sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Doces caminhantes

Pois que cruzaram doces caminhantes a minha fronte, e eu não beber fiz das lágrimas do seio da Terra. Bondade tanta às tempestades sobrevive ou apenas resistente é à paixão calorosa do sol? O vento, que sopra, sombras traz, mas clareia a escuridão local, que, obra da nuvem travessa, cega o tempo. O clima é assim e a vida não diferente pode ser, impossível ter tudo é. Enquanto faz calor, não pode o frio aparecer; enquanto se é rico, pobre não se pode ser. Só a felicidade foge a essa regra. Felicidade da tristeza máscara é, cair pode em instantes ou durar uma vida inteira. Quero poder usar minha máscara novamente, não porque é carnaval, mas porque a minha fronte cruzaram doces caminhantes.

Silêncio

O silêncio; das palavras, escuridão, do pensamento, salvação. Salvam-se tolos e prepotentes por estarem quietos e relevâncias o mundo perde. Quem sou eu senão face exposta na multidão, mais uma em comunhão solidária? Faço-me feliz no silêncio. Escuto, não ouço; não falo, harmonizo no sorriso doce que o diálogo pode trazer. Demoro, não falo, concordo, discordo. Com o tempo quiçá aprenderei a me dividir em duas ou três. Mas isso me assusta. Assusta-me não ser mais apenas uma, expor-me de tal forma que a podridão afloresça. Quero ser mistério, não pintura. Quero ser molde e não moldura. Ser eu e somente em mim perder-me. Talvez relevante um dia será minha fala, mas hoje não espero que essa hora chegue, na verdade, nem quero que isso ocorra, desde que minha escrita fale por mim.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

As borboletas

Duas borboletas na janela estavam a admirar a beleza do jardim; uma amarela, uma marfim. Que inveja! - pensei eu ao me aproximar-, elas haviam se posto a voar. As pequenas borboletas semi-abertas agora eram grandes, o bater de suas asas deixava o colorido no ar. O o jardim agora era um mosaico de cores flutuantes, era várias telas ao mesmo tempo, um mágico deslumbre. Tão belas, tão soltas, tão libertas as borboletas; sem preocupação voam por ali ou por lá, não têm pressa de chegar, pousam de flor em flor, brincam no ar. Ah!... Como eu queria ser uma borboleta, viver apenas da natureza, ir para onde o vento me levar... 

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Espero

Espero chegar o dia para que eu veja que não me enganei ao ver tua foto, ou quando imaginei teu jeito. Espero que essa minha expectativa seja correspondida, pois se assim o for, meu queixo terá que bater ao chão para deixar de cair ao te ver passar. E eu tenho certeza, já me terei encantado. Talvez eu até já esteja encantada, mas ilusoriamente. Conhecer-te seria mágico, seria ver a cena que tanto imaginei. E se esta for exatamente igual às que construo todo dia, talvez eu encontre mais uma vez a felicidade. Eu sei que nem sabes que essa mensagem é destinada a ti, mas tu saberás, se assim for para ser. Eu não sei explicar, sei que algo me diz que tu combinas comigo, que tu podes ser minha alma gêmea. Será? Eu espero que assim seja, eu espero!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Encontrei-lhe

Caminhava pela calçada quando percebi que a vida não poderia jamais ser boa como fora. Tinha lhe avistado. Um sorriso magnético e um olhar brilhoso, nossos olhos haviam se cruzado. Eu não sei bem por qual segundo consegui achar-me. E eu repeti exatamente as mesmas coisas a você. No passado, havíamos concordado e falado, quase que ao mesmo tempo, que a vida continuaria a passar, mas que não viveríamos verdadeiramente se não estivéssemos um ao lado do outro. E eu repeti isso. É quase automático o fato de eu tentar resgatar o passado sempre que lhe vejo. Eu quero você de volta, na verdade, eu quero a mim. Ao passar dos minutos, seus olhos brilhavam cada vez mais. Eu estava feliz, e alguém chegou. Havia lhe encontrado tarde, já não era seu primeiro copo de bebida. Seus olhos não brilhavam pela doce lembrança que ali estava a pescar. Talvez seus olhos nem brilhassem. Talvez não fosse meu primeiro copo também. Talvez nem nos amemos mais. Mas eu senti, eu tenho certeza. Senti que estava ali, senti que vivia, mesmo que por alguns minutos, mais uma vez.

Bloqueio

Um                      b    l    o    q    u    e    i    o
É                         c    r    i    a    d    o.
A                         e    s    c    u    r   i    d    ã    o
Faz                      f    u    m    a    ç    a,
Uma                    m    e    n    t    e      
Se                       a    p    a    g    a.
Tudo,                                             !    
As                       l    e    t    r    a    s
Estão                   d          i           s         p        e          r         s           a             s
No                       v    a    z    i    o
Que                     a    l    i    m    e    n    t    a
A                         a    l    m    a.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Fome

Como a vida ser curta e ter-se tanta paciência? Eu tenho fome, eu tenho pressa. Eu quero tudo e talvez não consiga nada, mas tudo me indica o contrário: quem tudo quer pode tudo conseguir. E eu to conseguindo. Esbarro pelas paredes brancas, algumas mancho de sangue, mas são marcas que a chuva apaga. A chuva lava, carrega, mas aprofunda os buracos. Buracos esses que não se empossam mais, apenas nos fazem tropeçar de vez em quando. Eu levanto. Levanto todo dia para andar em círculos e cair no mesmo buraco. É a rotina de mim, esta que me esquecer fazer tento, aumentando a fome a cada dia. Fome do inesperado, fome de insatisfação, fome de perfeição. Fome de vida que vale a pena ser vivida!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Lira

Uma pena ter sido eu cortada de sua vida. Quanto amor se dilacerou é horrível pensar, quanta vaidade cresceu, eu nem quero imaginar. Pra sermos um fomos feitos, mas você, você quer ser três, mil. Hoje, não me importo, quero ser um, quero ser só, quero ser alma vagante pelo deserto cheio d'água. Quero nada, mas quero tudo. Tudo que eu posso sem sair do lugar, tudo que meus dedos dançantes ainda podem oferecer. Espetáculo, cenário, imagem, vida. Quero outra vida. Só o que não posso ter é você. E daí? Se hoje eu tenho mais que a mim, agradeço a você. Não choro mais, mas não vivo. Imaginação é o meu mundo, perdição a minha lira. Eu me perdi em você, acho-me nunca mais.