca conheceu o verdadeiro amor.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Ah... realidade

A perfeição é tão ilusória quanto a ilusão é perfeita. Às vezes é melhor não saber a verdade, apenas continuar com a dúvida. Dúvida essa que não se tinha, porque se limitava a achar que a negação do questionamento era a verdade, ilusão. Boa ilusão, merda de ilusão. Ela termina, ela terminou. A verdade é que nada mudou, o fato exposto não alterou a sequência da vida alheia, apenas fez com que meu cérebro funcionasse de outra maneira, ou não quisesse funcionar mais. Talvez eu me importe da maneira que penso, talvez seja só choque, talvez seja qualquer coisa, talvez não quisesse que minha ilusão fosse real.