domingo, 14 de outubro de 2012

Mais uma vez

As palavras me cansam e descansam, são desgosto e pranto, mas sorriso. Escrever é turvar a visão em direção ao sentido. Estar aqui com as mãos sobre letras que podem originar um texto é magnífico... Mais uma dose de vida, de tristeza, de alegria, de sentimentalismo, de agonia, de frieza, de aconchego, do seu sorriso, apenas mais uma dose de lirismo. Como uma miragem no deserto, uma analogia tão batida, as frases caminham em minha direção. Uma surpresa: sua imagem. Lascas de memórias espetam minha cabeça: um abraço, uma cama, um amasso, um beijo, um jantar, um cinema, o mar, um amor; histórias que se completam sem se completar; enredos de novela em meses a recuperar. Tudo rimado se perdendo pelo infinitivo do ar, do ser, ver, remexer, remoer, transcender; mais uma vez, apenas escrever.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Ó, divina ética!

Talvez seja só vontade, mas de deixar esse mundo cruel de uma vez construo o meu sonho. Que fique difícil para os ignorantes que tentam decifrar de forma a retorcer a belíssima prosa, nada poética, leiam; sim, algo de diferente entre palavras de um eu, algo de inconsciente raivoso que penetra subitamente, mas vai. Vai porque não me assemelho aos que nada são, pois nada menos fui. São os que se acham ser - vil ilusão, que acham ser o que não são, acreditam ser o que nunca serão, estagnarão, para sempre, flutuarão. Ruínas de solidão é o destino dos que semeiam a vida em chãos de areia... A   r   e   i   a.... Tudo tão passageiro, tudo tão não mais, tudo tão sendo, o tudo que nada menos é. Nada é para os que não são, contudo eu, eu sou menos que o nada. E o menos que o nada, mais uma vez, é o tudo. E só o tempo, que carrega o vento pesadamente pelas costas, sabe qual areia se moverá lentamente a empoeirar levemente o chão de mármore que cismo em pisar, mesmo querendo cair, tenho o que sempre sustenta-lo-á: ética.


quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Imaginação

Vivo do delírio do silêncio e dos atributos que a loucura, por outros dita minha, fornece-me. A dor sempre será o clímax do mundo, ela existe sem a felicidade, mas já não se pode dizer o mesmo do inverso. Se me engano, sei que não é realidade; não, nunca será. O mundo é palco do sentimento, é quadro preto e branco que se vê com os olhos do colorir, é rima, não letra. O mundo flui e a vida é.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

O que for

Por vezes escrevi deixando a beleza do incerto me guiar, como se não soubesse o que escrever, as frases de repente surgiam em minha ideia; ficava bom e ruim, espontaneidade seria a palavra para definir o momento de, por exemplo, agora. Espontaneidade que se perdeu entre páginas de livros que nos forçam goela abaixo para beirar a glória, visão distorcida de uma realidade que não depende nada do que se faz. Nem sei o porquê de escrever esse texto dessa forma agora, mas escrevo; escrevo pensando no que engolir sem mastigar daqui a cinco minutos, escrevo pensando em um futuro de apenas escrita, escrevo sem saber o que fazer de mim.