terça-feira, 30 de agosto de 2011

Árvores do caminhar

O que guardava para falar não cabe mais em minha mente, muito menos aqui, mas como a história pode ser modificada, pois parte do pensamento que nem sempre está solidificado, venho trazer alegria ao invés de tristeza: Caminho em um deserto que, apesar de grande, não suporta o vazio da morte, e nessa caminhada frustrante de quentura e solidão, quando as solas do pé já quase em carne viva estão e as pernas dormentes, decido olhar para frente. Avisto uma árvore de formosa sombra e embaixo desta encontro conforto e uma sensação de segurança indescritível, agora sim posso descansar, o sol não me queimará mais. Mesmo que eu tenha que continuar caminhando para encontrar um jeito de sair dessa situação, não estarei tão cansada, tão tristonha, pois em algum momento eu vi que é possível ainda até sonhar. Eu sei quem planta as árvores que aparecem no meu caminho.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Tanto faz

Não sei dizer o que é olhar para o dia e nada ver, mas talvez seja melhor do que ver tristeza: um dia ensolarado parece apenas esquentar, não embeleza nada. Às vezes, somos apenas indiferentes e isso talvez seja não enxergar. Porém ver risos, sorrisos, alegria no ar é tão irritante, que dá vontade de todo mundo do meu mundo expulsar. Este é calmo, tranquilo, mas consigo escutar o alheio, que vive ao meu lado, bem agitado. Eu não sei, o dia parecia bom no começo, mas ouvir palavras de uma das pessoas que mais amo faz-me chorar, escrever isso me faz lágrimas derramar, é tudo terminado em ar, tudo confuso, o texto tá uma merda, mas se hoje é o dia de chorar, que choremos por tudo. Tanto faz.

domingo, 14 de agosto de 2011

Rotina e escrita

São sete horas da noite de um domingo, e o que vem em mente, rotina amanhã que consumirá a gente. Não sei por que quando penso em escrever, o que não estava fazendo no momento, mas deveria, as horas param. Como explicar que um sonho parece distante e perto, que o sentido da vida ainda está em aberto? Eu não sei muito bem ainda porque a rotina se vive, mas a experiência faz parte da escrita, porque nos faz sentir coisas novas a todo momento. Então, submeto-me à rotina para enriquecer minha escrita e eternizar-me. Do que adianta ficarmos ricos, se a riqueza fica e somos um dia esquecidos? Grandes escritores jamais morrerão, serão sempre lembrados, são textos de enterro e nascimento, são reciclagem vivencial, porém, em algum tempo desse momento, foram apenas seres que sentiram a rotina de uma vida supostamente normal.

sábado, 13 de agosto de 2011

Apenas um percurso

Sento no ônibus, o que resta é pensamento. Será que se pensa o que penso, ou só se observa o movimento? O ônibus passa devagar, grande Beira-mar, mas as faces, na realidade estampadas, não ficam mais fáceis de se interpretar. O ônibus agora se apressa, ouço conversa, riso, um grito. Quem chamou a velocidade? Um homem puxou a cordinha e o ônibus vagarosamente deu a sua paradinha. Um celular toca, mas eu volto ao pensamento: eu gosto de conversar com você, mesmo que pouco, porque acabo tendo ideias. Queria dizer mais do que palavras podem, queria que sentisse minha admiração e me dissesse como falar para a mente, teimosa e sorridente, a quem admirar. Talvez a admiração seja mais forte que a razão, talvez não, mas está nos olhos de quem se vê, nos pensamentos transpassados, na ação. Somos feitos de gostar de pessoas, de relações de todos os tipos, e dentre as melhores destas, ela sempre está presente. É bom admirar-lhe, contudo perigoso é quando a mente ilude o coração, pintando os limites da razão. Cheguei ao meu destino, abertas as portas estão, só há duas alternativas: partir ou esperar até que você apareça nessa estação. O tempo passa, os passageiros mudam, porém o coração nunca deixa de ser embarcação.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Enoja-me

Enoja-me ler certas coisas. Coisa complicada é essa que chamamos de relacionamento. Pode ser de qualquer tipo, qualquer gênero, nunca é tão simples quanto parece. Sempre há reclamações, todos têm reclamações, o problema é que elas são sempre as mesmas, e se todo mundo sofre com a mesma coisa, todo mundo comete o mesmo erro, logo, por que reclamar se faz o mesmo? Por que questionar a atitude alheia antes de questionar a própria? É sempre a mesma questão, queremos a mudança sem mudarmos, queremos o valor sem ter que darmos, queremos tudo, mas ceder, que é bom, nada, e é isto o que resta da multidão. A solidão nunca deixou a desejar. Ó, doce hipocrisia, que nos faz vítimas, embora atuantes deste mesmo sofrer. A verdade é que essa corrente hipócrita nunca irá se desfazer: enoja-me ler certas coisas. Vou ver tevê.

domingo, 7 de agosto de 2011

Há negativo e positivo

Tem dias em que o futuro parece mais incerto, como se seguisse um caminho que em nenhum momento é reto, feito de curvas, como sintonia de canção, sem nunca poder ver onde a origem e o fim encontrar-se-ão. Tem dias em que a vida parece não ter perspectivas, dúvidas ativas pairam sob o piscar, o fechar dos olhos veem o que não queriam enxergar, o fim sem iluminação, imagem boa, ação; apenas mar de ilusão. E entre os barcos em que se navega, uns são abatidos no caminho, outros suportam a ventania e a tempestade cruel da noite. Estes talvez fossem mais pesados, talvez tivessem mais gente, dificilmente se suporta as tempestades da vida sozinho, não que seja impossível, mas, certamente, é bem menos suportável e vivente.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Deixa que o tempo cura

Demorei para entender o que os livros dizem, demorei para imaginar que você já não mais existe. Eu não sei bem o que deu em mim desde a primeira vez que lhe vi, mas tira-lhe o mérito é muita injustiça, por isso digo que me apaixonei e simplesmente perdi. Incrível é que não sofro sozinha, e, se olhar para o lado, seus ombros estão ocupados do choro de alguém próximo, mas a história do alguém, de um amigo, outrem, não é tão melancólica quanto a sua, não é tão triste, tão dilaceradora. E o que tem demais? Ele simplesmente perdeu alguém, pensamos; mas pensar não é pior, temos a audácia de dizer: não fica assim, passa, com o tempo passa. Falamos com toda a certeza do mundo que o tempo vai lavar tudo que sentimos hoje, que estaremos inteiros novamente como se em um passe de mágica, só que ninguém nos ensinou a abrir mão do sentimento, da felicidade que antes sentíamos, e que agora desejávamos nunca ter conhecido. Mas o que eu demorei para perceber, é que quem eu amo é mais uma ilusão minha do que a própria pessoa, é idealização da alma ideal, da alma gêmea... Ando mesmo me afastando de você, e vivo nesse ciclo viciante de mudança de opinião, ou você é a razão da minha vida, ou o lixo que ninguém recolhe do chão.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O tempo dos leões selvagens

O tempo que corre certamente não é o que se conhece. Como sombra de automóvel que acelera em um dia ensolarado e sem tráfego, o tempo passa despercebido por nossas rotinas cheias de leões selvagens escondidos. É invejável a disposição do tempo. Este é um mutante que conhece a rotina, mas desconhece o marasmo. Os leões escondem-se, mas o tempo nunca se cobriu com o manto da serenidade. O tempo nunca teve pressa, mas nunca se atrasou; ele é intolerante aos que nunca tiraram seus leõs das jaulas e fizeram zombaria da calmaria. O tempo é previsível a curto prazo, e os leões vivem muito bem escondidos; porém, a longo prazo, o tempo se torna imponderável, e serão nessas horas que apreciaremos a selvajaria daqueles que por muito se calaram.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A dor do sentir

Se transpareço um sorriso, a tristeza ainda existe, mas se dizem que dela carrego-me e envaideço, ela agora se permite. Assim como o louco, que só vive sua doença quando a realidade lhe é imposta, só vivo minha tristeza quando alguém bate à porta e grita-lhe como quem procura não achar resposta. Quem dera ser ilusão, algo que chamo do além, quem dera ser criação, grandes nuvens dentro de um armazém. Não julgo a tristeza, ela não é ruim; felicidade não é ausência de tristeza, mas fantasia desta, que sempre foi parte de mim. Se sorrio, é porque sou triste, se choro, é porque em alguns momentos fui feliz e se escrevo, bom, se escrevo, é porque vivo bem assim.