domingo, 13 de maio de 2012

A vida

A vida deve queimar. Acenda-a! Vida que não pega fogo não envaidece do gosto amargo, porém não conhece o lado bom. Vida que carece de tristeza é uma vida de ilusão. A vida só fumaça é, consequências que se desfarão quando nem ao menos se quer. Então, sente-se e acenda mais um cigarro, que tudo é esquecimento, só restará a essência, que em constância se encanta pelo cheiro do tempo. Encanta-se por ser permanente e ri do momentâneo; mas ri de desespero, pois bem conhece a própria dependência: se um momento é efêmero, o que se ousa chamar de permanência? Junção de todos os momentos, que momentâneos já não são; colcha de retalhos, essência, costurada por lembranças ou pela imaginação. Tem um isqueiro aí?

Nenhum comentário: