terça-feira, 22 de maio de 2012

Ciência e Religião

     Frequentemente vejo pessoas discutindo sobre religião. Algumas delas criticam a Igreja Católica, outras defendem-na, alguns criticam todas as religiões com base em fatos científicos, outros tomam partido a favor das mesmas. Às vezes, pergunto-me se as pessoas se dão ao trabalho de ler um pouco sobre a história do mundo antes de criticar algo negativo ou positivamente, ainda mais quando a discussão se trata de assuntos seculares. É claro que alguém pode ter uma opinião sem esse prévio estudo, construída em cima de observações e, em certa medida, de subjetivismo, mas a argumentação será muito mais intensa se pararmos para ler um pouco mais sobre os assuntos.
    Na verdade, não acredito que uma discussão sobre religião seja válida, a não ser que se tenha o intuito de aprender, pois quando não podemos comprovar algo, não há certo ou errado; aliás, acho que nem o certo e o errado existem como certas pessoas acreditam, é só uma questão convencional, cultural e tradicional. Contudo, preciso dizer-lhes a premissa que me veio à cabeça e me fez escrever esse texto: a ciência é tão falha quanto a religião. Alguns de vocês nesse momento, imagino eu, estão balançando a cabeça negativamente e fazendo cara feia, mas que tal parar para refletir comigo nessas próximas linhas?
     Nenhum homem é imortal, não que se tenha provado até hoje, como ver alguém que nunca envelhece. Logo, a primeira falha que apresentarei a vocês será exatamente a que diz respeito à História do mundo. Ninguém vive para contar a história do mundo para todos e perpetuar a verdade para sempre, logo, dependemos de documentos escritos e da virtude do homem para que possamos saber o que aconteceu, por exemplo, há trezentos anos. Se uma história que contamos para alguém hoje em dia pode ser espalhada como fofoca e tem seu conteúdo totalmente distorcido, será que a distorção de detalhes históricos por milênios não ocorreu? Será que todos foram virtuosos ao descrever os acontecimentos a que assistiram? Não temos como afirmar que sim, nem que não.
    A primeira contra argumentação, e talvez você esteja pensando nisso, que o último parágrafo traria seria: Mas, e os vestígios, as provas de que pessoas, guerreiros, realmente existiram, e as construções, como as pirâmides? Só posso afirmar que algumas coisas podem ser verdade, como há o reflexo da sociedade de hoje, que para chegar onde chegou, provavelmente teve antecedentes, mas não podemos ter total certeza disso, e muito menos dos detalhes. Costumo pensar que a ciência, como comprovadora de fatos, tende à manipulação de resultados, mesmo que sem intuito, para que se consiga provar algo; mas, novamente, afirmo que essa "manipulação" pode ser inconsciente, palavra que não gosto muito de usar, mas é como se o resultado tendesse ao que o cientista quer ver.
    Antes que alguém critique meu texto dizendo que sou a favor da religião ou que não gosto da ciência, deixo claro que admiro a ciência, pois sei que muitos resultados são frutos de longos trabalhos e sinto-me honrada por conviver com pessoas inteligentes como vemos hoje. Só uma observação, pois pensei exatamente o seguinte agora: Onde a ciência quer chegar? Por que a ciência quer curar coisas que as consequências do avanço tecnológico cria? Não é hipócrita? Mas, se formos discutir isso, entraríamos em outra questão, a do capitalismo, e prefiro deixar essa discussão para outro momento, pois estou farta, no momento, e sempre estarei, de pessoas que só buscam o lucro na vida.
   Bom, acho que uma parte da minha assertiva já está bem argumentada, agora falta dizer o porquê da religião ser falha, mas não farei isso com base na ciência, pois, se usei a ciência para explicar ela mesma, também usarei a metalinguagem para explicar o caso da religião, mas com ênfase na Igreja Católica. Na verdade, vou relatar aqui só o dualismo entre a Igreja Católica e a Ciência, então, argumentarei só com base nela.
   Como usarei a metalinguagem, não vou suar argumentos batidos sobre a história da Igreja Católica, que é realmente tensa e mostra o interesse político e social de uma classe. Além disso, dizem que a Igreja agora é reestruturada, que, com o tempo, ela foi mudando; como não conheço as estruturas religiosas atuais, mas frequentei algumas recentes missas, pois meus pais se alegram com a minha presença em tais cultos, usarei argumentos somente relativos aos ensinamentos que a religião católica prega.
    Talvez eu não precise me esforçar tanto para este segundo e último argumento da assertiva primordial. Desde que me conheço como gente que vai à missa, aprendi que existem dois ensinamentos que são essenciais para quem quer viver de acordo com a prática do bem, e segui-los, ou tentar, é estar vivendo dentro dos preceitos de Deus. Tais ensinamentos, que estão expostos no segundo testamento, nem sempre são seguidos pelos próprios eclesiásticos, e não preciso listar casos comprovados, ou seja, confessados, ou pegos no ato, de atitudes assim vindas de membros da Igreja Católica. Não quero provar que a religião católica é ineficiente, pois ela não deve pagar pela falha humana, mas ela também foi construída por homens, homens virtuosos e, certamente, havia a parcela dos homens desvirtuados nesse meio, ou talvez fossem estes maioria; isso é o que nunca poderemos saber.
   Mas, diante de tudo isso, ao invés de querermos que a existência da Ciência exclua a Religião e vice-versa, podemos tentar olhar o lado bom de cada um desses ramos tão iguais de alguma maneira... A Ciência busca a salvação de vidas pela cura de doenças, que podem ter sido causadas pelas mudanças decorrentes da evolução capitalista, que também diz respeito a outro ramo da Ciência, mas ela faz sua parte, além de outros setores científicos; já a Religião tenta salvar as pessoas pela fé. A fé não está ligada somente à religião, acreditar em um Deus não é estar ligado a uma religião, mas acho que esta é essencial para o ensinar da fé, para dar a base para quem quiser escolher entre ser ateu, agnóstico ou ainda um religioso ou um adepto de alguma religião. A religião, de certa forma, mostra-nos que devemos respeitar os outros, o que é essencial para a vida humana. Contudo, vocês devem estar se perguntando: mas como uma religião salva a vida de alguém? Bom, vejo que as pessoas que querem mudar, que querem entender o que é ter bom senso, também podem procurar ajudar em algumas doutrinas religiosas, pois alguns preceitos, e digo mais pela religião que conheço, e pelo pouco conhecimento de algumas outras, quando seguidos verdadeiramente ou entendidos, podem fazer a diferença.
   Particularmente, prefiro a Filosofia, pois ela simplesmente é, e não pretende ser mais que falha.

Vida em reflexão

Tudo por um instante ficou tão claro que eu podia sentir o porquê de respirar, e nesse momento eu tinha trezentos motivos para não o fazer. De alguma forma, sinto que minha missão se cumpre aqui e nenhum tipo de papel conseguiria comprar o meu pensar, a minha criatividade, o meu eu. Pois que deixemos a vida prática para aqueles que desistiram de viver, porque eu quero o tudo, mesmo sabendo que ele nada é. O vazio é tão cheio de sentimento, de pensamento;  tenho pena daqueles que se orgulham pelo completo, pois este nunca será. É estranho viver em prol de um objetivo prático, pois quando este é alcançado, o que se fará da vida? Será que será vida? Será que já foi vida? Por isso vivo em prol do pensamento, desse tudo querer amparado pelo nada, pela certeza de que a vida é apenas reflexão.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Lagos

Corri contra o vento; ou será que foi contra as horas? As horas, as horas, as horas... Eram apenas segundos, infinitos segundos que pingavam sem que percebêssemos o desperdício que se anunciava. Contudo, teria sido desperdício se os segundos tivessem escoado pelo ralo, mas foi formado um lago. Lago esse que continha a solidão em riqueza de detalhes, o único em que me banhava sem perder as camadas de pele; um lago confortável, e só talvez feito de lágrimas. Lágrimas feitas de segundos não gastos pela frieza da rotina, mas chorados pelo pensar. Acho querer convidar alguém para dar um mergulho, mas preciso que entendam que esse lago é a razão da minha ainda existência. Corri contra as horas, mas a favor do vento, por isso os lagos foram formados em diferentes viagens, apenas fechava os olhos e esperava para sentir a brisa que chegaria para me carregar. Esse é apenas mais um lago. E o que você achou desse mergulho?

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Mais uma vez

Tenho detestado a cor do meu sorriso, não pelo café de amarelado, mas porque seu olhar não o faz mais brilhante. Tenho detestado o gosto das minhas lágrimas, pois estas não são feitas de partidas doces ou estadas salgadas; será que ainda são lágrimas? Todo rio um dia seca, eu não posso afirmar isso, nem você, pois não estará aqui se um dia ele secar. Meu rio ainda não secou; se ele secar um dia,... não serei eu que estarei nesse corpo, pode ter a mais pura certeza, e isso eu posso afirmar. E só posso porque sou constante na minha inconstância, coisa que não lhe faz muito diferente de mim; então chega de me fazer experimentar da sua ausência, que eu lhe mostrarei como sorrir mais uma vez, como chorar de saudade, como morrer de paixão. Largue o seu coração, deixe-o bater, deixe que ele lhe mostre como é novamente viver. Tenho detestado o fim dos meus dias, tenho me arrependido por não mais ouvir de você.

domingo, 13 de maio de 2012

Sombra

Está calor, mas não o sinto pela pele, respiro-o. Sinto ondas calorosas invadirem meu corpo na brisa fria, algo me diz alguma coisa, tudo me diz o nada. Deixei o sofá em que estava e me acomodei rapidamente atrás de uma poltrona de couro. As luzes estavam acesas, mas ali havia sombra. Sombra; era disso que precisava. Não sei se era porque não via mais o vértice da parede que caia sobre mim em cor de céu, ou se porque parei de pensar na vida. Estava frio agora, tudo parecia incerto, é a noite, é a intensidade. Dormi naquela sombra, pois lá me senti segura; dormi de cansaço, criei um lago naquela noite que nada havia de escura. Eu via tudo, eu vi o meu caminho, mas naquela sombra simplesmente esqueci de existir, adormeci.

A vida

A vida deve queimar. Acenda-a! Vida que não pega fogo não envaidece do gosto amargo, porém não conhece o lado bom. Vida que carece de tristeza é uma vida de ilusão. A vida só fumaça é, consequências que se desfarão quando nem ao menos se quer. Então, sente-se e acenda mais um cigarro, que tudo é esquecimento, só restará a essência, que em constância se encanta pelo cheiro do tempo. Encanta-se por ser permanente e ri do momentâneo; mas ri de desespero, pois bem conhece a própria dependência: se um momento é efêmero, o que se ousa chamar de permanência? Junção de todos os momentos, que momentâneos já não são; colcha de retalhos, essência, costurada por lembranças ou pela imaginação. Tem um isqueiro aí?

domingo, 6 de maio de 2012

Talvez lua, talvez sorriso

Olhe para a lua, veja se consegue visualizar a meia lua da lua cheia; um mundo tão corrido de preocupações tolas não dá espaço para as belezas simples da vida, e se em algum momento não pararmos para estas admirar, talvez a maior graça da vida passe despercebida como as nuvens. Eu pedi para você olhar, e se conseguisse ver ao menos o chorar da flor refletida em brilho, o despetalar daquela margarida, o meio sorriso da noite, se conseguisse ver aquela simples beleza que ali de nós corria, poderia dizer estar ao seu lado ao menos por um minuto. A distância entre nós agora é grande, mas talvez a distância entre a lua e mim e ela e você seja a mesma, e só talvez poderíamos de alguma forma estar mais perto pelo brilho da noite. Não sei se você viu, se sentiu, mas eu vi, e tudo parecia tão calmo; as preocupações viraram nuvens, você para mim sorria.