sábado, 5 de março de 2016

Amor

A estranheza do ser humano é achar que o amor é uma bela flor que cai da árvore em seu braço. Depois que a flor caiu, ela já morreu, até se formar flor, ela, sim, viveu. O amor é uma semente que um dia foi jogada numa terra qualquer, não de propósito, às vezes o vento a traz, mas dela nasce um pé. Este bem pequeno que precisa de cuidado, de cultivo. Quanto mais bem cuidado, mais cresce, e se torna árvore e gera belas flores e frutos. As flores e frutos são os momentos, as lembranças, a parte bela daquela vida que cresce, que fazem parte do amor, as coisas mais bonitas que o cultivo fortaleceu.
O amor é só uma semente, quem o cultiva consegue colher as mais belas flores, a beleza mais pura que nunca se acaba com o tempo.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Por quê?

Por quê? Por que somos presos a pessoas, sentimentos, momentos, passado, ideias, futuro, idealizações? Por que simplesmente não ignoramos os sentimentos? Por que tem gente que o faz? Por que ignorar o que se sente se é isso que faz viver? A vida é uma correlação doentia entre pessoas, qualquer tentativa de não ser dependente destas nos torna mais dependente de alguma coisa. Um vício supre o outro, até a mania em não ter vícios é um vício. Quais seus vícios? O que você sente? E com o que você luta todo dia? Esse texto não é de auto-ajuda, se é que está parecido, é só uma tentativa de exteriorizar minha ideias que não por lágrimas. O porquê? Vamos começar por esse texto podre que está sendo publicado, o resto é todo o resto.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Mais uma vez

Quantos risos
Quantos encontros
Quantas vezes
Choros quantos
Quantos desencontros
Vezes quantas
Quantos abraços
Amassos quantos
Quanto embaraço
Quantas vezes
Confusões quantas
Quantas desilusões
Quanto passado
Quanta dor
Erros quantos
Vezes quantas
Quanto futuro
Quanto amor
Emoção quanta
Quantas vezes

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Papel escrito

Tudo já havia desabado. Por que continuar procurando nos escombros, se o que procura não está ali enterrado? A verdade é que não há verdade, somos peças do acaso ou apenas fragmentos em uma grande ventania que lutam para permanecer no mesmo lugar, mesmo quando a mudança está além de nós, seja em essência, seja no ambiente. Não somos vítimas, mas causadores da efemeridade; o tempo passa, mas nada pode ser igual porque é o ser humano que muda no interior, seja por medo ou qualquer outra determinação, seja por coragem. Quem dera ser fácil viver praticando o que se sabe, no papel e idealizado, tudo é realmente mais bonito. Que venham tempos difíceis, está na hora de criar histórias.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Nem tudo floreia

O rio, atravessar ou pular? Flutuar ou os pés, molhar? Disposição ou impulso? Palavras que levam a nada, palavras sem ponto final, perdidas no vento, soltas e saltitantes, palavras idiotas, bruscas, nada rebuscadas, apenas palavras, palavrões praguejados, palavrinhas. Qualquer merda, qualquer fim, qualquer infinito, qualquer solidão; qualquer encontro, qualquer solidão; qualquer coletivo, qualquer solidão. Tanta solidão em conjunto, tanto eu sozinho, tanto nada, quase tudo. Todos, desconstrução. Partes. Devaneios, construção. 

domingo, 16 de março de 2014

Lentamente caminhava, pois pressa é uma coisa que não mais tenho, quando avistei um rio. Uma sensação de vazio havia me dominado minutos antes de avistá-lo. Como ele impedia minha passagem, logo percebi que havia uma ponte mais à direita do seguimento do mesmo e resolvi atravessá-la. Não entendi bem o que se passava, pois achei que ao atravessar a ponte, encontraria um novo ambiente, um ar que me completaria novamente, mas, embora todos os ambientes fossem cheios de vida, esse vazio tendia a me perseguir, misturando todas as cores para transformar em preto. Continuei a caminhada, porém, notei a vida passar e eu era apenas uma espectadora. As coisas são apenas coisas, e de repente estão em outro plano. Por que insisto em manter os olhos abertos quando deveria fechá-los? Por que não ouso enxergar o brilho na falha? A verdade é que falho todos os dias, mas hoje sinto o que deveria ter sentido há mais tempo. Erupção de eus destinados ao erro, não há salvação. Todas as trilhas endereçam o desespero. Fim da linha, talvez começo de uma nova, talvez apenas fim.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Perdi a linha, a prosa, o rumo, a rima.
Perdi o encontro dos desajustes.
Perdi o ponto da vírgula no final.
Perdi o meio e o início,
Achei o fim

domingo, 22 de dezembro de 2013

Caindo aos pedaços, o desespero me abraça junto de um pesadelo desacelerado, é impossível mudar o final iminente; há caminhos, falta energia para mover as pernas. Quando tirei os sapatos para trilhar o caminho de cacos? Será que removerei os estilhaços mais profundos algum dia? Ou eles tamponarão minha eterna dor? Vivo no abismo da tristeza, às vezes pulo de cabeça à procura da felicidade, outras, acho mais fácil abrir o paraquedas. A verdade é que a queda é a mesma, e a felicidade só aparece mesmo pelo caminho e não já no solo. Vento puxou, acho que abri o paraquedas. Acompanha-me?

Gratidão

Eis que dormem e acordam. Ouço o sussurro nesse meio tempo que tua respiração traz pra mim, é lindo o que podes me dizer do teu sonho com ela. De todo o saldo desse ano, talvez o fato mais belo tenha sido encontrar a ti; o mais saudoso, não poder diretamente contar as novidades para o gigante barbudo mais sábio da minha vida. Amor que saúda, saudade que desperta o bem. Ninguém entende os meios da vida, vil ilusão achar que sim, mas mesmo sem entender, agradeço. Agradeço ao mistério da perfeição do encaixe, agradeço às peças engraçadas e amorosas do enigmático quebra-cabeça de minha existência.

sábado, 14 de dezembro de 2013

Pureza

No silêncio do pensamento, permito-me divagar sobre esse ócio maravilhoso guiado pelo amor que vê a sua imagem ao fim. Há muito não sentia tamanha leveza, não é questão ou não de estar anestesiada ou adiar alguma dor; não há dor. Raios de sol convergem em todos os seres, e mesmo em dias nublados, a beleza do simples está exposta. Perfeição que só se dá nos olhos de quem vê; vi você. Felicidade.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Pois ache agora que o que sentes é único e nunca passará. Permita-me dizer que seu comportamento passado é agora, no mínimo, irrisório, e que tudo que voou de sua boca em minha direção se perdeu nos redemoinhos dos eternos minutos. Parece que esse sentimento que nos prende a alguém é como uma muleta que a maioria das pessoas precisam para caminhar, então, amamos a quem afinal? A nós mesmos? Que necessidade é essa do ser humano de achar que tudo é único, que tudo ficará marcado para sempre, que a saudade não é levada pelo tempo? Que bela essa indispensabilidade de sofrer que nos leva à construção! Seja bem-vindo ao meu pequeno grande mundo da ilusão, e ame uma imagem, contudo, faça poesia.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Apenas saudade

É engraçado como a falta de ti mexe comigo e como parece que, mesmo ausente carnalmente, consegues tocar meu ser. Olhei para nossa foto e senti um vazio, este que não deveria ter vindo assim tão desprevenido e rápido nessa minha curta vida, mas que apesar de tudo, é saudoso. Lembro de ti e penso em coisas boas, vejo coisas boas e lembro de ti. É forte, é estranho, é além da vida! Olhando para o quintal, queria te ver passar, mas sei que onde quer que estejas, ou seja lá no que estivesses acreditando antes de morrer, sei que estás bem. Quero um dia ser apenas pequena parcela do que foste, e navegar na imensidão da calmaria de um sábio...

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O prazer é todo meu

Engraçado estar numa roda de amigos num lugar cheio de cerveja e querer estar em minha cama pensando em ti. Estranho esse querer sempre falar contigo, e isso é o que mais me incomoda no fato do celular estar descarregado neste momento. Bizarro querer-te, ou ter essa ânsia de, quando de ti quase nada sei; mentira, acho que sei alguma coisa, talvez 1% dessa imensidão de conflitos que é um eu. Não sei o que trazes de novo, mas acho que começo a descobrir o que trazes de bom. Talvez esse texto não condiga com teu ser, mas ainda é cedo para saber. Talvez tenha me encantado com teu sorriso, e não me contradigo. Talvez o que acontece, eu saiba, mas não quero abrir os olhos... Dia sem fumaça; sorrio. Muito prazer.

domingo, 8 de setembro de 2013

O café forte de cada dia

Hoje eu acordei com os olhos inchados, fui até a porta e fiquei aguardando você chegar para que todos tomássemos café juntos como sempre. Antes de levantar da cama, ouvira os passarinhos cantando, e quando cheguei no quintal, espantei-me com tamanha beleza que me aguardava. É, amigo, tenho certeza que já estás no céu, a iluminação está perfeita, as cores foram devolvidas, mas não desgastadas, mais vívidas. Eu sei, o pão chegou quentinho, e se eu não o comesse, você certamente perguntaria para mim se estava bem. Eu sei, todos os cafés daqui em diante serão fortes, porque água suja é só refresco. Hoje, apesar dos pesares, o dia está perfeito, talvez tenha tomado o café da manhã mais saudoso da minha vida, nunca triste, porque vi você chegar e sentar na mesa, eu vi, no coração dos que ali estavam, nas lembranças. Pode deixar que brigarei com minha mãe se não tiver pão doce à tarde. Uma lâmpada se quebrou sozinha, brisa bateu, você nunca terá ido embora, os dias serão mais bonitos, porque você estará em todos os lugares comigo.

sábado, 7 de setembro de 2013

Carta a um amigo

Hoje é um dia qualquer para muitos, qualquer outro sábado que eu passaria completamente sorridente, mas, de repente, tudo ficou sem cor. Sei que você precisava construir sua ponte para fazer sua passagem, mas
daí roubar todas as cores do mundo até completá-la? Quando você já tiver no céu e achar seu espacinho de aconchego, por favor, devolva as cores pra mim, mesmo que um pouco desgastadas; se quiser me fazer uma visita antes de chegar ao destino, vou preparar a última água suja para lhe servir... Acho que é a primeira vez que peço a uma alma que me visite com uma harmoniosa satisfação! Sabe, quero achar os seus sinais em barulhos e piscadas estranhas de luz, quero que apareça de barba não feita na minha frente, com um cigarro na orelha, e com a gesticulação que só você sabia fazer, com um leve arrebitar das sobrancelhas, querendo dizer: e aí, como estamos? Meu arrependimento foi não ter lhe chamado para ir ao show do Chico; meu tesouro material, meu cordão que certamente não tirarei para toda a vida; meu tesouro verdadeiro, tudo que me ensinou com a paciência e sabedoria que tinha, toda a confiança e amor que me passou com as olhadelas, a boca torta de reprovação ou aprovação disfarçada. Um último comentário, foi-se em um feriado, mas não um qualquer, o da Independência do Brasil, chega a ser engraçado para um historiador. Sabe, se soubesse que o tempo seria curto assim, e que você não estaria comigo pela tortuosa caminhada que ainda está por vir, teria lhe chamado algumas vezes para beber um chopp, teria aproveitado o show do Chico que teve, já que não há muitos agora, teria feito tanta coisa mais com você... Mas, mesmo assim, sempre lembrarei de você quando olhar o verde do mundo, ou o jardim daqui de casa, quando passarinhos cantarem pela manhã, quando passar pela praça, ir na padaria, jogar carta, comer pão... Sempre lembrarei, sempre. Você continua no mesmo lugar de antes, só um corpo se foi; embora não possa alegrar um pouco mais meus dias com sua presença, meu coração está repleto de você, e do que levarei para a vida inteira. Você disse para eu nunca lhe abandonar, seja lá o que ocorresse na vida, bom, meu coração está com você para sempre. Espero que nesse momento, e em todos os outros futuros, como os passados da vida na terra, você possa sentir todo o meu amor e  agradecimento por ter alguém tão especial em minha vida, pois você ainda vive para mim, mesmo que não em carne!













Obrigada, padrinho! Obrigada, melhor sábio amigo!  Estou lhe jogando o isqueiro; agarrou? Acho que o cigarro aí do céu não mata!

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Saudade das águas sujas

Peço aos céus que te traga para perto de novo, e se essa é minha melhor forma de oração, que seja lida ou ouvida. Quero tua risada ''roncosa'' na tarde de um chuvoso ou ensolarado final de semana, quero toda manhã sair de casa e ver um homenzarrão sem blusa cuidando dos seus passarinhos, quero passar pela praça e dar um tchauzinho. Quero, e quero, e quero que um dos meus mais compreensivos amigos, e certamente o mais sábio, possa ouvir o quanto eu o amo, coisa que sempre disse pelo olhar, mas nunca ousei proferir. Mas, com tantos queros, quero só que estejas bem! Então, por favor, volta! Volta, que quero achar cigarros inteiros espalhados pelo quintal de casa, quero ouvir os passarinhos cantando quando tu passas, quero ter o jardim mais bonito de novo. Volta, porque sentimos falta do teu amor doado de forma mais ativa, mais intensa, em pequenos gestos que só tu sabes fazer. Te amo, e pretendo fazer ainda muitas águas sujas...

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Cara a tapa

Venha e bata, porque estou dando minha cara a tapa. Não, não se achegue e fique com receio da minha reação. Bata! Mas bata com força, com vontade, porque se for fraco, nem sentirei, e não se dá a cara a tapa à procura de beijinho. Faz o seguinte, não chegue devagar, chegue depressa, pegue impulso, pule e bata! Mas mire bem,  mire porque não é o coração que quero que se machuque, é só a bochecha. Bata logo, mas feche a mão, por favor. Feche para tentar mais fortemente, feche para que deixe hematomas, sejam estes aqueles que desaparecerão ou não. Mas não, não me deixe a cara limpa, sem marcas ou cicatrizes, pois é só uma vez que se dá a cara a tapa.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Sem definição

Há muito não me sinto anestesiada como hoje estou. Anestesiada pela sua imagem, pelo seu olhar, pelo seu jeito, pela sua sinceridade depois de algum tempo. Não sei explicar ao certo o que me faz sentir assim ao simplesmente lhe ver passar, mas seu sorriso é o sinal de que as coisas sempre podem melhorar, pois este pede sua presença. Fazia tempo que não olhava para a vida de forma tão bonita, que não via em um sorriso uma alegoria, que nem conseguia fazer poesia. Talvez esteja nascendo a mais linda inspiração.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

TicTac


Algumas pessoas nunca entenderão as razões, mas agirão respeitosamente, outras simplesmente isolar-se-ão em suas rotinas ditas perfeitas e renunciarão ao real, algumas agirão violentamente, mas não só através de movimentos rápidos e agressivos, pois muito mais se pode ser agressivo através de palavras. A verdade é que tenho pena daqueles que não conseguem ver além do que podem sentir, tenho pena daqueles que acham que a vida, com toda sua beleza chuvosa ou ensolarada, não merece ser questionada, tenho pena daqueles que não conseguem enxergar além do próprio umbigo, mas necessitam falar sempre de outrem... Mas tanta pena, penso eu, serviria apenas se estes um dia conseguissem se convencer de que, podendo não estarem errados, podem não estar certos também. Contudo, acho que é preciso pensar demais para isso. Sempre que vejo um ato idiota, pensado ou não, fico me perguntando o porquê de não olharmos para o próximo como se fôssemos nós; não que seja uma tarefa fácil, muito pelo contrário, é difícil demais; mas colocar isso na cabeça, para alguns, seria como dar o primeiro passo. Então, por favor, maioria desacordada que vive num mundo ideal, pessoas que dizem amar muito, mas que não conhecem quem mora ao lado, e outros, deem o primeiro passo, acho que já está na hora...

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Por e para quem não merece

Poderia escrever belos arranjos de flores, mas todas as cores eu já usei. Restou-me apenas aquelas plantinhas que enfeitam o buquê, que parece só eu o nome não saber. Não vou chorar lágrimas de uma separação fingindo que não fiz por onde, contudo, também não lhe omitirei a culpa. Quando fez-me esperar delongadamente por você, dizendo não me querer, eu fiz correr atrás e me sentar em qualquer calçada pensando no que podia ter dado certo, chorei lágrimas que não devem ser derramadas por qualquer um; sim, você me vê como alguém insensível, mas quem deixou de olhar para trás primeiro não fui eu. Agora, quando já refeita, e devidamente costurada, você aparece querendo com uma tesoura cortar os pontos? Espera, não é assim, não sem qualquer coisa que me anestesie! Entretanto, não precisa mais, por mais que a anestesia não tenha chegado como deveria, o efeito foi duplo ou triplo, quiçá irreversível. Não me considero o que me considera, pois não prometi nada a você, só quando estava disposta a cumprir e não me foi dada a devida atenção. Auto proteção nunca é demais. A verdade é que nem sei porque escrevo isso, não sei ao certo se lhe quero, e, de qualquer forma, nego. A vida tem seus altos e baixos, estou aprendendo a rastejar. Mania perversa de sempre querer reviver o passado. Maldição sentimentalista do escrever.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Sem título

Não espero que a noite me embale com os braços abertos, não essa noite! Espero que ela me maltrate, que faça de mim ferida aberta para que possa colocar em letras o que anda perdido em meu eu. Teço capas e mais capas com minutos dispersantes que a rotina me oferece, insisto em usá-las todos os dias; desnudo-me em preto e branco e descubro-me novamente, mas ainda este não por inteiro; prosa não poética de uma noite pseudofria, apenas mais um texto para ser lido em entrelinhas; nenhuma conclusão. Sou o que restou de mim, o que nunca fui e o que ainda serei; estou sem título.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Sentimento livre

Com o coração a mil, a mão trêmula ousa escrever o que a mente nunca deveria sentir. Palpita o papel. Talvez não seja um texto a ser postado, mas, se não, como expor tamanha desilusão? Uma palavra a menos, uma ilusão a mais; não se pode definir o que nunca foi e o que certamente jamais será. A visão de alegria turvou, transformou-se em qualquer coisa que a sinceridade escreve e que talvez a falta dela seja o que motiva. Veneno! É o que corre pelas veias e acelera o coração, mata não; sempre e só mais uma vez desilusão. Esta que constrói e só por isso apego-me a estas palavras destiladas pelos olhos. Burrice? Talvez.  Certamente burrice maior é escrever tal texto que será lido futuramente com a impressão de tal sentimento; que sentimento? Certamente burrice menor então. Desconstrução de corpo e alma. Viva a ilusão: permissão da poesia que não é. Felicidade! Sensação de infindáveis linhas idiotas e compromissadas apenas a mim.

domingo, 28 de abril de 2013

Busc[and]o

O teu sorriso condiz com tua essência, é belo, íntegro; mas a tua gargalhada... Jogo-me adentro quando a escuto, não é uma questão de escolha, é como ser arrastada em riso e paz; e a mais linda dentre todas é aquela que provoco, provoquei e provocarei sempre que puder. Não me contentarei com isso, contento-me... Ainda busco teu sorriso mais doce, teu humor mais delicado, teu cheiro mais aflorado; busco em vão. Ou não. Engendro chegadas, despedidas, cafés, cervejas, momentos, os cinco minutos a mais... Talvez tenha cansado. É mentira. Eu busco...

sexta-feira, 29 de março de 2013

Qualquer ideia errada de nós

Tudo que construí terá sido em vão, apenas mais um não, o mesmo que muitos, único entre todos. A rotina é uma merda, e a vida é uma variedade de rotinas, assim como as paixões. Eu ganhei, eu perco, eu ganho, eu perdi. Eu, eu, eu, eu, e nós? Nós nunca fomos, somos ilusão, uma imagem, ideia; somos qualquer coisa que não uma junção de eus, somos apenas egoístas. Somos tão egoístas que precisamos esquecer o outro quando ele não está mais conosco, e criam-se os contos de fada... Sim, eles não existem.

Uma sexta

É sexta, o fim de semana está próximo, dia feliz, dia de beber com os amigos, dia de aloprar; é sexta! Caraca, hoje é sexta! Que dia triste, que dia chato, que dia pra se ver passar sentado em uma mesa de bar, que dia, para aqueles que fumam, de acender um cigarro. Dia cheio de impaciência, dia da derrota, dia de pensar na vida, sexta de feriado. O acordar nesse dia, o não caber em mim, o pensar e se arrastar... Chega mensagem no celular, promoções, nada acontece, nada novo, só o mesmo afogar em ilusões. Que texto revigorante, que sexta animadora, que existência falida!

sábado, 9 de março de 2013

Quem sabe...

Fecha-se uma porta, abre-se uma janela; apegue-se a isso! Sentimento esse que não perdoa, que aperta o coração, a vontade; intensifica a emoção. Sabe-se do que se trata, só do que poderia ser, mesmo que na verdade não fosse. Nunca saberei, nunca saberá... Talvez não fosse para ser, talvez não fosse para gostar. Talvez seja, talvez não; quiçá verdade, ilusão, ilusão, ilusão. Verdades contadas que fazem jus ao meu pensar de você, imagem criada com a visão também do mistério, do pseudo-conhecer. Sei bem o que sinto nesse momento, o que desperdicei; mas responsabilidades sempre serão prioridades, quem sabe um dia ainda lhe verei...

sábado, 2 de março de 2013

Pegue um café

Venha, alma que questiona o caminho, volte para nós, ainda há tanto para amar, muitos cafés para tomar, rir, chorar... Venha, mas venha correndo, não queremos mais lhe seguir; pegue o nosso bonde, trilhe o nosso trem, pois sem um vagão, ah... Sem um vagão, quem somos nós? Seremos apenas fumaça condensada em metal gélido. Venha, corpo colorido de vida e história, junte-se à sua alma e venha, pois tarda, e queríamos você aqui desde cedo. Não acha que essa viagem já durou demais? Apresse-se, corra, ande, mas chegue. Pegue um café e pão quente com queijo minas, vamos conversar...

sexta-feira, 1 de março de 2013

E daí?

Como essa droga de vida pode ser assim? Um dia tão odioso, e o anterior completamente amável! Talvez eu não esteja bem agora, e daí? Daqui a cinco minutos estarei rindo... Maldita consciência! Terrível noção do caminhar e só chegar ao fim. Fim sem nada novo, fim cansado da caminhada pela calçada, fim... Por um acaso, você começou? Ilusão, ilusão, ilusão... Dias passam, mas noites só porque devem, e existirá sempre a mesma constatação: permeio! Qualquer coisa, qualquer sorriso, qualquer choro, qualquer não, sempre momentos; a ilusão do inteiro.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Mar de letras

Será que podem sentir a força de uma letra? Será que podem sentir; sentir o nada, o tudo, sentir os pensamentos? Será que conseguem navegar no mar de emoções que o nosso próprio eu pode nos propiciar através da imaginação? Pois me equilibro em cima do barco que nesse mar navega. Há dias de tempestade,  dias de calmaria, dias de afogar-se, dias de rir da ventania. Há dias, porém também há noites. Noites de vento, quietação, de alento, conturbação, de alegria, ilusão, noites de apenas magia. Então, se em algum momento caio do barco, em algum dia já estarei seca para cair de novo. Navegar, nadar, mergulhar nesse mar de ilusões e emoções, para mim, é viver.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Se todos os dias fossem iguais a esse, talvez a vida fosse uma mar de angústia... Permita-me dividir o que é indivisível, o inatingível, o que não sei ser, embora seja sempre a mesma coisa. A mesma coisa do saber doer, que aflige, mata, porém revive sem pena várias outras vezes. Revive só porque é achado ser superado, vil ilusão. Não é bom respirar no momento, não é bom não respirar, ficar imóvel ou ir andar, é tudo tão a mesma coisa que já não há para onde escapar. A verdade é sempre a mesma, qualquer escolha, qualquer caminho, a mesma consequência: desilusão.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Dolorosa partida

Anoiteceu, e o sentimento que queria adiar de peito e transportar no tempo chegou. Não falar com você, falar, não dar adeus, dar, que maldade partir desse jeito meu coração, seu coração, mas escolha não tenho nesse meio tempo que brisa se torna vento. Você merece toda a felicidade do mundo, não é justo tirá-la por um tempo de você.  Não acho justo alguém tão doce ser alvo da confusão entranhada em minha alma. É isso, talvez fim, talvez começo, não dava mais pra mim; não poder lhe dar tudo que lhe é de direito e merecimento, não poder lhe amar como eu queria, tudo isso, e mais que isso, contribui para a lágrima derramada de agora. Estou aqui pensando em você, sei que não muito distante está pensando em mim. Desculpa mais uma vez por desistir de nós, mas temo ser melhor assim. "Amanhã, ninguém sabe..."

domingo, 2 de dezembro de 2012

Mais um sopro no escuro, um tiro certeiro no muro, mais uma decepção. Desilusão agora não amorosa, tão mais dolorosa, desilusão de mim. Faz parte da vida, como faz parte remoer-se. É normal que seja assim, se estivesse sorrindo sem fim é que estranho seria. Não chorar, pois minhas lágrimas não carregam a mágica do tempo, nem se arrepender. Qualquer coisa agora, passageira, vermelha, centelha, sujeira... Qualquer coisa que além de mim está e é.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Está tudo bem até algo lhe fazer pensar que não... E todo mundo quer achar um porquê para isso, tem que ter um motivo; consequentemente, uma solução. E quando lhe perguntam o que você tem e a resposta é não saber, tratam de fazer o favor de lhe mandar desemburrar a cara, porque você não pode estar o que está, ou demonstrar como está; não, as aparências dizem tudo. Então, depois de ouvir um discurso desse, que todo mundo já deve ter ouvido na vida, senta-se com as mãos apoiadas ao lado do queixo, e os cotovelos nas coxas, olha para o chão e pensa: esses pés não parecem meus... Levemente, mexe o dedão do pé e, por incrível que pareça, ele ainda pertence àquela existência. Somos tão pouco que por alguns instantes nem somos.

sábado, 17 de novembro de 2012

Tem dias que simplesmente são. Você encontra as palavras perdidas em algum momento, mas depois elas se esparramam pelo chão. Maldita rendição, maldito dizer não justamente quando bate aquela inspiração. E de repente seu texto fica repetido, terminações sofridas, de gosto apelativo. Escrever em vão, dizer nada em algumas linhas, dizer nada em muitas. Mais uma vez, só perda de cinco minutos, mas ganho de mil. Sei lá; vontade de ir embora, não me encaixo em nenhum lugar. Toda essa luta, todo esse caminho, todo o esforço pelo quê? Podemos ser felizes com tão pouco, mas o orgulho fere.

sábado, 10 de novembro de 2012

Quero sair de casa para fazer uma coisa diferente, mas são sempre os mesmo papos, sempre a mesma gente. Desfilando na rua, como seu único dia de glória, as pessoas passam como se fossem fortes. Em um ambiente cheio de música e alegria, só vejo tristeza e melancolia; coisas de guardar debaixo do peito, trancadas a sete chaves do eu, sem cópias, sem nem a original. E eu me pergunto: por que estou sentada aqui vendo o mundo passar? O mundo? A verdade? As pessoas? Ou só o que se quer que se veja. Talvez tudo isso seja só saudade... Então, vem; "pro dia nascer feliz...".

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Para a inspiração

Queria escrever os mais lindos versos destinados a ti, pois és a tradução da poesia diante dos meus olhos; queria que nunca estivesses longe, mas quando te tenho muito perto, sinto escapares a pequenos passos. Todo o meu desapego deveria ser teu, ser nosso, mas o que de ti roubei em essência, nunca devolverei. Tu és alucinação que me faz rir, ilusão de uma vida possivelmente feliz, porém incerta. Tu és o que talvez não devesse ser, por muito tempo a razão do meu escrever, o que nunca de ser deixará. Sentirei eternas saudades entre encontros, sentirei a ti.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O poeta

‎De todos os avisos, o melhor já lhe dei: poeta gosta de ser amigo do rei! Passando despercebido pela monarquia, quer atrair aquela da alta burguesia que esbugalhou-lhe os olhos de encanto; pura inspiração! E quando já cansado daquela que suspira amargamente, que lhe rende versos de amor embrulhados em paixão, simplesmente pega as malas e, sem pedir perdão, parte para outro reino, apenas mais uma criação.

Que seja, porém esteja.
Que zele, mas não estrague.
Que espere, mas não amasse.
Que julgue, porém não pense amar.
Que se foda, cansei dessa merda de rimar.

domingo, 14 de outubro de 2012

Mais uma vez

As palavras me cansam e descansam, são desgosto e pranto, mas sorriso. Escrever é turvar a visão em direção ao sentido. Estar aqui com as mãos sobre letras que podem originar um texto é magnífico... Mais uma dose de vida, de tristeza, de alegria, de sentimentalismo, de agonia, de frieza, de aconchego, do seu sorriso, apenas mais uma dose de lirismo. Como uma miragem no deserto, uma analogia tão batida, as frases caminham em minha direção. Uma surpresa: sua imagem. Lascas de memórias espetam minha cabeça: um abraço, uma cama, um amasso, um beijo, um jantar, um cinema, o mar, um amor; histórias que se completam sem se completar; enredos de novela em meses a recuperar. Tudo rimado se perdendo pelo infinitivo do ar, do ser, ver, remexer, remoer, transcender; mais uma vez, apenas escrever.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Ó, divina ética!

Talvez seja só vontade, mas de deixar esse mundo cruel de uma vez construo o meu sonho. Que fique difícil para os ignorantes que tentam decifrar de forma a retorcer a belíssima prosa, nada poética, leiam; sim, algo de diferente entre palavras de um eu, algo de inconsciente raivoso que penetra subitamente, mas vai. Vai porque não me assemelho aos que nada são, pois nada menos fui. São os que se acham ser - vil ilusão, que acham ser o que não são, acreditam ser o que nunca serão, estagnarão, para sempre, flutuarão. Ruínas de solidão é o destino dos que semeiam a vida em chãos de areia... A   r   e   i   a.... Tudo tão passageiro, tudo tão não mais, tudo tão sendo, o tudo que nada menos é. Nada é para os que não são, contudo eu, eu sou menos que o nada. E o menos que o nada, mais uma vez, é o tudo. E só o tempo, que carrega o vento pesadamente pelas costas, sabe qual areia se moverá lentamente a empoeirar levemente o chão de mármore que cismo em pisar, mesmo querendo cair, tenho o que sempre sustenta-lo-á: ética.


quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Imaginação

Vivo do delírio do silêncio e dos atributos que a loucura, por outros dita minha, fornece-me. A dor sempre será o clímax do mundo, ela existe sem a felicidade, mas já não se pode dizer o mesmo do inverso. Se me engano, sei que não é realidade; não, nunca será. O mundo é palco do sentimento, é quadro preto e branco que se vê com os olhos do colorir, é rima, não letra. O mundo flui e a vida é.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

O que for

Por vezes escrevi deixando a beleza do incerto me guiar, como se não soubesse o que escrever, as frases de repente surgiam em minha ideia; ficava bom e ruim, espontaneidade seria a palavra para definir o momento de, por exemplo, agora. Espontaneidade que se perdeu entre páginas de livros que nos forçam goela abaixo para beirar a glória, visão distorcida de uma realidade que não depende nada do que se faz. Nem sei o porquê de escrever esse texto dessa forma agora, mas escrevo; escrevo pensando no que engolir sem mastigar daqui a cinco minutos, escrevo pensando em um futuro de apenas escrita, escrevo sem saber o que fazer de mim.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Abrupto

Escolha: você ou viver! Se escolher viver, você morre, se escolher você, sobrevive. Escolhas, escolhas, escolhas... Mas o pior é ainda o que não se pode escolher. Quero abdicar desse ter que tomar uma atitude. Deixem-me apenas existir, pois já morri, e só vejo uma luz ao olhar para a superfície... Não, não é o sol que me chama para o dia, mas talvez um corpo com uma lanterna procurando pela alma. Eu não sei o porquê, mas comecei a ouvir alguém cantarolar meu nome, uma voz bonita que se sobressaía entre o canto dos pássaros. Pensei em como havia tempo em que não escutava o som da manhã, em que não admirava a beleza do céu; resolvi voltar para o meu corpo; e, agora, olhando o fundo do poço com aquela suave melodia passeando pela mente, perguntei-me quem me chamava, quem havia ousado tirar minha alma do fim, fazendo com que a perfeição do mundo me fosse exposta mais uma vez? Virei-me, então vi, surpreendi-me por não ser mais uma das minhas ilusões; o vazio sumiu para sempre!

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Você em meu mundo

E se penso em você e me sinto com uma proteção de titânio, passo a me perguntar o que me faz sentir assim, se é o seu sorriso que vem a noite iluminar, ou o saber de ter você a vida inteira só pra mim. Minha felicidade ultrapassou o limite do excepcional, estou intocável para qualquer fato desconfortável ou descomunal. No meu lugar, há sorriso e choro de alegria; mas quando a realidade toma as rédeas do caminhar na manhã fria, fico feliz por ter uma certeza inabalável, por ter essa proteção por ninguém mais alcançável; o mundo é perfeito mais uma vez.

sábado, 30 de junho de 2012

Festa

Sentimentos intensos contrastados em um peito; da profunda tristeza arranca-se uma felicidade pura, e eu sei o motivo. Sei porque olho para o céu iluminado de estrelas e vejo o crescente sorriso da lua em noites frias, de repente sinto-me aquecida. E quando bate o vento lento, brisa leve, tento encontrar seus olhos no castanho claro do brilho da lua refletido em nuvens dançantes; por um momento sinto você ali comigo, escapa-me um sorriso, acho que me encantei...

domingo, 24 de junho de 2012

Acabou

Em crítica velada, venho fazer certa revelação: ou com o tempo tudo passa, ou minha mente vive em pura contradição. O que era se desfez, um mito apagou-se com a facilidade de não conseguir dizer não. Pode ser forte, fraca, mas verdade quando já não é não pode ter outro nome senão ilusão. Espantada fico com a frieza do sentir, por um momento tão profundo, noutro, qualquer coisa que se vê por aí. Acho confusa ser, mas acho qualquer coisa também, hoje é isso, "amanhã ninguém sabe", e a bossa nova invade. No fim, tanto fará o que se foi ou que ainda virá.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Qualquer dia

Ao encostar a cabeça no travesseiro, chorei não querer jamais mover um dedo, mas o tempo não queria que fosse assim, pois até ele gostaria que todos soubessem que me satisfazia o fim. Quando o sentir já se torna mecanizado e o único sonho brilha apagado, não mais sentido faz todas essas inversões mal feitas para tentar disfarçar o que meus olhos agoniados tentam sempre dizer: eu já vivi o suficiente. É de uma injustiça enorme, com aqueles que nos amam, ir embora antes do tempo; e talvez a única coisa que ainda me mova é ver essa gente feliz, é sentir ainda a alegria, sentir que a pureza é a pulcritude da vida. E é esta que respira por mim; não sei mais inspirar.

domingo, 3 de junho de 2012

Tenho medo

São tantas pessoas, tantos manuscritos, por qual motivo do destino, ou não, seria o meu escolhido por quem lê? É tudo tanto, e tanto tão pouco na vida; talvez tudo acabe em medo, ferida, desejo. Pois tenho medo de que minha sensibilidade parta, que meus pelos não mais se arrepiem, e meus olhos não mais se encham de lágrimas ao ouvir falar de amor. Não quero que a vida prática carregue minha sensiblidade de forma irreversível e que todo meu viver se encha apenas de conhecimento; para que o quereria na ausência de sentimento? Preciso não me esquecer do verdadeiro valor da vida. Não tenho medo de viver, tenho medo de nunca mais sentir o que o vento tem para me dizer.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Ciência e Religião

     Frequentemente vejo pessoas discutindo sobre religião. Algumas delas criticam a Igreja Católica, outras defendem-na, alguns criticam todas as religiões com base em fatos científicos, outros tomam partido a favor das mesmas. Às vezes, pergunto-me se as pessoas se dão ao trabalho de ler um pouco sobre a história do mundo antes de criticar algo negativo ou positivamente, ainda mais quando a discussão se trata de assuntos seculares. É claro que alguém pode ter uma opinião sem esse prévio estudo, construída em cima de observações e, em certa medida, de subjetivismo, mas a argumentação será muito mais intensa se pararmos para ler um pouco mais sobre os assuntos.
    Na verdade, não acredito que uma discussão sobre religião seja válida, a não ser que se tenha o intuito de aprender, pois quando não podemos comprovar algo, não há certo ou errado; aliás, acho que nem o certo e o errado existem como certas pessoas acreditam, é só uma questão convencional, cultural e tradicional. Contudo, preciso dizer-lhes a premissa que me veio à cabeça e me fez escrever esse texto: a ciência é tão falha quanto a religião. Alguns de vocês nesse momento, imagino eu, estão balançando a cabeça negativamente e fazendo cara feia, mas que tal parar para refletir comigo nessas próximas linhas?
     Nenhum homem é imortal, não que se tenha provado até hoje, como ver alguém que nunca envelhece. Logo, a primeira falha que apresentarei a vocês será exatamente a que diz respeito à História do mundo. Ninguém vive para contar a história do mundo para todos e perpetuar a verdade para sempre, logo, dependemos de documentos escritos e da virtude do homem para que possamos saber o que aconteceu, por exemplo, há trezentos anos. Se uma história que contamos para alguém hoje em dia pode ser espalhada como fofoca e tem seu conteúdo totalmente distorcido, será que a distorção de detalhes históricos por milênios não ocorreu? Será que todos foram virtuosos ao descrever os acontecimentos a que assistiram? Não temos como afirmar que sim, nem que não.
    A primeira contra argumentação, e talvez você esteja pensando nisso, que o último parágrafo traria seria: Mas, e os vestígios, as provas de que pessoas, guerreiros, realmente existiram, e as construções, como as pirâmides? Só posso afirmar que algumas coisas podem ser verdade, como há o reflexo da sociedade de hoje, que para chegar onde chegou, provavelmente teve antecedentes, mas não podemos ter total certeza disso, e muito menos dos detalhes. Costumo pensar que a ciência, como comprovadora de fatos, tende à manipulação de resultados, mesmo que sem intuito, para que se consiga provar algo; mas, novamente, afirmo que essa "manipulação" pode ser inconsciente, palavra que não gosto muito de usar, mas é como se o resultado tendesse ao que o cientista quer ver.
    Antes que alguém critique meu texto dizendo que sou a favor da religião ou que não gosto da ciência, deixo claro que admiro a ciência, pois sei que muitos resultados são frutos de longos trabalhos e sinto-me honrada por conviver com pessoas inteligentes como vemos hoje. Só uma observação, pois pensei exatamente o seguinte agora: Onde a ciência quer chegar? Por que a ciência quer curar coisas que as consequências do avanço tecnológico cria? Não é hipócrita? Mas, se formos discutir isso, entraríamos em outra questão, a do capitalismo, e prefiro deixar essa discussão para outro momento, pois estou farta, no momento, e sempre estarei, de pessoas que só buscam o lucro na vida.
   Bom, acho que uma parte da minha assertiva já está bem argumentada, agora falta dizer o porquê da religião ser falha, mas não farei isso com base na ciência, pois, se usei a ciência para explicar ela mesma, também usarei a metalinguagem para explicar o caso da religião, mas com ênfase na Igreja Católica. Na verdade, vou relatar aqui só o dualismo entre a Igreja Católica e a Ciência, então, argumentarei só com base nela.
   Como usarei a metalinguagem, não vou suar argumentos batidos sobre a história da Igreja Católica, que é realmente tensa e mostra o interesse político e social de uma classe. Além disso, dizem que a Igreja agora é reestruturada, que, com o tempo, ela foi mudando; como não conheço as estruturas religiosas atuais, mas frequentei algumas recentes missas, pois meus pais se alegram com a minha presença em tais cultos, usarei argumentos somente relativos aos ensinamentos que a religião católica prega.
    Talvez eu não precise me esforçar tanto para este segundo e último argumento da assertiva primordial. Desde que me conheço como gente que vai à missa, aprendi que existem dois ensinamentos que são essenciais para quem quer viver de acordo com a prática do bem, e segui-los, ou tentar, é estar vivendo dentro dos preceitos de Deus. Tais ensinamentos, que estão expostos no segundo testamento, nem sempre são seguidos pelos próprios eclesiásticos, e não preciso listar casos comprovados, ou seja, confessados, ou pegos no ato, de atitudes assim vindas de membros da Igreja Católica. Não quero provar que a religião católica é ineficiente, pois ela não deve pagar pela falha humana, mas ela também foi construída por homens, homens virtuosos e, certamente, havia a parcela dos homens desvirtuados nesse meio, ou talvez fossem estes maioria; isso é o que nunca poderemos saber.
   Mas, diante de tudo isso, ao invés de querermos que a existência da Ciência exclua a Religião e vice-versa, podemos tentar olhar o lado bom de cada um desses ramos tão iguais de alguma maneira... A Ciência busca a salvação de vidas pela cura de doenças, que podem ter sido causadas pelas mudanças decorrentes da evolução capitalista, que também diz respeito a outro ramo da Ciência, mas ela faz sua parte, além de outros setores científicos; já a Religião tenta salvar as pessoas pela fé. A fé não está ligada somente à religião, acreditar em um Deus não é estar ligado a uma religião, mas acho que esta é essencial para o ensinar da fé, para dar a base para quem quiser escolher entre ser ateu, agnóstico ou ainda um religioso ou um adepto de alguma religião. A religião, de certa forma, mostra-nos que devemos respeitar os outros, o que é essencial para a vida humana. Contudo, vocês devem estar se perguntando: mas como uma religião salva a vida de alguém? Bom, vejo que as pessoas que querem mudar, que querem entender o que é ter bom senso, também podem procurar ajudar em algumas doutrinas religiosas, pois alguns preceitos, e digo mais pela religião que conheço, e pelo pouco conhecimento de algumas outras, quando seguidos verdadeiramente ou entendidos, podem fazer a diferença.
   Particularmente, prefiro a Filosofia, pois ela simplesmente é, e não pretende ser mais que falha.

Vida em reflexão

Tudo por um instante ficou tão claro que eu podia sentir o porquê de respirar, e nesse momento eu tinha trezentos motivos para não o fazer. De alguma forma, sinto que minha missão se cumpre aqui e nenhum tipo de papel conseguiria comprar o meu pensar, a minha criatividade, o meu eu. Pois que deixemos a vida prática para aqueles que desistiram de viver, porque eu quero o tudo, mesmo sabendo que ele nada é. O vazio é tão cheio de sentimento, de pensamento;  tenho pena daqueles que se orgulham pelo completo, pois este nunca será. É estranho viver em prol de um objetivo prático, pois quando este é alcançado, o que se fará da vida? Será que será vida? Será que já foi vida? Por isso vivo em prol do pensamento, desse tudo querer amparado pelo nada, pela certeza de que a vida é apenas reflexão.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Lagos

Corri contra o vento; ou será que foi contra as horas? As horas, as horas, as horas... Eram apenas segundos, infinitos segundos que pingavam sem que percebêssemos o desperdício que se anunciava. Contudo, teria sido desperdício se os segundos tivessem escoado pelo ralo, mas foi formado um lago. Lago esse que continha a solidão em riqueza de detalhes, o único em que me banhava sem perder as camadas de pele; um lago confortável, e só talvez feito de lágrimas. Lágrimas feitas de segundos não gastos pela frieza da rotina, mas chorados pelo pensar. Acho querer convidar alguém para dar um mergulho, mas preciso que entendam que esse lago é a razão da minha ainda existência. Corri contra as horas, mas a favor do vento, por isso os lagos foram formados em diferentes viagens, apenas fechava os olhos e esperava para sentir a brisa que chegaria para me carregar. Esse é apenas mais um lago. E o que você achou desse mergulho?

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Mais uma vez

Tenho detestado a cor do meu sorriso, não pelo café de amarelado, mas porque seu olhar não o faz mais brilhante. Tenho detestado o gosto das minhas lágrimas, pois estas não são feitas de partidas doces ou estadas salgadas; será que ainda são lágrimas? Todo rio um dia seca, eu não posso afirmar isso, nem você, pois não estará aqui se um dia ele secar. Meu rio ainda não secou; se ele secar um dia,... não serei eu que estarei nesse corpo, pode ter a mais pura certeza, e isso eu posso afirmar. E só posso porque sou constante na minha inconstância, coisa que não lhe faz muito diferente de mim; então chega de me fazer experimentar da sua ausência, que eu lhe mostrarei como sorrir mais uma vez, como chorar de saudade, como morrer de paixão. Largue o seu coração, deixe-o bater, deixe que ele lhe mostre como é novamente viver. Tenho detestado o fim dos meus dias, tenho me arrependido por não mais ouvir de você.

domingo, 13 de maio de 2012

Sombra

Está calor, mas não o sinto pela pele, respiro-o. Sinto ondas calorosas invadirem meu corpo na brisa fria, algo me diz alguma coisa, tudo me diz o nada. Deixei o sofá em que estava e me acomodei rapidamente atrás de uma poltrona de couro. As luzes estavam acesas, mas ali havia sombra. Sombra; era disso que precisava. Não sei se era porque não via mais o vértice da parede que caia sobre mim em cor de céu, ou se porque parei de pensar na vida. Estava frio agora, tudo parecia incerto, é a noite, é a intensidade. Dormi naquela sombra, pois lá me senti segura; dormi de cansaço, criei um lago naquela noite que nada havia de escura. Eu via tudo, eu vi o meu caminho, mas naquela sombra simplesmente esqueci de existir, adormeci.

A vida

A vida deve queimar. Acenda-a! Vida que não pega fogo não envaidece do gosto amargo, porém não conhece o lado bom. Vida que carece de tristeza é uma vida de ilusão. A vida só fumaça é, consequências que se desfarão quando nem ao menos se quer. Então, sente-se e acenda mais um cigarro, que tudo é esquecimento, só restará a essência, que em constância se encanta pelo cheiro do tempo. Encanta-se por ser permanente e ri do momentâneo; mas ri de desespero, pois bem conhece a própria dependência: se um momento é efêmero, o que se ousa chamar de permanência? Junção de todos os momentos, que momentâneos já não são; colcha de retalhos, essência, costurada por lembranças ou pela imaginação. Tem um isqueiro aí?

domingo, 6 de maio de 2012

Talvez lua, talvez sorriso

Olhe para a lua, veja se consegue visualizar a meia lua da lua cheia; um mundo tão corrido de preocupações tolas não dá espaço para as belezas simples da vida, e se em algum momento não pararmos para estas admirar, talvez a maior graça da vida passe despercebida como as nuvens. Eu pedi para você olhar, e se conseguisse ver ao menos o chorar da flor refletida em brilho, o despetalar daquela margarida, o meio sorriso da noite, se conseguisse ver aquela simples beleza que ali de nós corria, poderia dizer estar ao seu lado ao menos por um minuto. A distância entre nós agora é grande, mas talvez a distância entre a lua e mim e ela e você seja a mesma, e só talvez poderíamos de alguma forma estar mais perto pelo brilho da noite. Não sei se você viu, se sentiu, mas eu vi, e tudo parecia tão calmo; as preocupações viraram nuvens, você para mim sorria.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Só o tempo

Estou entrando naquele lugar não permitido, onde se caminha sem poder olhar para as pegadas; ondas de calor invadem meu corpo e escorrem pelos olhos, o frio do dia se desfaz; de repente, dou um passo para trás. E o que era frio recupera o lugar, o ódio substitui o amor, mas em segundos este retoma a posição devida, o frio amornece, tudo quente de novo, estamos falando da vida. Por que ouso caminhar por pensamentos que um dia me enlouquecerão? Por que ouso permitir sempre uma nova ilusão? Vão-se os dias, porem ficam os pensamentos, tão pesados que nem podem ser carregados pelo vento; só o tempo, só o tempo.

sábado, 28 de abril de 2012

Saudade

Contorço-me, algo está para nascer. Pensei em sentido, fatalmente lembrei de escrever. Não sei se amacia a carne esse despejar de emoção, ou se faz mais duro o peito, sufocando a respiração. Escrever faz tanto sentido quanto amar, dói tanto quanto se apaixonar, ilude tanto quanto sonhar. O meu amor vaga por aí distante, com todas as possibilidades de ser, e me aflijo se não é comigo, desespero-me se não será comigo; tudo que me resta, além de viver e tentar ao máximo me ausentar, é escrever. E isso, tanto quanto o resto, parece distante, ilusão ofegante que insisto em alimentar. Porque se não for isso, não será eu, e se assim for, não teria motivo de ainda respirar. Então, talvez eu só possa ser o que seja, esse sistema cheio de sangue que insite em pensar, não desiste de amar, e por escrever, vive sempre a suspirar. Contudo, quiçá isso seja a tão querida materialização da sua essência que insisto em querer encontrar... Maldita vilã da solidão essa coisa chamada saudade.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

E aí?

Já é um novo dia. Vagarosamente, permito-me escrever mais uma asneira a ser publicada. Virou diário, sempre foi, ou é tudo uma mentira, um confessionário de verossimilhanças. Está aí o que nunca alguém saberá; especulações são sempre bem vindas, pois repercutem as linhas de sinceridade do além. Mentira para mim, verdade para você, ou será que seria o contrário, ou a junção de dois tipos iguais: tudo mentira ou tudo verdade? O que importa? A mentira é, a verdade também. A mentira é no que não foi para outros, mas no que foi para quem a conta; e, só talvez, a verdade não toma rumos divergentes a este. A verdade é para quem a diz e fim. Verdade e mentira, verossimilhança ou não, você leu isso tudo, e chegou a qual conclusão? 

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Rimas estúpidas

Dizem entender a mente criativa, mas ninguém entende; dizem entender quem pensa diferente, mas quem diz mente. Quem escreve se rende, prende e arrepende; faz rimas estúpidas, coisa meio inconsequente, quando quer cuspir com musicalidade a merda que vem de dentro da gente.

terça-feira, 24 de abril de 2012

O branco em seus olhos

Sou cor, mas sou branco, que é a junção de todas as emoções. Sou silêncio, não marco, discreto, carrego suas vibrações no fundo do peito, não é para ninguém saber das cores que sou feito, apenas sintam o efeito, a tranquilidade nos corações. Sou luz porque esta reflito, mas sou escuridão, aflito, meu eu nunca esteve em uma simples visão; mas você me viu, viu o que reluzo e ainda vê. Então me diz mais uma vez: por que tentar me esquecer? Estou em sua mente, mais que no seu coração, eu sou diferente, igual a qualquer outra vibração, mas não só emoção. Sou a luz que faz seus olhos quentes brilharem, sou seu amor, e só talvez sua paixão. Então, tire os óculos escuros, chega de se proteger das lágrimas que nascem para cair no chão, pois elas podem cair em um jardim, e gerar flores que embelezam uma canção.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

O amanhã

Amanhã verei o nascer do sol. Não remoerei o passado entranhado no peito, que corre nas veias e cisma em bombear o coração. Um novo dia amanhã será, mas não porque terá passado de meia noite, porém por mudança de atitude. E o tudo novo acabará sendo igual ao ontem; para se viver no equilíbrio, o desequilíbrio tem que existir, é como o paradoxo vital da vida, a tristeza e a felicidade. Contudo, quando o amanhã acabar e eu deitar a cabeça no travesseiro antes de dormir, pensarei: o nascer do sol é realmente lindo. Talvez essa seja a grande herança da vida: lembranças; o passado. Por que esperar o nascer do sol de amanhã, se ainda podemos aproveitar o pôr do sol? A mellhor forma do futuro é o passado.

domingo, 11 de março de 2012

O revoar da introspecção

Em uma noite quente, olhei para o céu à procura de estrelas; encontrei nuvens. O correr da lua no peito aberto do céu seduziu-me, flor vi em desencanto amarelo, o brilho da superfície lunar alumiava o despetalar de um novo amanhecer. As imagens do que acontecera previamente eram nítidas em minha lembrança, e concluía que, como mariposa e borboleta, talvez seja a introspecção um dos meus maiores defeitos e uma das minhas melhores qualidades. O ontem perdeu para o hoje, mas o passado certamente vencerá no futuro, afinal, será tudo presente. É a introspecção que, como mariposa, traz o mistério, contudo, carrega o brilho e a beleza do revoar de uma borboleta.

domingo, 4 de março de 2012

Ideias do ser

Olhe bem nos meus olhos e veja quem não sou. A ideia de mim é mais forte que a minha essência para sua visão, consequência do mundo cada vez mais ignorante, o julgamento. Não quero que olhe para mim, apenas escute minhas palavras, leia minha essência, conheça meu sensível, e assim terá somente outra ideia de mim. A verdade é que só se conhece quem se deixa conhecer, e às vezes conhecemos alguém antes mesmo desse alguém quem é saber.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Carta para um amor

Poderia escrever o mais lindo poema de amor, mas se nada sentisses por mim, seria piada para rires pelas minhas costas. Poderia escrever a mais bela canção sobre teu sorriso, mas se nada sentisses por mim, seria só mais uma melodia. Poderia ser a pessoa mais bela, mas se nada sentisses por mim, toda a minha beleza se desmancharia diante de teus olhos. Poderia desistir de ti, mas eu te amo, e eu não quero, nem posso, tirar-te da minha vida agora. Então, por favor, manda-me embora, peça que eu nunca mais volte a te procurar, diga que ficarás feliz assim, que te darei minhas costas, para que não vejas meu pranto na partida. Mas se quiseres que eu fique, apenas diga se me ama como eu te amo, mas de forma definitiva, sem pensar no futuro, sem pensar no que poderá ser, eu quero o agora, o que é sentido agora. Contudo, eu sei que não posso pedir para que escolhas isso, para que saias de cima do muro e decidas, mas ou tu me amas como eu te amo, ou o que restou foi só amizade. Acho que já tenho essa resposta, talvez eu não queira aceitar, mas ainda tá tudo tão confuso, às vezes parece que ela tá errada, que tu me amas, então, só preciso do definitivo, do que me fará desaparecer, pelo menos, por um tempo. Pois tua ausência dói, mas se é pra doer, que doa de uma vez, que cicatrize, porque tua ideia não sai de mim, e é um martírio saber que teus beijos e abraços mais carinhosos não serão meus por muitos anos.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Desânimo?

Impossível explicar, tão intrínseco a nós mesmos é, qualquer palavra parece machucar. Cansei de me procurar em alguém e escrever palavras envasadas em sentimentos para outras pessoas lerem e acharem belo. O trágico deveria reinar. Quando subimos a escada para o precipício, é difícil conseguir retornar, precisamos controlar, ao menos, o que não podemos ser. Sinto a dor do ausente, do nada, daquele que não expecta, que não quer se mover, não quer participar desse ciclo violento que insistem em chamar de vida. Não quero mais continuar também esse texto.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Alecrim

Tenho um nada, talvez um eu enfadadiço, o fim da estrada. O futuro a quem pertence? Não é a mim, não, não mais... Porém, vou cantar o dégradé da vida, a transição sempre por todos escolhida: felicidade mal vivida, contudo, tristeza vencida. E como toda ida chega ao fim, durante o caminhar sinto o cheiro do alecrim. Talvez sorriso, tudo que restou de mim.

domingo, 29 de janeiro de 2012

...

Olhei para o céu à procura de estrelas, sentindo a dor que Pessoa não sentia, pensando em que dizia Chico. Encontrei nuvens, não astros, apenas folhas, que com o vento bailavam, quiçá dor e cheiro. O cheiro não era teu, mas a dor era saudade, porém de quê? Do que ainda não foi, do que será por mim, mas que por ti nada sei. Rumo à certeza, mas perco a segurança no caminho, a ilusão encontrou-me, escondi-me, confesso, contudo, deixei-me à visão também. A verdade é que da ilusão não temo, mas do que poderia ser sem ter como o sustentar; medo é o nome que esperava chegar, mas este nunca quererei enfrentar, embora viva ao seu lado.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Uma noite

Olhei para a parede e não vi concreto. Era uma noite diferente, daquelas em que os olhos não veem apenas matéria, mas essência. Minha existência iluminou-se e seu olhar em minha rude lembrança penetrava. Tenho medo que você parta, mesmo que eu saiba que nunca poderia ir muito longe, sempre nos encontramos, por fim. Contudo, se você fosse, já teria eu a maior parte sua. Era sua essência que via naquela noite, transpassada de sorriso, guardado em minha memória. A distância, para nós, é como as estrelas que beijam o Sol e a Lua, e sabem que é só questão de tempo até que estes dois astros se encontrem definitivamente. Enquanto isso, elas embelezam o céu, em conexão momentânea entre os dois. Quando penso em você, não vejo distância, apenas verdade. Em essência, talvez já tenhamos nos misturado por completo. Eu amo minha inspiração, eu amo você.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Ano novo

Hoje é o dia primeiro de um ano que cansou de ser velho antes de se ser propriamente. Um dia tão comum, um domingo ordinário, e a velha sensação gritando de um poço sem fim, a alma. Mais um ano se passou e continuo presa a mim, às desconcertantes indagações do meu eu, às cansativas respostas que necessitam cada vez mais de perguntas. Será assim sempre que me sentirei: o ponto de partida de um fluxograma, cheio de alternativas e opções, essencial em si, nunca corrompido, base das circunstâncias, início, meio e fim. Fugir de mim não consigo, agonia me consome. Tudo ciclo, tudo dia, tudo vida, tudo ponto de partida de um fluxograma, tudo ano novo.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Apelo à inspiração

Em um mundo diferente, adentre-se, mas saiba bem-vinda ser. De velhas estruturas, cansou-se o futuro, e mandou, este, o passado reerguer o presente. De simplicidade jocosa, teu sorriso misterioso traz a iluminação que o passado conheceu, com a qual o futuro sonha; riqueza minha, mar de inspiração. Prometi esconder-te em meu peito ao te ver partir, sabia o que perderia, o que jamais seria, o que sempre foi. Afoguei-me no pranto que desmanchava teu sorriso, o mar secou. Desnorteada pela tua distância, pela presença errante de uma saudade sem palavras, avistei-te. Sua imagem ganhou cor: miragem!, pensei. Tarde era demais, a iluminação do teu sorriso demarcava o caminho na escuridão; entre minhas passadas, como chafarizes, a água jorrada das fontes era, o mar ganhava vida. Minha inspiração, não naufragar deixe a mim, umedeça todos os dias o meu mar, sorria sem nunca ter fim!   

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Até agora

Somos feixes de luz que atravessam os meios, o mundo. Tão diverso, constrastante, o final é sempre o mesmo, contudo. É a vida. Percorremos vias estreitas e distintas, mas os rumos não modificam o fim; tão só e inevitável, este é o momento em que a lâmpada queima e os caminhos lentamente se apagam, escuridão, tornam-se um. Piscam algumas luzes no caminho em que percorro, não sei se vejo matéria ou espírito.Sou apenas alguém, mais um alguém, sou ninguém; perdi-me na promessa do além.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Desejo do não ser

Peço perdão para os que ficam e licença para os que já lá estão. Impiedoso desejo do não ser, desencanta-te de mim, jorra-te por águas ligeiras. E quem sou, para não querer-te? O que és, para de mim enlear-te? Se te chamo é porque de vaidade corrôo-me, mas desta ainda apeteço. Em face do medo que espanta meus olhos, se a liberdade almejo, de ti recordo. Facetas insanas da diversa realidade, um eu. Do que adianta ter-te, se contigo o nada reina? Mas qual a compensação de rejeitar-te, se de ti tudo corre? Não sei o que é esperado que se leia nessa tela, mas agora sentirão o que um dia senti, do que desisti, mas no que vivo a insistir: constante aproximação da morte, eterna ausência do viver. 

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Dois dias

Quem não sabe do que foge, nunca soube o que tem. Tenho fome de mim, mas fujo, e o que resta é apenas contorno, algo morno para alguém, morte. Quem é aquela que no espelho vejo sorrindo, se chora minh'alma? Quem é aquela a quem conhecem, se desconheço? Meu coração pulsa forte e o céu ainda claro está, ouvidos presos aos ruídos, mente em outro patamar. Por onde andas, ainda vive? - perguntou meu eu ao pensar. Vi o nada, escuridão, o pensar só fez meu eu ignorar.

domingo, 25 de setembro de 2011

Indecisão

Vou começar a escrever um texto;  vou não. Melhor pensar: em quê? Melhor não. Do tempo que corre, resta indecisão, dança de pensamentos, tudo, nada, não. Quem sou eu nesse dia, serei a mesma de amanhã seja qual for a decisão? Sim; não! Quem devo ser agora, para amanhã ser quem quererei? E se amanhã for, será que de ideia até lá já não mudado terei? Instantes criam tempestades ou fazem o sol brilhar. Talvez eu seja extremos que tentam se equilibrar. Se não há exatidão, não pode haver indecisão, tudo é sempre novo, viva a criação.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Encantamento

O encantamento é como as folhas, com o tempo seca, mesmo que não na mesma temporalidade. Ele é a predisposição da paixão, que se instala em um precipício, de onde se decide pular, sofrer, amar, ou não. Quando ele nasce, cresce envolto de esperança, como as folhas de vitalidade, e só o tempo é capaz de secá-lo. Algumas folhas secam mais rápido que outras, tudo depende de como são regadas. Todas as vezes que vejo o encantamento nascer, pergunto-me se devo deixar as folhas morrerem, mas acabo regando-as com a água do meu calor; quem seca sou eu.

domingo, 11 de setembro de 2011

Eu não sei

Confesso que não sei o quê pensar, tenho o mundo para falar, mas em minha receptividade nada se concentra. As prosas poéticas cederam espaço para a solidão; sons diversos invadem minha mente, dispersam o pensamento, tudo quer evitar a criação. Vejo-me escrevendo um grande vazio, pensamentos delineados em vão, linhas de desespero entrelaçadas a minha composição. Rimas pobres, mas tão pobres, que tenho vergonha da minha imaginação. Desespero pelo novo, pelo inexistente, desespero por tentar encontrar o que vive escondido na gente e ninguém sente, ou mente... Confesso que não sei, mas que sempre tentarei escrever, embora saiba que nunca, na verdade, saberei.

domingo, 4 de setembro de 2011

Que seja

Abri o olho e era um dia ensolarado, todas as possibilidades havia de existirem momentos felizes, mas foram tristes. Em algum momento eu certamente sorri ou ri, mas isso não demanda algum tipo de felicidade, é só uma distração que nos faz esquecer o absinto. O que um acesso de raiva pode fazer é realmente drástico, ter a chance de acabar com tudo e não ter coragem de magoar os que nos amam é muita generosidade, mas de certa forma é egoísmo destes, quando, enquanto existimos, somos obrigados a ver o esfacelo que a nossa existência causa, não só à vida dos mesmos, mas a nossa também. Um brinde a esse texto de merda e à vida que não vale a pena ser vivida, afinal, o fim é sempre igual.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Árvores do caminhar

O que guardava para falar não cabe mais em minha mente, muito menos aqui, mas como a história pode ser modificada, pois parte do pensamento que nem sempre está solidificado, venho trazer alegria ao invés de tristeza: Caminho em um deserto que, apesar de grande, não suporta o vazio da morte, e nessa caminhada frustrante de quentura e solidão, quando as solas do pé já quase em carne viva estão e as pernas dormentes, decido olhar para frente. Avisto uma árvore de formosa sombra e embaixo desta encontro conforto e uma sensação de segurança indescritível, agora sim posso descansar, o sol não me queimará mais. Mesmo que eu tenha que continuar caminhando para encontrar um jeito de sair dessa situação, não estarei tão cansada, tão tristonha, pois em algum momento eu vi que é possível ainda até sonhar. Eu sei quem planta as árvores que aparecem no meu caminho.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Tanto faz

Não sei dizer o que é olhar para o dia e nada ver, mas talvez seja melhor do que ver tristeza: um dia ensolarado parece apenas esquentar, não embeleza nada. Às vezes, somos apenas indiferentes e isso talvez seja não enxergar. Porém ver risos, sorrisos, alegria no ar é tão irritante, que dá vontade de todo mundo do meu mundo expulsar. Este é calmo, tranquilo, mas consigo escutar o alheio, que vive ao meu lado, bem agitado. Eu não sei, o dia parecia bom no começo, mas ouvir palavras de uma das pessoas que mais amo faz-me chorar, escrever isso me faz lágrimas derramar, é tudo terminado em ar, tudo confuso, o texto tá uma merda, mas se hoje é o dia de chorar, que choremos por tudo. Tanto faz.

domingo, 14 de agosto de 2011

Rotina e escrita

São sete horas da noite de um domingo, e o que vem em mente, rotina amanhã que consumirá a gente. Não sei por que quando penso em escrever, o que não estava fazendo no momento, mas deveria, as horas param. Como explicar que um sonho parece distante e perto, que o sentido da vida ainda está em aberto? Eu não sei muito bem ainda porque a rotina se vive, mas a experiência faz parte da escrita, porque nos faz sentir coisas novas a todo momento. Então, submeto-me à rotina para enriquecer minha escrita e eternizar-me. Do que adianta ficarmos ricos, se a riqueza fica e somos um dia esquecidos? Grandes escritores jamais morrerão, serão sempre lembrados, são textos de enterro e nascimento, são reciclagem vivencial, porém, em algum tempo desse momento, foram apenas seres que sentiram a rotina de uma vida supostamente normal.

sábado, 13 de agosto de 2011

Apenas um percurso

Sento no ônibus, o que resta é pensamento. Será que se pensa o que penso, ou só se observa o movimento? O ônibus passa devagar, grande Beira-mar, mas as faces, na realidade estampadas, não ficam mais fáceis de se interpretar. O ônibus agora se apressa, ouço conversa, riso, um grito. Quem chamou a velocidade? Um homem puxou a cordinha e o ônibus vagarosamente deu a sua paradinha. Um celular toca, mas eu volto ao pensamento: eu gosto de conversar com você, mesmo que pouco, porque acabo tendo ideias. Queria dizer mais do que palavras podem, queria que sentisse minha admiração e me dissesse como falar para a mente, teimosa e sorridente, a quem admirar. Talvez a admiração seja mais forte que a razão, talvez não, mas está nos olhos de quem se vê, nos pensamentos transpassados, na ação. Somos feitos de gostar de pessoas, de relações de todos os tipos, e dentre as melhores destas, ela sempre está presente. É bom admirar-lhe, contudo perigoso é quando a mente ilude o coração, pintando os limites da razão. Cheguei ao meu destino, abertas as portas estão, só há duas alternativas: partir ou esperar até que você apareça nessa estação. O tempo passa, os passageiros mudam, porém o coração nunca deixa de ser embarcação.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Enoja-me

Enoja-me ler certas coisas. Coisa complicada é essa que chamamos de relacionamento. Pode ser de qualquer tipo, qualquer gênero, nunca é tão simples quanto parece. Sempre há reclamações, todos têm reclamações, o problema é que elas são sempre as mesmas, e se todo mundo sofre com a mesma coisa, todo mundo comete o mesmo erro, logo, por que reclamar se faz o mesmo? Por que questionar a atitude alheia antes de questionar a própria? É sempre a mesma questão, queremos a mudança sem mudarmos, queremos o valor sem ter que darmos, queremos tudo, mas ceder, que é bom, nada, e é isto o que resta da multidão. A solidão nunca deixou a desejar. Ó, doce hipocrisia, que nos faz vítimas, embora atuantes deste mesmo sofrer. A verdade é que essa corrente hipócrita nunca irá se desfazer: enoja-me ler certas coisas. Vou ver tevê.

domingo, 7 de agosto de 2011

Há negativo e positivo

Tem dias em que o futuro parece mais incerto, como se seguisse um caminho que em nenhum momento é reto, feito de curvas, como sintonia de canção, sem nunca poder ver onde a origem e o fim encontrar-se-ão. Tem dias em que a vida parece não ter perspectivas, dúvidas ativas pairam sob o piscar, o fechar dos olhos veem o que não queriam enxergar, o fim sem iluminação, imagem boa, ação; apenas mar de ilusão. E entre os barcos em que se navega, uns são abatidos no caminho, outros suportam a ventania e a tempestade cruel da noite. Estes talvez fossem mais pesados, talvez tivessem mais gente, dificilmente se suporta as tempestades da vida sozinho, não que seja impossível, mas, certamente, é bem menos suportável e vivente.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Deixa que o tempo cura

Demorei para entender o que os livros dizem, demorei para imaginar que você já não mais existe. Eu não sei bem o que deu em mim desde a primeira vez que lhe vi, mas tira-lhe o mérito é muita injustiça, por isso digo que me apaixonei e simplesmente perdi. Incrível é que não sofro sozinha, e, se olhar para o lado, seus ombros estão ocupados do choro de alguém próximo, mas a história do alguém, de um amigo, outrem, não é tão melancólica quanto a sua, não é tão triste, tão dilaceradora. E o que tem demais? Ele simplesmente perdeu alguém, pensamos; mas pensar não é pior, temos a audácia de dizer: não fica assim, passa, com o tempo passa. Falamos com toda a certeza do mundo que o tempo vai lavar tudo que sentimos hoje, que estaremos inteiros novamente como se em um passe de mágica, só que ninguém nos ensinou a abrir mão do sentimento, da felicidade que antes sentíamos, e que agora desejávamos nunca ter conhecido. Mas o que eu demorei para perceber, é que quem eu amo é mais uma ilusão minha do que a própria pessoa, é idealização da alma ideal, da alma gêmea... Ando mesmo me afastando de você, e vivo nesse ciclo viciante de mudança de opinião, ou você é a razão da minha vida, ou o lixo que ninguém recolhe do chão.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O tempo dos leões selvagens

O tempo que corre certamente não é o que se conhece. Como sombra de automóvel que acelera em um dia ensolarado e sem tráfego, o tempo passa despercebido por nossas rotinas cheias de leões selvagens escondidos. É invejável a disposição do tempo. Este é um mutante que conhece a rotina, mas desconhece o marasmo. Os leões escondem-se, mas o tempo nunca se cobriu com o manto da serenidade. O tempo nunca teve pressa, mas nunca se atrasou; ele é intolerante aos que nunca tiraram seus leõs das jaulas e fizeram zombaria da calmaria. O tempo é previsível a curto prazo, e os leões vivem muito bem escondidos; porém, a longo prazo, o tempo se torna imponderável, e serão nessas horas que apreciaremos a selvajaria daqueles que por muito se calaram.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A dor do sentir

Se transpareço um sorriso, a tristeza ainda existe, mas se dizem que dela carrego-me e envaideço, ela agora se permite. Assim como o louco, que só vive sua doença quando a realidade lhe é imposta, só vivo minha tristeza quando alguém bate à porta e grita-lhe como quem procura não achar resposta. Quem dera ser ilusão, algo que chamo do além, quem dera ser criação, grandes nuvens dentro de um armazém. Não julgo a tristeza, ela não é ruim; felicidade não é ausência de tristeza, mas fantasia desta, que sempre foi parte de mim. Se sorrio, é porque sou triste, se choro, é porque em alguns momentos fui feliz e se escrevo, bom, se escrevo, é porque vivo bem assim.

domingo, 24 de julho de 2011

É tão engraçado

Sabe, é tão engraçado: o tempo passa, você pode contar os segundos, pode estar parada ou fazendo alguma coisa, mas o tempo passa, e tudo é muito rápido. Minha memória está perdida em algum tempo atrás, pisco os olhos, penso em outra coisa, o presente não me agrada, as dúvidas surgem, nunca sei o que é demais, o que é de menos, o que é esperado, o que é real e o que faz parte apenas da minha imaginação. Talvez eu esteja nessa viagem sozinha, talvez eu queira estar, mas assim provavelmente não quereria se a viagem não fosse apenas pelo mundo da fantasia. Eu queria ter certeza, mas a dúvida é bem mais esperançosa. Sabe, é tão engraçado: eu nunca vou saber o que quero saber, nem tenho coragem de perguntar, mesmo que essa dúvida perturbe minha mente complexada todos os dias. E o tempo simplesmente passa.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Até logo!

Ondas de calor invadem meu corpo, rios de água quente e fria escorrem por entre olhos, boca, nariz... Estás ao meu lado, e ao mesmo tempo que sinto tua partida, tudo parece tão igual, um dia como tantos outros... Não choro a distância, mas sorrio a tua presença neste momento e no futuro não tão distante, pois sabemos que retornarás, temos tanta certeza, que mesmo que esse não seja o plano agora, acontecerá de tantos pensamentos semelhantes para que isso ocorra. Não é justo chegar e tão cedo partir. Ainda é dia e turvo é o adeus. Até logo!

terça-feira, 19 de julho de 2011

Memória desdobrada

Em alguma tarde perdida de julho, por entre a poeira do meu ámario, encontrei um sorriso amarelado pela saudade e um brilho que cega quem encara teu olhar diretamente. No desdobrar da memória, esse sorriso ainda me encanta; no desgaste das lembranças, a admiração que ainda sinto ao ler estes versos me espanta:

"Sento-me aqui a te esperar. Ver-te é a iluminação de uma noite sem luar... Rosas se abrem, passarinhos emudecem, girassóis se viram para ver-te passar. Não é poesia, é só um momento; o momento de eu te admirar."

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Saudade

Saudade é futuro e passado, nunca foi presente. É ausência de alguém, de um bem, de algo que transformou a gente. Com a semente da amizade não é justo o chegar e partir rapidamente, queria brotar, ser árvore, crescer exponencialmente, e no balanço do vento que sopra de lá, sentir teu abraço em suas folhas. Contudo, não é mais tua presença que a regará, mas a saudade que espremerá minhas lembranças e delas sairão choro e riso. Chorarei tua ausência e rirei tua presença passada. Foi incrivelmente bom te conhecer.

"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Arte abstrata

Pensa comigo que eu pensei contigo que arte abstrata também por palavras se faz. Mas o colorido não vem do pincel que esmaga a tinta e reproduz cheiros fenomenais: lembranças que inspiramos colorem a mente que recepta as formas que o grafite traz. Pequenas, grandes, rimosas, são apenas palavras que se distraem, e seguindo caminhos distintos encontram-se em lágrimas, sorrisos, pensamentos que do coração extraem. E já sem ar, com o lápis na mão, o escritor não quer mais fazer adoração, quer ele se esgotar no mar da imaginação, afogando-se entre letras; letras que, um dia, eternizá-lo-ão.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Adeus

Eu sempre acreditei no amor, o problema é que sempre acreditei no amor que eu conheço; porcaria subjetiva. Meu amor por você é tão intenso que não são marcas que habitam meu coração, mas buracos, estes tão profundos, que nem sempre o sangue circula bem pelo meu corpo; falta ar. Não sei bem onde mais há buracos, acho que em minha mente, pensar direito não consigo quando é sua imagem que vem a minha cabeça. Eu te amo tanto que poderia começar tudo de novo, te amo tanto que à noite, ao teu lado, o sol nasce para demonstrar a tua iluminação em minha suposta vida, te amo tanto que sem você não existe vida, eu me acostumei com alguma coisa, dei razão de existência a minha tristeza, e a única atividade é escrever minha própria solidão. Porque mesmo com todos os corações do mundo eu estaria só: nunca mais recuperarei o seu. E eu sempre acreditei no amor; porcaria subjetiva. Enfim, adeus.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Quadro

Olhei para frente e era só grama e árvore, avistei o que deveria ser um quadro. Vida cheia de possibilidade, não havia vento, sequer algum sinal de vitalidade, apenas fungos que apodreciam a casca da ansiedade: foi aí que percebi que o tempo passava. Com tantas rimas pobres, vi o que ele não viu: estava sentado a minha frente e apenas sorriu. Olhava para o chão de um modo desajustado, sombra apenas via, rosto penumbrento. Esqueceu-se da beleza do sol ou do brilho da lua, esqueceu-se que ama as coisas simples da vida, esqueceu o que estas são, confundiu com rotina toda a emoção, toda a musicalidade, toda a novidade da noite que amanhece e do dia que entardece. Contudo, em seu sorriso vi uma confissão: acredita ainda no amor, na beleza do coração, por isso sorri, mesmo que viva solidão. Olhei para frente, avistei o que deveria ser um quadro; jogaram solvente, vida chorou.

domingo, 19 de junho de 2011

Reflexos

Passando pela rua deserta da madrugada incerta que cisma em cair, vejo que a lua acompanha meu caminhar; quanto mais lestas são minhas passadas, mais rápido a sinto chegar. Está tão perto, de uma pulcritude incomum, que passo sobre a desconfiança dissertar para decerto a lua apagar-se. Continuo andando, não é só mais o som do mar que ouço, há barulhos desavindos: passadas sincronizadas?, questiono-me. As poças no chão permitem-me ver o fulgor da lua, e se vejo essa beleza, deverei agradecer aos revérberos que aquelas me proporcionam, os pensamentos correm soltos. Agora os barulhos estão ficando tão próximos, que me ponho a correr. Passam um, dois, três, quatro, dez metros; ouço apenas o som do mar, gritam meu nome. Olho para trás e a surpresa alcança-me. Os reflexos que vejo não são da lua, mas do sorriso que alguém traz para mim. Sorrio e fim.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Bonde

Caminhando pela rua estou quando passa por mim o bonde.  Como instinto, sem ouvir seu apito, subo rumo ao horizonte. Pulo em uma ideia, a mente é filosofia e pensamento, evolução das palavras sem comprometimento. E o bonde passa. Vou de encontro à ventania, apertados olhos veem noite e dia, lugares descrentes, ideias eloquentes, paixões aborrecidas, mulheres esquecidas, ruas diferentes, ambientes complacentes, flores escolhidas, palavras encolhidas... O caminho vai ficando diferente, no tumulto há muita gente: o que a multidão faz ali em frente? O bonde foi parando, e dele dei um salto, as ideias correram feito formigas para o asfalto. Caminhando pela rua estou quando passa por mim um carro...

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Alma

Ela foi. E mesmo que se ame intensamente, mesmo que seja eternamente, ela simplesmente foi. Dedos frios cobrindo palavras por escritas estarem sobre o papel. Não tem volta, tudo que se tem é grafite, limite para o que se vê, solidão do corpo: ela se foi. Disse o corpo que precisaria ficar, que sorriso iria se espalhar, que palavras iriam ser proclamadas se ele simplesmente fosse junto com ela? A quem iriam ver? Mesmo que vazio, o corpo sabia que devia permanecer. Por que ela desistiu, o corpo não entendia, tinha possiblidades, uma vida. Não deixou nada escrito, carta ou poema, apenas disse adeus com uma lágrima que do corpo escorreu. Ela se foi, o corpo gelou, a alma viveu.

domingo, 12 de junho de 2011

Foco

Tenho muito o que fazer, tenho nada a fazer. Falta-me foco, é o que dizem. Foco? De uma vida minha o que falta sou eu, não foco; de duas palavras suas falta o você para mim, não o te adoro; de três suspiros falta um sorriso, não uma lágrima; de todos os cheiros falta o da chuva em terra molhada, não os perfumes que escondem a essência da vida. Talvez falte-me o viver que quero, o almejar que eu espero, não falta foco para o que expecto de mim, só para a vida mecanizada que mata a alma e sem perceber não ouvimos mais pássaros que cantam nem percebemos que as árvores também sentem frio. Falta-me foco para o que não sou, para o que nunca serei; falta-me tempo para foco, para pôr fim a uma alma errante e entrar no paraíso do viver em prol de constante novo propósito.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Pela manhã

Sem espaço pelo rumo e no tempo desajeitado, contrastado com as ações, o desejo do teu beijo não sai da cabeça. Estás sempre tão perto, mas tão longe, que te ver é quase o suficiente. Mentira! Ver-te é como anestesiar-me da realidade: quando estás triste, meu dia é nebuloso, porque não gosto de te ver assim; quando sorris, quando estás feliz, posso sentir que o mundo ainda tem chance. E, ah, quando eu te beijo... Quando te beijo sinto que nada falta, quando te abraço sinto-me tão confortável, tão completa, que nunca mais largaria. Meu termo é meio exagerado mesmo, mas assim protejo-me... Acordei e tu não estavas mais aqui, a ideia de um chocolate quente naquela manhã causava-me repulsão. Fui até a varanda e sentei-me para distrair a mente da cena vazia, mas eis que tu não havia saído há muito tempo: avistei a ti em passos rápidos e curtos saindo do apartamento em direção à tua casa. Um furacão passou em minha mente: vou atrás ou fico aqui? Por que sair assim? No que tu pensas? ... Mesmo sem escolhas, decidi não ir atrás de ti. Na verdade, esperava que a lágrima que escorria em minha face escorresse também na tua, mas tu não caminhavas em minha direção. Triste manhã de uma noite feliz ou noite feliz de uma triste manhã. Aproveitei o momento, mas esperava que ele nunca acabasse, ou se repercurtisse no tempo. Eu sei o que temes.

domingo, 5 de junho de 2011

Falta

Falta-me observação, paciência do tempo, da existência, da experimentação. Falta-me uma nova ilusão, contraste, felicidade, realidade, tristeza, divagação. Falta-me qualquer coisa, qualquer simplicidade, praticidade, qualquer não complicação. Falta-me querer existir, querer resistir, perfeição. Falta-me orgulho, um pouco de determinação. Falta imaginação, falta eu, falta nada mais não.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Ode à ilusão

Sem poder nada fazer, avistei uma cadeira, sentei-me, tive uma ideia: 'Não, não foi esse alguém que lhe roubou de mim, mas a ilusão que decidiu escapar-me...'
- Chega! - a mente exclamou bravamente - Pegue seus óculos e vamos mudar esse discurso.
Com descrença, peguei meus amigos imaginários, os óculos não possuíam lentes de grau, e encostei a lapiseira ao papel:

Oh!, doce ilusão, obrigada pelo presente que constante concedes-me.
És luz para minha escrita aveludada, cheias de paixões extravasadas.
Se sinto o teu cheiro, teu perfurme é esperança.
Iludir-me é como viver uma felicidade em mim;
não há compartilhamento; é segredo que conforta e faz sorrir
Teu fim, ilusão, é sempre triste, mas teu início é tão compensador:
as pessoas geralmente se iludem mais de uma vez por amor.
Oh!, vil ilusão, nunca me deixe sem teu encanto,
vague sempre ao meu lado para contigo compartilhar meu pranto.


Folhas

Estava a nada fazer e pus-me a debruçar no parapeito. Não havia por perto ninguém, podendo circular livremente a brisa, que me gelava gradativamente. Ansiosamente em devaneio, olhei para a árvore que vivia perante a mim, e as folhas balançavam. Não eram totalmente verdes ou novas, eram velhas e cheias de histórias, que eu gostaria de contar... Se até as folhas sofrem com as pragas, remexendo-se esburacadas, sem caber-lhes um pedaço; quem sou para reclamar dor, da qual me satisfaço? Tudo que vive está suscetível a perder o encanto, a diferenciar-se pelo pranto, envelhecer: o que foi bonito nunca volta a ser.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Oi

A primeira conversa que ultrapassa o simples "oi" gera sensações. Engraçado é perceber como agimos durante e após a conversa, como as tais sensações nos guiam. Se ao prolongar uma conversa, sentimo-nos nervosos, talvez seja porque previamente achávamos que ela seria interessante. Mas até que ponto conseguimos saber se o nível de interesse de alguém pela conversa é semelhate ao nosso? Algumas pessoas são apenas simpáticas, mas acredito que sinais existam, que detalhes sejam essenciais neste tipo de observação. O grande problema é que a observação, nesses casos, pende para o lado subjetivo, para o que queremos enxergar. Então, esclareça-me: eu vi tudo que deveria ter visto ou vi demais? Será que a resposta da pergunta que me faço no momento está a meu favor? Será que falei o que não devia? Relembrando, parece que me enrolei com as palavras. Eu não sei, eu senti um nervosismo ao falar com você, daqueles que só sentimos quando nem sabemos que é esperado algo a mais: somos pegos de surpresa, como se esse nervosismo conhecesse o destino, e surgisse do além de nós.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Onze minutos

Tenho sete minutos para escrever um texto, agora seis, e em minha loucura sempre acabo falando do que na realidade não posso ter. Está tão perto, e tão longe; abraços são como presentes e adeus. A confusão é grande diante da vida, mas nunca confundo minhas inspirações. Se hoje escrevo coisas bonitas, são para você, mesmo que seja em segredo e aqui não esteja. Se desenho, surge seu nome, este tão diferente, deve ser por isso que não sai da minha cabeça. Não, não é pelo sorriso mais bonito ou pelo olhar mais penetrante que imagino diariamente seu semblante, mas porque seu nome é destoante do restante. Acabou meu tempo, mas abuso dos minutos, porque se ao ler, você estiver mais perto por um segundo, terá valido minha emoção, terá valido mais esse pensamento transcrito por paixão .

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Rosa

A vida é engraçada: enquanto alguns adoram a felicidade, ah...!, eu adoro a tristeza. Não tem outra explicação: quando lhe conheci era tudo tão fácil, porque era arbitrário e devaneio, simples era me convencer do contrário, de que o bom era ruim, de que você não era nada além do que projeção de perfeição da imaginação. Mas, veja só, os dias passaram, e eu lhe conheci melhor, não que você não seja ainda parte mistério, contudo, sei mais do que sabia antes... Porém, não é o fato de eu saber mais de você que me faz querer-lhe sempre mais; não!, é porque ao seu lado parece não haver vazio ou tristeza, eu aprendo a viver novamente por alguns instantes, e no seu sorriso vejo um mundo de possibilidades. Por ser parte mistério, não entendo porque ainda aceito estar com você, é mais forte que eu, não há como rejeitar, pois do seu lado não sairia se fosse possível. Contudo, sei o que me espera depois, e não é bom, mas é humano, não é bom, é dor. A rosa tem curta vida, e nem por isso tem medo de nascer e transformar sua semente em poesia para nossos olhos, em poesia para qualquer amor, basta que saibam como regá-la e ter quem isto queira fazer sem medo de se machucar em seus espinhos. Ah, eu devo é ter me apaixonado por você...