quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Apelo à inspiração

Em um mundo diferente, adentre-se, mas saiba bem-vinda ser. De velhas estruturas, cansou-se o futuro, e mandou, este, o passado reerguer o presente. De simplicidade jocosa, teu sorriso misterioso traz a iluminação que o passado conheceu, com a qual o futuro sonha; riqueza minha, mar de inspiração. Prometi esconder-te em meu peito ao te ver partir, sabia o que perderia, o que jamais seria, o que sempre foi. Afoguei-me no pranto que desmanchava teu sorriso, o mar secou. Desnorteada pela tua distância, pela presença errante de uma saudade sem palavras, avistei-te. Sua imagem ganhou cor: miragem!, pensei. Tarde era demais, a iluminação do teu sorriso demarcava o caminho na escuridão; entre minhas passadas, como chafarizes, a água jorrada das fontes era, o mar ganhava vida. Minha inspiração, não naufragar deixe a mim, umedeça todos os dias o meu mar, sorria sem nunca ter fim!   

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Até agora

Somos feixes de luz que atravessam os meios, o mundo. Tão diverso, constrastante, o final é sempre o mesmo, contudo. É a vida. Percorremos vias estreitas e distintas, mas os rumos não modificam o fim; tão só e inevitável, este é o momento em que a lâmpada queima e os caminhos lentamente se apagam, escuridão, tornam-se um. Piscam algumas luzes no caminho em que percorro, não sei se vejo matéria ou espírito.Sou apenas alguém, mais um alguém, sou ninguém; perdi-me na promessa do além.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Desejo do não ser

Peço perdão para os que ficam e licença para os que já lá estão. Impiedoso desejo do não ser, desencanta-te de mim, jorra-te por águas ligeiras. E quem sou, para não querer-te? O que és, para de mim enlear-te? Se te chamo é porque de vaidade corrôo-me, mas desta ainda apeteço. Em face do medo que espanta meus olhos, se a liberdade almejo, de ti recordo. Facetas insanas da diversa realidade, um eu. Do que adianta ter-te, se contigo o nada reina? Mas qual a compensação de rejeitar-te, se de ti tudo corre? Não sei o que é esperado que se leia nessa tela, mas agora sentirão o que um dia senti, do que desisti, mas no que vivo a insistir: constante aproximação da morte, eterna ausência do viver. 

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Dois dias

Quem não sabe do que foge, nunca soube o que tem. Tenho fome de mim, mas fujo, e o que resta é apenas contorno, algo morno para alguém, morte. Quem é aquela que no espelho vejo sorrindo, se chora minh'alma? Quem é aquela a quem conhecem, se desconheço? Meu coração pulsa forte e o céu ainda claro está, ouvidos presos aos ruídos, mente em outro patamar. Por onde andas, ainda vive? - perguntou meu eu ao pensar. Vi o nada, escuridão, o pensar só fez meu eu ignorar.

domingo, 25 de setembro de 2011

Indecisão

Vou começar a escrever um texto;  vou não. Melhor pensar: em quê? Melhor não. Do tempo que corre, resta indecisão, dança de pensamentos, tudo, nada, não. Quem sou eu nesse dia, serei a mesma de amanhã seja qual for a decisão? Sim; não! Quem devo ser agora, para amanhã ser quem quererei? E se amanhã for, será que de ideia até lá já não mudado terei? Instantes criam tempestades ou fazem o sol brilhar. Talvez eu seja extremos que tentam se equilibrar. Se não há exatidão, não pode haver indecisão, tudo é sempre novo, viva a criação.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Encantamento

O encantamento é como as folhas, com o tempo seca, mesmo que não na mesma temporalidade. Ele é a predisposição da paixão, que se instala em um precipício, de onde se decide pular, sofrer, amar, ou não. Quando ele nasce, cresce envolto de esperança, como as folhas de vitalidade, e só o tempo é capaz de secá-lo. Algumas folhas secam mais rápido que outras, tudo depende de como são regadas. Todas as vezes que vejo o encantamento nascer, pergunto-me se devo deixar as folhas morrerem, mas acabo regando-as com a água do meu calor; quem seca sou eu.

domingo, 11 de setembro de 2011

Eu não sei

Confesso que não sei o quê pensar, tenho o mundo para falar, mas em minha receptividade nada se concentra. As prosas poéticas cederam espaço para a solidão; sons diversos invadem minha mente, dispersam o pensamento, tudo quer evitar a criação. Vejo-me escrevendo um grande vazio, pensamentos delineados em vão, linhas de desespero entrelaçadas a minha composição. Rimas pobres, mas tão pobres, que tenho vergonha da minha imaginação. Desespero pelo novo, pelo inexistente, desespero por tentar encontrar o que vive escondido na gente e ninguém sente, ou mente... Confesso que não sei, mas que sempre tentarei escrever, embora saiba que nunca, na verdade, saberei.

domingo, 4 de setembro de 2011

Que seja

Abri o olho e era um dia ensolarado, todas as possibilidades havia de existirem momentos felizes, mas foram tristes. Em algum momento eu certamente sorri ou ri, mas isso não demanda algum tipo de felicidade, é só uma distração que nos faz esquecer o absinto. O que um acesso de raiva pode fazer é realmente drástico, ter a chance de acabar com tudo e não ter coragem de magoar os que nos amam é muita generosidade, mas de certa forma é egoísmo destes, quando, enquanto existimos, somos obrigados a ver o esfacelo que a nossa existência causa, não só à vida dos mesmos, mas a nossa também. Um brinde a esse texto de merda e à vida que não vale a pena ser vivida, afinal, o fim é sempre igual.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Árvores do caminhar

O que guardava para falar não cabe mais em minha mente, muito menos aqui, mas como a história pode ser modificada, pois parte do pensamento que nem sempre está solidificado, venho trazer alegria ao invés de tristeza: Caminho em um deserto que, apesar de grande, não suporta o vazio da morte, e nessa caminhada frustrante de quentura e solidão, quando as solas do pé já quase em carne viva estão e as pernas dormentes, decido olhar para frente. Avisto uma árvore de formosa sombra e embaixo desta encontro conforto e uma sensação de segurança indescritível, agora sim posso descansar, o sol não me queimará mais. Mesmo que eu tenha que continuar caminhando para encontrar um jeito de sair dessa situação, não estarei tão cansada, tão tristonha, pois em algum momento eu vi que é possível ainda até sonhar. Eu sei quem planta as árvores que aparecem no meu caminho.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Tanto faz

Não sei dizer o que é olhar para o dia e nada ver, mas talvez seja melhor do que ver tristeza: um dia ensolarado parece apenas esquentar, não embeleza nada. Às vezes, somos apenas indiferentes e isso talvez seja não enxergar. Porém ver risos, sorrisos, alegria no ar é tão irritante, que dá vontade de todo mundo do meu mundo expulsar. Este é calmo, tranquilo, mas consigo escutar o alheio, que vive ao meu lado, bem agitado. Eu não sei, o dia parecia bom no começo, mas ouvir palavras de uma das pessoas que mais amo faz-me chorar, escrever isso me faz lágrimas derramar, é tudo terminado em ar, tudo confuso, o texto tá uma merda, mas se hoje é o dia de chorar, que choremos por tudo. Tanto faz.

domingo, 14 de agosto de 2011

Rotina e escrita

São sete horas da noite de um domingo, e o que vem em mente, rotina amanhã que consumirá a gente. Não sei por que quando penso em escrever, o que não estava fazendo no momento, mas deveria, as horas param. Como explicar que um sonho parece distante e perto, que o sentido da vida ainda está em aberto? Eu não sei muito bem ainda porque a rotina se vive, mas a experiência faz parte da escrita, porque nos faz sentir coisas novas a todo momento. Então, submeto-me à rotina para enriquecer minha escrita e eternizar-me. Do que adianta ficarmos ricos, se a riqueza fica e somos um dia esquecidos? Grandes escritores jamais morrerão, serão sempre lembrados, são textos de enterro e nascimento, são reciclagem vivencial, porém, em algum tempo desse momento, foram apenas seres que sentiram a rotina de uma vida supostamente normal.

sábado, 13 de agosto de 2011

Apenas um percurso

Sento no ônibus, o que resta é pensamento. Será que se pensa o que penso, ou só se observa o movimento? O ônibus passa devagar, grande Beira-mar, mas as faces, na realidade estampadas, não ficam mais fáceis de se interpretar. O ônibus agora se apressa, ouço conversa, riso, um grito. Quem chamou a velocidade? Um homem puxou a cordinha e o ônibus vagarosamente deu a sua paradinha. Um celular toca, mas eu volto ao pensamento: eu gosto de conversar com você, mesmo que pouco, porque acabo tendo ideias. Queria dizer mais do que palavras podem, queria que sentisse minha admiração e me dissesse como falar para a mente, teimosa e sorridente, a quem admirar. Talvez a admiração seja mais forte que a razão, talvez não, mas está nos olhos de quem se vê, nos pensamentos transpassados, na ação. Somos feitos de gostar de pessoas, de relações de todos os tipos, e dentre as melhores destas, ela sempre está presente. É bom admirar-lhe, contudo perigoso é quando a mente ilude o coração, pintando os limites da razão. Cheguei ao meu destino, abertas as portas estão, só há duas alternativas: partir ou esperar até que você apareça nessa estação. O tempo passa, os passageiros mudam, porém o coração nunca deixa de ser embarcação.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Enoja-me

Enoja-me ler certas coisas. Coisa complicada é essa que chamamos de relacionamento. Pode ser de qualquer tipo, qualquer gênero, nunca é tão simples quanto parece. Sempre há reclamações, todos têm reclamações, o problema é que elas são sempre as mesmas, e se todo mundo sofre com a mesma coisa, todo mundo comete o mesmo erro, logo, por que reclamar se faz o mesmo? Por que questionar a atitude alheia antes de questionar a própria? É sempre a mesma questão, queremos a mudança sem mudarmos, queremos o valor sem ter que darmos, queremos tudo, mas ceder, que é bom, nada, e é isto o que resta da multidão. A solidão nunca deixou a desejar. Ó, doce hipocrisia, que nos faz vítimas, embora atuantes deste mesmo sofrer. A verdade é que essa corrente hipócrita nunca irá se desfazer: enoja-me ler certas coisas. Vou ver tevê.

domingo, 7 de agosto de 2011

Há negativo e positivo

Tem dias em que o futuro parece mais incerto, como se seguisse um caminho que em nenhum momento é reto, feito de curvas, como sintonia de canção, sem nunca poder ver onde a origem e o fim encontrar-se-ão. Tem dias em que a vida parece não ter perspectivas, dúvidas ativas pairam sob o piscar, o fechar dos olhos veem o que não queriam enxergar, o fim sem iluminação, imagem boa, ação; apenas mar de ilusão. E entre os barcos em que se navega, uns são abatidos no caminho, outros suportam a ventania e a tempestade cruel da noite. Estes talvez fossem mais pesados, talvez tivessem mais gente, dificilmente se suporta as tempestades da vida sozinho, não que seja impossível, mas, certamente, é bem menos suportável e vivente.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Deixa que o tempo cura

Demorei para entender o que os livros dizem, demorei para imaginar que você já não mais existe. Eu não sei bem o que deu em mim desde a primeira vez que lhe vi, mas tira-lhe o mérito é muita injustiça, por isso digo que me apaixonei e simplesmente perdi. Incrível é que não sofro sozinha, e, se olhar para o lado, seus ombros estão ocupados do choro de alguém próximo, mas a história do alguém, de um amigo, outrem, não é tão melancólica quanto a sua, não é tão triste, tão dilaceradora. E o que tem demais? Ele simplesmente perdeu alguém, pensamos; mas pensar não é pior, temos a audácia de dizer: não fica assim, passa, com o tempo passa. Falamos com toda a certeza do mundo que o tempo vai lavar tudo que sentimos hoje, que estaremos inteiros novamente como se em um passe de mágica, só que ninguém nos ensinou a abrir mão do sentimento, da felicidade que antes sentíamos, e que agora desejávamos nunca ter conhecido. Mas o que eu demorei para perceber, é que quem eu amo é mais uma ilusão minha do que a própria pessoa, é idealização da alma ideal, da alma gêmea... Ando mesmo me afastando de você, e vivo nesse ciclo viciante de mudança de opinião, ou você é a razão da minha vida, ou o lixo que ninguém recolhe do chão.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O tempo dos leões selvagens

O tempo que corre certamente não é o que se conhece. Como sombra de automóvel que acelera em um dia ensolarado e sem tráfego, o tempo passa despercebido por nossas rotinas cheias de leões selvagens escondidos. É invejável a disposição do tempo. Este é um mutante que conhece a rotina, mas desconhece o marasmo. Os leões escondem-se, mas o tempo nunca se cobriu com o manto da serenidade. O tempo nunca teve pressa, mas nunca se atrasou; ele é intolerante aos que nunca tiraram seus leõs das jaulas e fizeram zombaria da calmaria. O tempo é previsível a curto prazo, e os leões vivem muito bem escondidos; porém, a longo prazo, o tempo se torna imponderável, e serão nessas horas que apreciaremos a selvajaria daqueles que por muito se calaram.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A dor do sentir

Se transpareço um sorriso, a tristeza ainda existe, mas se dizem que dela carrego-me e envaideço, ela agora se permite. Assim como o louco, que só vive sua doença quando a realidade lhe é imposta, só vivo minha tristeza quando alguém bate à porta e grita-lhe como quem procura não achar resposta. Quem dera ser ilusão, algo que chamo do além, quem dera ser criação, grandes nuvens dentro de um armazém. Não julgo a tristeza, ela não é ruim; felicidade não é ausência de tristeza, mas fantasia desta, que sempre foi parte de mim. Se sorrio, é porque sou triste, se choro, é porque em alguns momentos fui feliz e se escrevo, bom, se escrevo, é porque vivo bem assim.

domingo, 24 de julho de 2011

É tão engraçado

Sabe, é tão engraçado: o tempo passa, você pode contar os segundos, pode estar parada ou fazendo alguma coisa, mas o tempo passa, e tudo é muito rápido. Minha memória está perdida em algum tempo atrás, pisco os olhos, penso em outra coisa, o presente não me agrada, as dúvidas surgem, nunca sei o que é demais, o que é de menos, o que é esperado, o que é real e o que faz parte apenas da minha imaginação. Talvez eu esteja nessa viagem sozinha, talvez eu queira estar, mas assim provavelmente não quereria se a viagem não fosse apenas pelo mundo da fantasia. Eu queria ter certeza, mas a dúvida é bem mais esperançosa. Sabe, é tão engraçado: eu nunca vou saber o que quero saber, nem tenho coragem de perguntar, mesmo que essa dúvida perturbe minha mente complexada todos os dias. E o tempo simplesmente passa.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Até logo!

Ondas de calor invadem meu corpo, rios de água quente e fria escorrem por entre olhos, boca, nariz... Estás ao meu lado, e ao mesmo tempo que sinto tua partida, tudo parece tão igual, um dia como tantos outros... Não choro a distância, mas sorrio a tua presença neste momento e no futuro não tão distante, pois sabemos que retornarás, temos tanta certeza, que mesmo que esse não seja o plano agora, acontecerá de tantos pensamentos semelhantes para que isso ocorra. Não é justo chegar e tão cedo partir. Ainda é dia e turvo é o adeus. Até logo!

terça-feira, 19 de julho de 2011

Memória desdobrada

Em alguma tarde perdida de julho, por entre a poeira do meu ámario, encontrei um sorriso amarelado pela saudade e um brilho que cega quem encara teu olhar diretamente. No desdobrar da memória, esse sorriso ainda me encanta; no desgaste das lembranças, a admiração que ainda sinto ao ler estes versos me espanta:

"Sento-me aqui a te esperar. Ver-te é a iluminação de uma noite sem luar... Rosas se abrem, passarinhos emudecem, girassóis se viram para ver-te passar. Não é poesia, é só um momento; o momento de eu te admirar."

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Saudade

Saudade é futuro e passado, nunca foi presente. É ausência de alguém, de um bem, de algo que transformou a gente. Com a semente da amizade não é justo o chegar e partir rapidamente, queria brotar, ser árvore, crescer exponencialmente, e no balanço do vento que sopra de lá, sentir teu abraço em suas folhas. Contudo, não é mais tua presença que a regará, mas a saudade que espremerá minhas lembranças e delas sairão choro e riso. Chorarei tua ausência e rirei tua presença passada. Foi incrivelmente bom te conhecer.

"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Arte abstrata

Pensa comigo que eu pensei contigo que arte abstrata também por palavras se faz. Mas o colorido não vem do pincel que esmaga a tinta e reproduz cheiros fenomenais: lembranças que inspiramos colorem a mente que recepta as formas que o grafite traz. Pequenas, grandes, rimosas, são apenas palavras que se distraem, e seguindo caminhos distintos encontram-se em lágrimas, sorrisos, pensamentos que do coração extraem. E já sem ar, com o lápis na mão, o escritor não quer mais fazer adoração, quer ele se esgotar no mar da imaginação, afogando-se entre letras; letras que, um dia, eternizá-lo-ão.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Adeus

Eu sempre acreditei no amor, o problema é que sempre acreditei no amor que eu conheço; porcaria subjetiva. Meu amor por você é tão intenso que não são marcas que habitam meu coração, mas buracos, estes tão profundos, que nem sempre o sangue circula bem pelo meu corpo; falta ar. Não sei bem onde mais há buracos, acho que em minha mente, pensar direito não consigo quando é sua imagem que vem a minha cabeça. Eu te amo tanto que poderia começar tudo de novo, te amo tanto que à noite, ao teu lado, o sol nasce para demonstrar a tua iluminação em minha suposta vida, te amo tanto que sem você não existe vida, eu me acostumei com alguma coisa, dei razão de existência a minha tristeza, e a única atividade é escrever minha própria solidão. Porque mesmo com todos os corações do mundo eu estaria só: nunca mais recuperarei o seu. E eu sempre acreditei no amor; porcaria subjetiva. Enfim, adeus.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Quadro

Olhei para frente e era só grama e árvore, avistei o que deveria ser um quadro. Vida cheia de possibilidade, não havia vento, sequer algum sinal de vitalidade, apenas fungos que apodreciam a casca da ansiedade: foi aí que percebi que o tempo passava. Com tantas rimas pobres, vi o que ele não viu: estava sentado a minha frente e apenas sorriu. Olhava para o chão de um modo desajustado, sombra apenas via, rosto penumbrento. Esqueceu-se da beleza do sol ou do brilho da lua, esqueceu-se que ama as coisas simples da vida, esqueceu o que estas são, confundiu com rotina toda a emoção, toda a musicalidade, toda a novidade da noite que amanhece e do dia que entardece. Contudo, em seu sorriso vi uma confissão: acredita ainda no amor, na beleza do coração, por isso sorri, mesmo que viva solidão. Olhei para frente, avistei o que deveria ser um quadro; jogaram solvente, vida chorou.

domingo, 19 de junho de 2011

Reflexos

Passando pela rua deserta da madrugada incerta que cisma em cair, vejo que a lua acompanha meu caminhar; quanto mais lestas são minhas passadas, mais rápido a sinto chegar. Está tão perto, de uma pulcritude incomum, que passo sobre a desconfiança dissertar para decerto a lua apagar-se. Continuo andando, não é só mais o som do mar que ouço, há barulhos desavindos: passadas sincronizadas?, questiono-me. As poças no chão permitem-me ver o fulgor da lua, e se vejo essa beleza, deverei agradecer aos revérberos que aquelas me proporcionam, os pensamentos correm soltos. Agora os barulhos estão ficando tão próximos, que me ponho a correr. Passam um, dois, três, quatro, dez metros; ouço apenas o som do mar, gritam meu nome. Olho para trás e a surpresa alcança-me. Os reflexos que vejo não são da lua, mas do sorriso que alguém traz para mim. Sorrio e fim.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Bonde

Caminhando pela rua estou quando passa por mim o bonde.  Como instinto, sem ouvir seu apito, subo rumo ao horizonte. Pulo em uma ideia, a mente é filosofia e pensamento, evolução das palavras sem comprometimento. E o bonde passa. Vou de encontro à ventania, apertados olhos veem noite e dia, lugares descrentes, ideias eloquentes, paixões aborrecidas, mulheres esquecidas, ruas diferentes, ambientes complacentes, flores escolhidas, palavras encolhidas... O caminho vai ficando diferente, no tumulto há muita gente: o que a multidão faz ali em frente? O bonde foi parando, e dele dei um salto, as ideias correram feito formigas para o asfalto. Caminhando pela rua estou quando passa por mim um carro...

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Alma

Ela foi. E mesmo que se ame intensamente, mesmo que seja eternamente, ela simplesmente foi. Dedos frios cobrindo palavras por escritas estarem sobre o papel. Não tem volta, tudo que se tem é grafite, limite para o que se vê, solidão do corpo: ela se foi. Disse o corpo que precisaria ficar, que sorriso iria se espalhar, que palavras iriam ser proclamadas se ele simplesmente fosse junto com ela? A quem iriam ver? Mesmo que vazio, o corpo sabia que devia permanecer. Por que ela desistiu, o corpo não entendia, tinha possiblidades, uma vida. Não deixou nada escrito, carta ou poema, apenas disse adeus com uma lágrima que do corpo escorreu. Ela se foi, o corpo gelou, a alma viveu.

domingo, 12 de junho de 2011

Foco

Tenho muito o que fazer, tenho nada a fazer. Falta-me foco, é o que dizem. Foco? De uma vida minha o que falta sou eu, não foco; de duas palavras suas falta o você para mim, não o te adoro; de três suspiros falta um sorriso, não uma lágrima; de todos os cheiros falta o da chuva em terra molhada, não os perfumes que escondem a essência da vida. Talvez falte-me o viver que quero, o almejar que eu espero, não falta foco para o que expecto de mim, só para a vida mecanizada que mata a alma e sem perceber não ouvimos mais pássaros que cantam nem percebemos que as árvores também sentem frio. Falta-me foco para o que não sou, para o que nunca serei; falta-me tempo para foco, para pôr fim a uma alma errante e entrar no paraíso do viver em prol de constante novo propósito.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Pela manhã

Sem espaço pelo rumo e no tempo desajeitado, contrastado com as ações, o desejo do teu beijo não sai da cabeça. Estás sempre tão perto, mas tão longe, que te ver é quase o suficiente. Mentira! Ver-te é como anestesiar-me da realidade: quando estás triste, meu dia é nebuloso, porque não gosto de te ver assim; quando sorris, quando estás feliz, posso sentir que o mundo ainda tem chance. E, ah, quando eu te beijo... Quando te beijo sinto que nada falta, quando te abraço sinto-me tão confortável, tão completa, que nunca mais largaria. Meu termo é meio exagerado mesmo, mas assim protejo-me... Acordei e tu não estavas mais aqui, a ideia de um chocolate quente naquela manhã causava-me repulsão. Fui até a varanda e sentei-me para distrair a mente da cena vazia, mas eis que tu não havia saído há muito tempo: avistei a ti em passos rápidos e curtos saindo do apartamento em direção à tua casa. Um furacão passou em minha mente: vou atrás ou fico aqui? Por que sair assim? No que tu pensas? ... Mesmo sem escolhas, decidi não ir atrás de ti. Na verdade, esperava que a lágrima que escorria em minha face escorresse também na tua, mas tu não caminhavas em minha direção. Triste manhã de uma noite feliz ou noite feliz de uma triste manhã. Aproveitei o momento, mas esperava que ele nunca acabasse, ou se repercurtisse no tempo. Eu sei o que temes.

domingo, 5 de junho de 2011

Falta

Falta-me observação, paciência do tempo, da existência, da experimentação. Falta-me uma nova ilusão, contraste, felicidade, realidade, tristeza, divagação. Falta-me qualquer coisa, qualquer simplicidade, praticidade, qualquer não complicação. Falta-me querer existir, querer resistir, perfeição. Falta-me orgulho, um pouco de determinação. Falta imaginação, falta eu, falta nada mais não.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Ode à ilusão

Sem poder nada fazer, avistei uma cadeira, sentei-me, tive uma ideia: 'Não, não foi esse alguém que lhe roubou de mim, mas a ilusão que decidiu escapar-me...'
- Chega! - a mente exclamou bravamente - Pegue seus óculos e vamos mudar esse discurso.
Com descrença, peguei meus amigos imaginários, os óculos não possuíam lentes de grau, e encostei a lapiseira ao papel:

Oh!, doce ilusão, obrigada pelo presente que constante concedes-me.
És luz para minha escrita aveludada, cheias de paixões extravasadas.
Se sinto o teu cheiro, teu perfurme é esperança.
Iludir-me é como viver uma felicidade em mim;
não há compartilhamento; é segredo que conforta e faz sorrir
Teu fim, ilusão, é sempre triste, mas teu início é tão compensador:
as pessoas geralmente se iludem mais de uma vez por amor.
Oh!, vil ilusão, nunca me deixe sem teu encanto,
vague sempre ao meu lado para contigo compartilhar meu pranto.


Folhas

Estava a nada fazer e pus-me a debruçar no parapeito. Não havia por perto ninguém, podendo circular livremente a brisa, que me gelava gradativamente. Ansiosamente em devaneio, olhei para a árvore que vivia perante a mim, e as folhas balançavam. Não eram totalmente verdes ou novas, eram velhas e cheias de histórias, que eu gostaria de contar... Se até as folhas sofrem com as pragas, remexendo-se esburacadas, sem caber-lhes um pedaço; quem sou para reclamar dor, da qual me satisfaço? Tudo que vive está suscetível a perder o encanto, a diferenciar-se pelo pranto, envelhecer: o que foi bonito nunca volta a ser.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Oi

A primeira conversa que ultrapassa o simples "oi" gera sensações. Engraçado é perceber como agimos durante e após a conversa, como as tais sensações nos guiam. Se ao prolongar uma conversa, sentimo-nos nervosos, talvez seja porque previamente achávamos que ela seria interessante. Mas até que ponto conseguimos saber se o nível de interesse de alguém pela conversa é semelhate ao nosso? Algumas pessoas são apenas simpáticas, mas acredito que sinais existam, que detalhes sejam essenciais neste tipo de observação. O grande problema é que a observação, nesses casos, pende para o lado subjetivo, para o que queremos enxergar. Então, esclareça-me: eu vi tudo que deveria ter visto ou vi demais? Será que a resposta da pergunta que me faço no momento está a meu favor? Será que falei o que não devia? Relembrando, parece que me enrolei com as palavras. Eu não sei, eu senti um nervosismo ao falar com você, daqueles que só sentimos quando nem sabemos que é esperado algo a mais: somos pegos de surpresa, como se esse nervosismo conhecesse o destino, e surgisse do além de nós.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Onze minutos

Tenho sete minutos para escrever um texto, agora seis, e em minha loucura sempre acabo falando do que na realidade não posso ter. Está tão perto, e tão longe; abraços são como presentes e adeus. A confusão é grande diante da vida, mas nunca confundo minhas inspirações. Se hoje escrevo coisas bonitas, são para você, mesmo que seja em segredo e aqui não esteja. Se desenho, surge seu nome, este tão diferente, deve ser por isso que não sai da minha cabeça. Não, não é pelo sorriso mais bonito ou pelo olhar mais penetrante que imagino diariamente seu semblante, mas porque seu nome é destoante do restante. Acabou meu tempo, mas abuso dos minutos, porque se ao ler, você estiver mais perto por um segundo, terá valido minha emoção, terá valido mais esse pensamento transcrito por paixão .

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Rosa

A vida é engraçada: enquanto alguns adoram a felicidade, ah...!, eu adoro a tristeza. Não tem outra explicação: quando lhe conheci era tudo tão fácil, porque era arbitrário e devaneio, simples era me convencer do contrário, de que o bom era ruim, de que você não era nada além do que projeção de perfeição da imaginação. Mas, veja só, os dias passaram, e eu lhe conheci melhor, não que você não seja ainda parte mistério, contudo, sei mais do que sabia antes... Porém, não é o fato de eu saber mais de você que me faz querer-lhe sempre mais; não!, é porque ao seu lado parece não haver vazio ou tristeza, eu aprendo a viver novamente por alguns instantes, e no seu sorriso vejo um mundo de possibilidades. Por ser parte mistério, não entendo porque ainda aceito estar com você, é mais forte que eu, não há como rejeitar, pois do seu lado não sairia se fosse possível. Contudo, sei o que me espera depois, e não é bom, mas é humano, não é bom, é dor. A rosa tem curta vida, e nem por isso tem medo de nascer e transformar sua semente em poesia para nossos olhos, em poesia para qualquer amor, basta que saibam como regá-la e ter quem isto queira fazer sem medo de se machucar em seus espinhos. Ah, eu devo é ter me apaixonado por você...

Sempre você

Se a distância é minha aliada e de você me salvou, por que seu sorriso ainda me faz naufragar? Qual o segredo do seu olhar, tão brilhante, que enlouquece quem por você ousa passar? Não sei o que dá em mim ou que paixão é essa, que emoção me atormenta, em que hora ela desperta. Só sei que minha paixão não é só uma rosa, daquela que se alimenta, mas um dia morre. Não! Ela é um buquê de flores, é reinvenção. Contudo, talvez, seja só uma rosa esquecida, desmemoriada, que se encanta todo dia pela sua presença iluminada.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Cubro-me

Trabalho no ardor da saudade que diversas tive, da dor que se esconde debaixo da coberta antes de dormir. Se na noite desnudo-me, cubro-me para que não vejam o que a boca sorridente chora ou quantas vezes minh'alma sorri. Quando de manhã afasto-me do leito, tenho receio: será que descobrirão meu segredo? Minha loucura acharão entranhada em algodão que esquenta? Visto-me, porém não escondo dor, esta deixei na cama, pois é quando, à noite, ponho minha cabeça no travesseiro, e tenho tempo para pensar no que eu estou fazendo, que vejo o quanto meu coração está apertado ou minha mente conturbada. Sempre que acordo, enxergo manhãs cheias de possibilidades, mas assim que a alma lembra que deve voltar para o meu corpo, o dia se resume à solidão. 

sábado, 21 de maio de 2011

Conhecer-te

Uma mente confusa possui tantas palavras que caminhos se desencontram. Palavras em multidão, que nadam contra a correnteza feita de contato, e tenta sobreviver a coesão entre mente, alma e ilusão. Inspirações chegam para ligar os antigos caminhos e palavras guiarem. E inspiração nova hoje surgiu: estímulo. Assim, peço que me diga o quão minha escrita é falha e abomina a literatura, que meu sonho é quase irreal e que pisar em chão firme eu deveria. Contudo, previamente, diga-me se o que penso é correto, se teu nome é o pouco suficiente que devo saber de ti, se meus olhos ao lerem teu olhar estão enganados.  Poderia descrever tua beleza exterior, mas ela não é tão humilde quanto o que escrevo; e não condigo teu sorriso ou teu bruto jeito doce porque não quero me encantar pelo que vejo apenas, mas também pelo que ouço. Palavras confusas, olhares misteriosos, destino incerto e uma verdade. Conhecer-te melhor seria um sorriso a mais, seria brisa quente que jorra em meio à ventania congelante.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Personagem

Parece que tudo depende dos nossos sentidos: de que cor você vê o mundo? Que cheiro do passado você já sentiu hoje? Pois o mundo que vejo anda desbotado, estão esmaecendo as cores alegres e frias, virei expectadora de outro eu, e cheiro não mais se sente. Desconheço-me. Não já faço parte disso que se chama de realidade. Estou sentada em uma sala, a televisão corroendo a imaginação: expecto. Mas a televisão possuía cor: sou personagem de mim? Talvez não viva, enceno; não escolha, aceito; penso? Traduzo consciência alheia.

domingo, 8 de maio de 2011

Escolhas

Caminhando por uma estrada de terra, às vezes, vejo-me em dúvida: a poeira, que se levanta ao longo das passadas minhas, forma uma outra via. Como se o vento me guiasse e o destino soprasse minha alma para outra direção, obrigo-me a dar passos tortos. De certa forma, antes eu sabia para onde estava indo, o antigo caminho era iluminado; mas o novo, o novo ainda tinha que ser descoberto, muita seara ainda havia de ser ceifada para que se pudesse enxergar o fim. Escolher é sempre difícil. O medo da mudança é ancião. Só resta saber se é preferível a segurança ou a satisfação.

domingo, 1 de maio de 2011

Zumbido

Zumbe, zumbiu, zumbido, zoom das palavras, pensamentos e falas misturando-se em lavras cerebrais. O som da realidade é irritante e diversificado, mas o som do sonho é doce, aveludado. Ouve-se uma quebra do silêncio, voz confortante que jorra, achei sonho, encarei realidade: silêncio de repente; solidão, mais nada.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Desencanto

Direi que a iluminação da lua é mais bonita que a do teu sorriso, e que teu olhar já não brilha como águas claras que refletem o sol. Direi que não mais gosto de te ver passar, que os pássaros já não cantam ao te admirar, e que dias chuvosos ficam incrivelmente tediosos quando tu ao meu lado estás. Direi que nunca imaginei o amor crescendo, ou sonhei com o dia em que ao teu lado amanheceria. Direi que não gosto do teu beijo, do teu jeito, que tudo em ti para mim é desencanto. Escreverei um poema e convencer-me-ei de tudo que agora te juro que direi, mas espero que ele seja mudo, sem rimas, sem gritos ou sussurros, que não me lembre a harmonia que tua presença traz. Por fim, fingirei que acredito, poetisa e iludida, no que escrevo.

Destino

Sempre acreditei em destino. Mas este sempre foi submetido à relatividade das interpretações, e, consequentemente, à tomada de decisões que cada um faz para si, sem deixar de lado as intuições. Realmente acreditei que minha intuição estava correta, talvez ainda acredite, querendo não mais. São tantas ideias, tantos diálogos mentais e silêncio. É só o medo da desilusão que alimenta a ilusão que atormenta...

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Por que ainda estou aqui?

A existência é algo escroto mesmo, principalmente no que se diz respeito ao desejo, à paixão, acho que a qualquer coisa. A gente vive para sobreviver, pagar as contas, estabelecer relacionamentos, morrer. Então, por que não pular todas as etapas? Então, por que nascer? Proponho uma reflexão tão mais ridícula que minha própria existência: imagine o mundo sem vida. Depois, diga-me qual o propósito da vida na Terra se só desiquilibramos a natureza. O que seria de nós se não tivéssemos sido criados, ou seja lá no que você acredita? Seríamos o nada! E o nada é a última coisa que nos pertence. Agora, eu me pergunto, para que eu existo? Quebramos a cara várias vezes, surpreendemo-nos, apaixonamo-nos, odiamo-nos, enfim, vivemos e morremos. E vivo a me perguntar: por que ainda estou aqui?

domingo, 24 de abril de 2011

Esperança do estar

Sigo em tua direção em face do encanto, mas sei que um dia este emudecerá diante de tudo que não impulsiona nosso viver conjunto. O amor; bem, o amor é diferente.  Não posso te amar ainda, pois não te conheço, mas posso conhecer se a ti já vejo. Teu sorriso é doce para mim, mas será conforto o meu para ti? Teu olhar traz o brilho da felicidade, mas será o meu, espelho que resplandece para ti o que vejo? Tenho teu sorriso e teu olhar, tenho tuas mãos entrelaçadas as minhas, tenho esperança. Esperança de um dia teu olhar toda a tua alma transparecer, teu sorriso de amor me embebedar... Tenho a esperança de você verdadeiramente comigo estar.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Brisa leve

Não se pode andar contra o vento sem sofrer com a resistência, mas cismamos em caminhar na mesma direção, por magnetismo ou qualquer outra razão; somos tolos em acreditar que um dia o vento ajudar-nos-á a seguir em frente. O vento venta como deveria ser: nós, abusados seres viventes, é que desafiamo-lo. Desafio que serve para cavar a pele, queimar em carne viva e renovar-nos.  A cicatriz nunca ficou na pele, mas na alma. Contudo, a escolha é nossa, e o vento que sopra contra a gente é refrescante, porém, com o tempo, torna-se cansativo. Talvez o vento, pela natureza do ar, torne-se brisa leve; talvez um coração, pela natureza do conhecer, entenda-se em amor.

sábado, 16 de abril de 2011

Cacos da alma

Ela entrou no quarto e correu em direção ao espelho: os fragmentos de imagem cortavam ora sua cabeça, ora o peito; o mosaico de cores trazia-lhe a solidão e a tristeza. Era um dia frio, o qual não tinha visto um feixe de luz sequer: a felicidade não invadira sua janela. O espelho não estava quebrado, muito menos seu corpo havia se desintegrado. Contudo, o espelho não refletia seu semblante, nem seu exterior, ele refletia sua alma, tão fraquejada e insegura, que ao bater no espelho de raiva, os cacos não pôde recolher jamais. Perdeu-se.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Flores textuais

Dizem que textos destinados a uma alma são como buquês de flores. Mas, se estas eu colhi, foi teu olhar que as regou, tua iluminação que as alimentou e teu encanto que as perfumou; apenas admirei teu passar e o buquê assim se formou. O texto sempre foi teu, mas para não entregar a ti em forma de flor, o destino ele me concedeu, para encher-lhe de amor.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Pela última vez, ou não

Talvez esse seja o último texto que pensando em ti escrevo, embora tua inspiração acredito que ainda caminhará por entre minhas palavras... Eu não soube o quê pensar no dia em que te vi; agora não sei em quê pensar quando não te vejo: sinto saudades do teu sorriso ou de te ver passar, sinto saudades do contato do teu olhar. Mas, não quero mais pensar, não quero recordar teu encanto e adiar meu pranto. Quero o que será ou o que nunca poderia ter sido, contudo, quero certeza. A certeza de um beijo ou a de um adeus. Está na hora de despedir-me da ilusão.


"...que traz a iluminação que o dia não tem. Iluminação que cega, olhar que fascina; guardei para mim. Guardei e de guardar tanto, tranquei a voz. Iluminação que emudece, olhar que fala... Corri e tardei. Até logo!, suspirei. Noites claras, teu sorriso." (Pedágio - Efêmera)



"Ah!... Como eu queria ser uma borboleta, viver apenas da natureza, ir para onde o vento me levar..." (As borboletas - Efêmera)

sábado, 9 de abril de 2011

Desencontro

Deito na cama e procuro a mim encontrar, mas choro, e abraço-me para sentir que alguém também conhece minha aflição. Minhas mãos são frias, e a sensação é de arrepio. Encolhida, em meio a um quarto escuro, escolho o chão para me confortar agora, pois a solidão é mais frequente nas alturas. As lágrimas ainda não pararam de escorrer, e a solidão conseguiu me isolar mais uma vez do mundo. Na minha vida, há um desencontro. Desencontrei-me da minha alma, e quem achá-la vagando por entre a multidão, deixe que ela voe, pois irá conhecer a felicidade no sorriso de outrem.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Aflição

Talvez eu apenas não saiba mais em quê pensar e ocupo-me do seu sorriso relembrar. Relembro-o, pois nada perco senão a mim em seu encanto. E eu nem sei por que lhe ver é tão mágico... Talvez esse seja o segredo da atração, não ter explicação... Fico remoendo-me em aflição ao tentar adivinhar o que lhe ocupa a mente, suas preocupações, desejos, sentimentos e sentidos, queria poder saber tudo, e assim saberia como agir. Sem isso, sem ação sinto-me, apenas posso esperar... Tempo que aflige.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Prosa correspondente

Até que ponto conseguirei levar adiante essa mesquinhez sentimental que juras sentir? Não me diga mais com palavras, diga-me por teu olhar. Palavras são boas, mas não o suficiente. Se sentes, arrepia-te, mostre-me. Não quero ouvir, quero sentir também, e se as batidas do teu coração estiverem na mesma sintonia que as do meu, saberei onde quero estar.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Introspecção

Eu ando olhando para baixo, não para frente, para baixo. Ouso a introspecção sempre que me encontro só. Cheguei à conclusão de que talvez eu não pertença a esse mundo, ou a essa realidade, e por isso não olho para frente. Quando olho para baixo, sei no que estou pisando, é no meu mundo, aquele que só pertence a mim, e dele nunca ousarei sair; piso em mim, piso na minha ilusão, na minha imaginação, piso no além do que se vê. Não quero olhar para frente, não quero pisar na realidade alheia e de todos, não quero essa realidade que nos obriga a ver o superficialismo. Ela me assusta. E de medo, ando olhando para baixo.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Ordenação

Palavras porcas! Fazem-me acreditar ser alguém ou talvez um dia o ser. Insignificância maior não há, palavras apenas em ordem expostas para outra pessoa o olho passar. Ler, esquecer e gostar. Gostar para quê? Fazer alguma diferença vai? Escrever todo mundo escreve, seja do jeito que for, do jeito que deve. Mas, se não for assim, o que será? A vida não faria sentido sem eu o papel marcar, embora em vão seja a arte de admirar. Letras em mil cores em um papel preto; tudo que minha alma escondeu, as palavras levaram, mas ninguém conheceu.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Horas e segundos

Passam as horas na mesma proporção de segundos quando ao teu lado permaneço. Engraçado é como minha boca esquece de falar e meus olhos tendem a te admirar... Ainda não aprendi a te avistar e sem perplexidade agir... Se penso no que disseste bem depois do momento que foi dito, tenho mil respostas, mas a única que me vem à cabeça no momento mais importante é sempre a mais simples, a menos trabalhada, que nem sempre diz tudo que quero dizer, mas que não me deixa arrepender por ter dito mais do que queria... Só precisava de mais horas no meu dia, mais segundos ao teu lado.

domingo, 27 de março de 2011

Nova inspiração

Mil pensamentos, nenhuma conclusão, muitas palavras, pouca coerência. Textos se perdem em minha mente com a mesma facilidade que borboletas voam no céu. Em uma noite sem estrelas, sem lua cheia, sem te ver, diga-me o que iluminará meu caminho, quem direcionará as palavras em prosa poética para libertar-me dessa sensação nostálgica de tonteira? Não me sinto o avesso do que fui, ainda possuo os mesmos sonhos, porém, hoje, com diferente inspiração. Ver-te sorrir é como iluminar a alma; clareamento das ideias. Noite escura essa, sem ventania: nem o brilho da sua voz o vento quer trazer para mim. Esperarei. Amanhã quiçá seu olhar traduza versos meus.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Paraquedas

Pulei em um mar de probabilidades do existir, pulei na imensidão dos pensamentos de alguém. Joguei-me e não sei em quê pensar, o medo que antecedeu a queda era tão grande, resolvi simplesmente fechar os olhos e esperar... Quando fui, agarrei um paraquedas, porém, quando se vai já existe a terra, o mar, o ar. Sou um objeto estranho em queda livre na existência de alguém, modificando todo o contexto do espaço, interagindo com o mundo. Mas eu me lancei, não tem volta, só me resta abrir os olhos e aproveitar. Contudo, não sei quando o paraquedas abrir, porém sei que quanto mais vagarosa a queda, maiores são as chances de controlá-la, pois sei exatamente onde quero cair.

terça-feira, 22 de março de 2011

Pedágio

Noite, dia torna-se. Por um pedágio passei. Se todos os pedágios fossem iguais a esse, se todos os pedágios fossem iguais a esse que cruzou meu corredor, gostaria de passar por eles todos os dias. Pedágio que traz a iluminação que o dia não tem. Iluminação que cega, olhar que fascina; guardei para mim. Guardei e de guardar tanto, tranquei a voz. Iluminação que emudece, olhar que fala... Corri e tardei. Até logo!, suspirei. Noites claras, teu sorriso.

domingo, 20 de março de 2011

Distorção

Vi um mundo em que a pobreza não existia, em que a tristeza não fazia alegoria, em que o amor para mim sorria. Vi a fumaça que exalava das rosas nas calçadas, que formava letra de canção feita pra mim no céu, e se desfazia em notas musicais nebulosas. Vi a sinceridade nos olhos das pessoas, e a mentira escorrendo pela pele. Poças se formavam. Vi que não havia vento, mas os prédios se moviam. Alguém passou correndo na minha frente, água respingou, afoguei-me em realidade.

Segundo o Tempo

O Tempo que corre para ver sua ilusão chegar é tão culpado quanto a noite que passa depressa para se esmaecer com o dia, e a Lua seu amor admirar. Esta, com raiva do Tempo, perguntou para ele que direitos ele tem de antagonizar sua existência à do Sol. E o Tempo, percebendo a irritação da Lua, respondeu:

- Por que, Lua, tens raiva de mim? Não entendes que está tudo além da minha vontade? Como podes gostar do Sol? Não percebes que ele te esmaece, que o brilho daquela bola de fogo deixa-te apagada no céu? O mundo foi feito assim, não fui eu quem quis que tu fosses a Lua, por mim tu poderias ser uma estrela que vivesse bem perto do Sol, assim não seria obrigado a me iludir com tua presença. Por um tempo, achei que poderia conhecer-te melhor, mas logo aprendi a te admirar, mesmo que não admitisse que tu nunca poderias ser somente minha. Como posso querer ter alguém que tenho que fazer partir e deixar apagada no céu? Por tempos corri, Lua, para ver-te chegar e vi a noite correndo ainda mais depressa para o teu brilho se perder no ar. Não me entristeço mais, não me iludo mais. Contudo, não fui eu quem te separou do Sol, mas o egoísmo deste de querer ser a maior e mais iluminada estrela da Terra. Talvez tu ames o brilho dele, mas conheces o Sol? Pois, eu digo que por ele o dia poderia durar vinte e quatro horas.

A Lua emudeceu e o Tempo nunca mais correu.

domingo, 13 de março de 2011

Vamos andar

Quero que chova, chovam suas lágrimas feitas de passado, que escorra a tristeza pelos seus olhos, mas que as lágrimas sequem antes de chegarem aos seus pés. Não quero que estas apaguem o que já foi, ao ver seus pés, notará que não são eles que estão sujos, mas o lugar que escolheu para ficar. Respeito a sua tristeza, porém, dê-me a mão, vamos andar, verás que o vento já não sopra com força e a nuvem feita de escuridão é pesada demais para nos seguir. Não lhe peço amor, só tempo. Não lhe peço compaixão, somente amizade.

sábado, 12 de março de 2011

Tempo

Que é o Tempo senão tortura dos que almejam, solidão daqueles que amam, conquistador da Lua, inimigo do Sol. O dia passa, o Tempo corre para ver a Lua chegar, mas em um instante para o Sol a Lua cede lugar. E o Tempo não entende o porquê de ter que assim ser, ele tenta explicar para a Lua porque faz o dia correr. Mas a verdade ouvir não quer, o Tempo sempre achou que a Lua seria sua mulher, embora ela sempre tenha amado uma estrela maior. Em silêncio, a Lua vive sua dor, não pode viver seu amor. Ao saber da notícia, os dias passaram a ser mais claros, iluminados, o Sol estava feliz, ainda não havia percebido que a sua felicidade ofuscaria ainda mais o brilho da Lua, torná-la-ia mais triste. Não percebera que embora se amem, nunca ficar juntos poderiam. E a Lua, ao saber ser correspondida, ficou com raiva do Tempo. Mas, que é o Tempo senão tortura dos que almejam, solidão daqueles que amam?

terça-feira, 8 de março de 2011

P.s.

Teu sorriso ofuscou-me a visão e fez com que as palavras da minha boca se perdessem. E eu, que já nada falo, sei falar menos ainda com você ao meu lado. E a única coisa que me restou, no dia em que te vi, foi retribuir com um humilde sorriso toda a iluminação que a noite trouxe com você ali, ao meu lado.

Nada melhor

Nada melhor do que viver de ter você, do que só resistir ao frio de uma noite estrelada. Nada melhor do que não ter pra quem ligar quando se sente tão sozinho que se cansa de ouvir os próprios pensamentos, quando não se tem com quem dividir um edredom. Nada melhor do que viver na aflição do gostar do outrem, se tudo fosse fácil, a testa estamparia sentimentos e o mundo nunca se mataria em tédio e violência. Ou o amor acabou com o mundo que conhecíamos, ou o mundo nunca conheceu o verdadeiro amor.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Ah... realidade

A perfeição é tão ilusória quanto a ilusão é perfeita. Às vezes é melhor não saber a verdade, apenas continuar com a dúvida. Dúvida essa que não se tinha, porque se limitava a achar que a negação do questionamento era a verdade, ilusão. Boa ilusão, merda de ilusão. Ela termina, ela terminou. A verdade é que nada mudou, o fato exposto não alterou a sequência da vida alheia, apenas fez com que meu cérebro funcionasse de outra maneira, ou não quisesse funcionar mais. Talvez eu me importe da maneira que penso, talvez seja só choque, talvez seja qualquer coisa, talvez não quisesse que minha ilusão fosse real.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Doces caminhantes

Pois que cruzaram doces caminhantes a minha fronte, e eu não beber fiz das lágrimas do seio da Terra. Bondade tanta às tempestades sobrevive ou apenas resistente é à paixão calorosa do sol? O vento, que sopra, sombras traz, mas clareia a escuridão local, que, obra da nuvem travessa, cega o tempo. O clima é assim e a vida não diferente pode ser, impossível ter tudo é. Enquanto faz calor, não pode o frio aparecer; enquanto se é rico, pobre não se pode ser. Só a felicidade foge a essa regra. Felicidade da tristeza máscara é, cair pode em instantes ou durar uma vida inteira. Quero poder usar minha máscara novamente, não porque é carnaval, mas porque a minha fronte cruzaram doces caminhantes.

Silêncio

O silêncio; das palavras, escuridão, do pensamento, salvação. Salvam-se tolos e prepotentes por estarem quietos e relevâncias o mundo perde. Quem sou eu senão face exposta na multidão, mais uma em comunhão solidária? Faço-me feliz no silêncio. Escuto, não ouço; não falo, harmonizo no sorriso doce que o diálogo pode trazer. Demoro, não falo, concordo, discordo. Com o tempo quiçá aprenderei a me dividir em duas ou três. Mas isso me assusta. Assusta-me não ser mais apenas uma, expor-me de tal forma que a podridão afloresça. Quero ser mistério, não pintura. Quero ser molde e não moldura. Ser eu e somente em mim perder-me. Talvez relevante um dia será minha fala, mas hoje não espero que essa hora chegue, na verdade, nem quero que isso ocorra, desde que minha escrita fale por mim.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

As borboletas

Duas borboletas na janela estavam a admirar a beleza do jardim; uma amarela, uma marfim. Que inveja! - pensei eu ao me aproximar-, elas haviam se posto a voar. As pequenas borboletas semi-abertas agora eram grandes, o bater de suas asas deixava o colorido no ar. O o jardim agora era um mosaico de cores flutuantes, era várias telas ao mesmo tempo, um mágico deslumbre. Tão belas, tão soltas, tão libertas as borboletas; sem preocupação voam por ali ou por lá, não têm pressa de chegar, pousam de flor em flor, brincam no ar. Ah!... Como eu queria ser uma borboleta, viver apenas da natureza, ir para onde o vento me levar... 

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Espero

Espero chegar o dia para que eu veja que não me enganei ao ver tua foto, ou quando imaginei teu jeito. Espero que essa minha expectativa seja correspondida, pois se assim o for, meu queixo terá que bater ao chão para deixar de cair ao te ver passar. E eu tenho certeza, já me terei encantado. Talvez eu até já esteja encantada, mas ilusoriamente. Conhecer-te seria mágico, seria ver a cena que tanto imaginei. E se esta for exatamente igual às que construo todo dia, talvez eu encontre mais uma vez a felicidade. Eu sei que nem sabes que essa mensagem é destinada a ti, mas tu saberás, se assim for para ser. Eu não sei explicar, sei que algo me diz que tu combinas comigo, que tu podes ser minha alma gêmea. Será? Eu espero que assim seja, eu espero!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Encontrei-lhe

Caminhava pela calçada quando percebi que a vida não poderia jamais ser boa como fora. Tinha lhe avistado. Um sorriso magnético e um olhar brilhoso, nossos olhos haviam se cruzado. Eu não sei bem por qual segundo consegui achar-me. E eu repeti exatamente as mesmas coisas a você. No passado, havíamos concordado e falado, quase que ao mesmo tempo, que a vida continuaria a passar, mas que não viveríamos verdadeiramente se não estivéssemos um ao lado do outro. E eu repeti isso. É quase automático o fato de eu tentar resgatar o passado sempre que lhe vejo. Eu quero você de volta, na verdade, eu quero a mim. Ao passar dos minutos, seus olhos brilhavam cada vez mais. Eu estava feliz, e alguém chegou. Havia lhe encontrado tarde, já não era seu primeiro copo de bebida. Seus olhos não brilhavam pela doce lembrança que ali estava a pescar. Talvez seus olhos nem brilhassem. Talvez não fosse meu primeiro copo também. Talvez nem nos amemos mais. Mas eu senti, eu tenho certeza. Senti que estava ali, senti que vivia, mesmo que por alguns minutos, mais uma vez.

Bloqueio

Um                      b    l    o    q    u    e    i    o
É                         c    r    i    a    d    o.
A                         e    s    c    u    r   i    d    ã    o
Faz                      f    u    m    a    ç    a,
Uma                    m    e    n    t    e      
Se                       a    p    a    g    a.
Tudo,                                             !    
As                       l    e    t    r    a    s
Estão                   d          i           s         p        e          r         s           a             s
No                       v    a    z    i    o
Que                     a    l    i    m    e    n    t    a
A                         a    l    m    a.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Fome

Como a vida ser curta e ter-se tanta paciência? Eu tenho fome, eu tenho pressa. Eu quero tudo e talvez não consiga nada, mas tudo me indica o contrário: quem tudo quer pode tudo conseguir. E eu to conseguindo. Esbarro pelas paredes brancas, algumas mancho de sangue, mas são marcas que a chuva apaga. A chuva lava, carrega, mas aprofunda os buracos. Buracos esses que não se empossam mais, apenas nos fazem tropeçar de vez em quando. Eu levanto. Levanto todo dia para andar em círculos e cair no mesmo buraco. É a rotina de mim, esta que me esquecer fazer tento, aumentando a fome a cada dia. Fome do inesperado, fome de insatisfação, fome de perfeição. Fome de vida que vale a pena ser vivida!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Lira

Uma pena ter sido eu cortada de sua vida. Quanto amor se dilacerou é horrível pensar, quanta vaidade cresceu, eu nem quero imaginar. Pra sermos um fomos feitos, mas você, você quer ser três, mil. Hoje, não me importo, quero ser um, quero ser só, quero ser alma vagante pelo deserto cheio d'água. Quero nada, mas quero tudo. Tudo que eu posso sem sair do lugar, tudo que meus dedos dançantes ainda podem oferecer. Espetáculo, cenário, imagem, vida. Quero outra vida. Só o que não posso ter é você. E daí? Se hoje eu tenho mais que a mim, agradeço a você. Não choro mais, mas não vivo. Imaginação é o meu mundo, perdição a minha lira. Eu me perdi em você, acho-me nunca mais.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Flui

Flui... Andava descalça pela calçada, de repente estava em uma estrada de terra... Flui... Os cadarços dos tênis antes desconhecidos desamarraram-se em um ato de rebeldia, abaixei para amarrá-los e já não era para a terra, que antes sujara a sola do meu pé, que eu olhava como plano de fundo, mas a água cristalina de uma praia deserta. Afundei-me... Flui... Comecei a nadar e a cada imersão da mente em água sentia-me mais observada... Flui... A praia estava cheia. Cheguei à parte rasa e comecei a correr até que não sentisse mais a água em meus pés. Não sentia água, não sentia areia, não sentia nada... Flui... Voei em queda livre diretamente para algum lugar que não sabia nominar. Sentia-me! - pensara - era verdadeiramente eu. Agora a minha vida flui, voei para o paraíso!

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Ser

A tristeza embala-me a mente como a vontade aguça os sentidos. Não há conforto, a mente não descansa, as teclas pensantes repetidamente cutucam-na tentando dizer alguma coisa, mas o quê?  A indecisão acelera o número de sentimentos contraditórios que pairam em minha alma. Eu não sei mais quem ser ou qual caminho seguir. Às vezes penso ser eu a melhor saída ser, porém é a fuga de mim que faria outras pessoas menos insatisfeitas. Eu não quero status, não quero riqueza, eu quero ser livre em pensamento e emoção, voar ao lado de borboletas e aterrissar em pedras grandiosas. Contudo, a realidade chama. Ainda não sou eu, sou apenas uma humana.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Medo

Acordei hoje e senti medo. O que me espera talvez não me satisfaça e o que espero nunca aconteça. Tudo depende de escolhas. Vida cruel que nos limita a viver um lado da moeda, uma face das probabilidades, uma realidade e muitas ilusões. Vida boba. Acordei hoje e senti medo. As pessoas que amo morrerão e eu não poderei querer ir junto, não poderei voltar no tempo, não poderei mais existir. Nada posso. Não posso me lamentar pelo futuro, nem me vangloriar pelo passado, não posso viver o presente acreditando que seja algo só. Meu presente sempre será o passado refletido no futuro e o futuro o presente consequente do passado. Assim, sempre estarei no mesmo lugar, e as pessoas que amo sempre estarão ao meu lado. Mas acordei hoje e senti medo. Encaro a solidão, porém não ouso perder a companhia que disfarçadamente me sustenta. 

domingo, 23 de janeiro de 2011

Escritor

A escrita é morada do espírito livre, que precisa da perfeita ficção para viver a ilusória realidade. Escrever talvez não seja um sonho, mas objetivo dos que já nada almejam; é sobrevivência íntima, manutenção do equilíbrio, duas mãos em uma estrada. Ser e não ser é transformar-se em escritor, saber tudo e nada conhecer, não ser feliz nem triste, apenas escrever. Escrever a vida que morre ou a morte que nasce, o início que termina antes de começar e o fim que inicia uma nova vida infinita. Cada história, uma vida imortal; cada escritor, uma vida atemporal.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Normalidade

Irrisório para mim é o conceito de normalidade. Tão vago e insignificante, este se torna uma classificação preconceituosa diante da diversidade da vida, da natureza, do mundo. Classificar a normalidade é limitar as experiências, os prazeres e desprazeres, as lições. Limitar-se ao normal é acostumar-se com a vida que o alheio lhe impõe, não traçar o próprio caminho e se conformar com as opções já dadas, e que são ''aceitáveis''. Limitar-se a viver a normalidade é abrir mão da liberdade, da espontaneidade. Todos os normais são apenas loucos que maquiam suas manias, privam-se do novo e no costume, na tradição, escondem-se. Normalidade para mim é falta de coragem, é pessimismo, é querer ter o controle do mundo. E o mundo não pode ser normal, pois é a anormalidade que o faz girar.

Clímax

O clímax de uma história geralmente é o conflito entre as principais personagens, mas o clímax da espera é a intensificação da ansiedade nos segundos anterioes à descoberta. O clímax da ansiedade não é a pura essência desta e simplesmente, mas a mistura do medo, da alegria, da tristeza e do anseio. Ansiar é estar em cima de um muro, pensando em descer ou não, é expectar, sugestionar, angustiar-se. O clímax é o ato de pular, é a canalização de toda a energia daquele momento, é estar preparado para o que vier ou não, é saber que tudo pode e nada, na verdade, tem-se. O clímax não é só o meio de um enredo. O clímax é o desfecho de quem espera e a máxima aflição de quem anseia. O clímax é o coração que bate sem ritmo e para nos três segundos mais importantes do mundo: no momento expectado que chega.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Vida

Sentei-me e era o fim. Fim para mim, que de nada fiz ou nada faço; apenas escrevo, escrevo o cansaço. Cansaço da vida, da busca incontida, do vento que despenteia. Cansaço de tudo, cansaço de nada, apenas mais um pé na estrada. Estrada de barro, estrada de terra, caminho cimentado, caminho de pedra. Pedras que machucam nelas os pés que pisam. Pisam por acreditar que o fim é próspero, prometedor. Prometem os que não cumprem, mas todos aqueles que cumprem um dia já prometeram. Andei e era o início. Início para mim, que de tudo faço ou fiz; até escrevo, escrevo a vontade. Vontade de viver, de buscar incontidamente, do vento que despenteia. Vontade de tudo, vontade de nada, o último passo da longa caminhada.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Desabafo

Como se diz adeus se não aprendeu sua boca a dizê-lo? Todos estão seguindo em frente, enganei aqueles que não andam para trás, expus a verdade mutante a eles e simplesmente esqueci de dizer-lhes o resultado final, a mudança. Eles continuam andando. Com peso em minhas pernas, nunca os alcanço, porém corro. Corro para dizer que tentei, para me sentir menos tola. Corro para ter discussão em uma razão: mas eu corri, eu repetia, tentando fazer-me acreditar. Misturei-me com pessoas que andam para frente, mas eu, eu ando para trás. Não sei ver o futuro, apenas o passado remoo e fico tentando bonitas palavras colocar no papel. Talvez viva mais quem vivencia curtas histórias, não só por conhecer melhor a diversidade, porém também a dor. Se esta é efêmera no mundo dos que estão atrás do progresso, que só para frente andam, ela é constante em minha solidão de início, meio e fim.