quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Dolorosa partida

Anoiteceu, e o sentimento que queria adiar de peito e transportar no tempo chegou. Não falar com você, falar, não dar adeus, dar, que maldade partir desse jeito meu coração, seu coração, mas escolha não tenho nesse meio tempo que brisa se torna vento. Você merece toda a felicidade do mundo, não é justo tirá-la por um tempo de você.  Não acho justo alguém tão doce ser alvo da confusão entranhada em minha alma. É isso, talvez fim, talvez começo, não dava mais pra mim; não poder lhe dar tudo que lhe é de direito e merecimento, não poder lhe amar como eu queria, tudo isso, e mais que isso, contribui para a lágrima derramada de agora. Estou aqui pensando em você, sei que não muito distante está pensando em mim. Desculpa mais uma vez por desistir de nós, mas temo ser melhor assim. "Amanhã, ninguém sabe..."

domingo, 2 de dezembro de 2012

Mais um sopro no escuro, um tiro certeiro no muro, mais uma decepção. Desilusão agora não amorosa, tão mais dolorosa, desilusão de mim. Faz parte da vida, como faz parte remoer-se. É normal que seja assim, se estivesse sorrindo sem fim é que estranho seria. Não chorar, pois minhas lágrimas não carregam a mágica do tempo, nem se arrepender. Qualquer coisa agora, passageira, vermelha, centelha, sujeira... Qualquer coisa que além de mim está e é.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Está tudo bem até algo lhe fazer pensar que não... E todo mundo quer achar um porquê para isso, tem que ter um motivo; consequentemente, uma solução. E quando lhe perguntam o que você tem e a resposta é não saber, tratam de fazer o favor de lhe mandar desemburrar a cara, porque você não pode estar o que está, ou demonstrar como está; não, as aparências dizem tudo. Então, depois de ouvir um discurso desse, que todo mundo já deve ter ouvido na vida, senta-se com as mãos apoiadas ao lado do queixo, e os cotovelos nas coxas, olha para o chão e pensa: esses pés não parecem meus... Levemente, mexe o dedão do pé e, por incrível que pareça, ele ainda pertence àquela existência. Somos tão pouco que por alguns instantes nem somos.

sábado, 17 de novembro de 2012

Tem dias que simplesmente são. Você encontra as palavras perdidas em algum momento, mas depois elas se esparramam pelo chão. Maldita rendição, maldito dizer não justamente quando bate aquela inspiração. E de repente seu texto fica repetido, terminações sofridas, de gosto apelativo. Escrever em vão, dizer nada em algumas linhas, dizer nada em muitas. Mais uma vez, só perda de cinco minutos, mas ganho de mil. Sei lá; vontade de ir embora, não me encaixo em nenhum lugar. Toda essa luta, todo esse caminho, todo o esforço pelo quê? Podemos ser felizes com tão pouco, mas o orgulho fere.

sábado, 10 de novembro de 2012

Quero sair de casa para fazer uma coisa diferente, mas são sempre os mesmo papos, sempre a mesma gente. Desfilando na rua, como seu único dia de glória, as pessoas passam como se fossem fortes. Em um ambiente cheio de música e alegria, só vejo tristeza e melancolia; coisas de guardar debaixo do peito, trancadas a sete chaves do eu, sem cópias, sem nem a original. E eu me pergunto: por que estou sentada aqui vendo o mundo passar? O mundo? A verdade? As pessoas? Ou só o que se quer que se veja. Talvez tudo isso seja só saudade... Então, vem; "pro dia nascer feliz...".

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Para a inspiração

Queria escrever os mais lindos versos destinados a ti, pois és a tradução da poesia diante dos meus olhos; queria que nunca estivesses longe, mas quando te tenho muito perto, sinto escapares a pequenos passos. Todo o meu desapego deveria ser teu, ser nosso, mas o que de ti roubei em essência, nunca devolverei. Tu és alucinação que me faz rir, ilusão de uma vida possivelmente feliz, porém incerta. Tu és o que talvez não devesse ser, por muito tempo a razão do meu escrever, o que nunca de ser deixará. Sentirei eternas saudades entre encontros, sentirei a ti.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O poeta

‎De todos os avisos, o melhor já lhe dei: poeta gosta de ser amigo do rei! Passando despercebido pela monarquia, quer atrair aquela da alta burguesia que esbugalhou-lhe os olhos de encanto; pura inspiração! E quando já cansado daquela que suspira amargamente, que lhe rende versos de amor embrulhados em paixão, simplesmente pega as malas e, sem pedir perdão, parte para outro reino, apenas mais uma criação.

Que seja, porém esteja.
Que zele, mas não estrague.
Que espere, mas não amasse.
Que julgue, porém não pense amar.
Que se foda, cansei dessa merda de rimar.

domingo, 14 de outubro de 2012

Mais uma vez

As palavras me cansam e descansam, são desgosto e pranto, mas sorriso. Escrever é turvar a visão em direção ao sentido. Estar aqui com as mãos sobre letras que podem originar um texto é magnífico... Mais uma dose de vida, de tristeza, de alegria, de sentimentalismo, de agonia, de frieza, de aconchego, do seu sorriso, apenas mais uma dose de lirismo. Como uma miragem no deserto, uma analogia tão batida, as frases caminham em minha direção. Uma surpresa: sua imagem. Lascas de memórias espetam minha cabeça: um abraço, uma cama, um amasso, um beijo, um jantar, um cinema, o mar, um amor; histórias que se completam sem se completar; enredos de novela em meses a recuperar. Tudo rimado se perdendo pelo infinitivo do ar, do ser, ver, remexer, remoer, transcender; mais uma vez, apenas escrever.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Ó, divina ética!

Talvez seja só vontade, mas de deixar esse mundo cruel de uma vez construo o meu sonho. Que fique difícil para os ignorantes que tentam decifrar de forma a retorcer a belíssima prosa, nada poética, leiam; sim, algo de diferente entre palavras de um eu, algo de inconsciente raivoso que penetra subitamente, mas vai. Vai porque não me assemelho aos que nada são, pois nada menos fui. São os que se acham ser - vil ilusão, que acham ser o que não são, acreditam ser o que nunca serão, estagnarão, para sempre, flutuarão. Ruínas de solidão é o destino dos que semeiam a vida em chãos de areia... A   r   e   i   a.... Tudo tão passageiro, tudo tão não mais, tudo tão sendo, o tudo que nada menos é. Nada é para os que não são, contudo eu, eu sou menos que o nada. E o menos que o nada, mais uma vez, é o tudo. E só o tempo, que carrega o vento pesadamente pelas costas, sabe qual areia se moverá lentamente a empoeirar levemente o chão de mármore que cismo em pisar, mesmo querendo cair, tenho o que sempre sustenta-lo-á: ética.


quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Imaginação

Vivo do delírio do silêncio e dos atributos que a loucura, por outros dita minha, fornece-me. A dor sempre será o clímax do mundo, ela existe sem a felicidade, mas já não se pode dizer o mesmo do inverso. Se me engano, sei que não é realidade; não, nunca será. O mundo é palco do sentimento, é quadro preto e branco que se vê com os olhos do colorir, é rima, não letra. O mundo flui e a vida é.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

O que for

Por vezes escrevi deixando a beleza do incerto me guiar, como se não soubesse o que escrever, as frases de repente surgiam em minha ideia; ficava bom e ruim, espontaneidade seria a palavra para definir o momento de, por exemplo, agora. Espontaneidade que se perdeu entre páginas de livros que nos forçam goela abaixo para beirar a glória, visão distorcida de uma realidade que não depende nada do que se faz. Nem sei o porquê de escrever esse texto dessa forma agora, mas escrevo; escrevo pensando no que engolir sem mastigar daqui a cinco minutos, escrevo pensando em um futuro de apenas escrita, escrevo sem saber o que fazer de mim.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Abrupto

Escolha: você ou viver! Se escolher viver, você morre, se escolher você, sobrevive. Escolhas, escolhas, escolhas... Mas o pior é ainda o que não se pode escolher. Quero abdicar desse ter que tomar uma atitude. Deixem-me apenas existir, pois já morri, e só vejo uma luz ao olhar para a superfície... Não, não é o sol que me chama para o dia, mas talvez um corpo com uma lanterna procurando pela alma. Eu não sei o porquê, mas comecei a ouvir alguém cantarolar meu nome, uma voz bonita que se sobressaía entre o canto dos pássaros. Pensei em como havia tempo em que não escutava o som da manhã, em que não admirava a beleza do céu; resolvi voltar para o meu corpo; e, agora, olhando o fundo do poço com aquela suave melodia passeando pela mente, perguntei-me quem me chamava, quem havia ousado tirar minha alma do fim, fazendo com que a perfeição do mundo me fosse exposta mais uma vez? Virei-me, então vi, surpreendi-me por não ser mais uma das minhas ilusões; o vazio sumiu para sempre!

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Você em meu mundo

E se penso em você e me sinto com uma proteção de titânio, passo a me perguntar o que me faz sentir assim, se é o seu sorriso que vem a noite iluminar, ou o saber de ter você a vida inteira só pra mim. Minha felicidade ultrapassou o limite do excepcional, estou intocável para qualquer fato desconfortável ou descomunal. No meu lugar, há sorriso e choro de alegria; mas quando a realidade toma as rédeas do caminhar na manhã fria, fico feliz por ter uma certeza inabalável, por ter essa proteção por ninguém mais alcançável; o mundo é perfeito mais uma vez.

sábado, 30 de junho de 2012

Festa

Sentimentos intensos contrastados em um peito; da profunda tristeza arranca-se uma felicidade pura, e eu sei o motivo. Sei porque olho para o céu iluminado de estrelas e vejo o crescente sorriso da lua em noites frias, de repente sinto-me aquecida. E quando bate o vento lento, brisa leve, tento encontrar seus olhos no castanho claro do brilho da lua refletido em nuvens dançantes; por um momento sinto você ali comigo, escapa-me um sorriso, acho que me encantei...

domingo, 24 de junho de 2012

Acabou

Em crítica velada, venho fazer certa revelação: ou com o tempo tudo passa, ou minha mente vive em pura contradição. O que era se desfez, um mito apagou-se com a facilidade de não conseguir dizer não. Pode ser forte, fraca, mas verdade quando já não é não pode ter outro nome senão ilusão. Espantada fico com a frieza do sentir, por um momento tão profundo, noutro, qualquer coisa que se vê por aí. Acho confusa ser, mas acho qualquer coisa também, hoje é isso, "amanhã ninguém sabe", e a bossa nova invade. No fim, tanto fará o que se foi ou que ainda virá.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Qualquer dia

Ao encostar a cabeça no travesseiro, chorei não querer jamais mover um dedo, mas o tempo não queria que fosse assim, pois até ele gostaria que todos soubessem que me satisfazia o fim. Quando o sentir já se torna mecanizado e o único sonho brilha apagado, não mais sentido faz todas essas inversões mal feitas para tentar disfarçar o que meus olhos agoniados tentam sempre dizer: eu já vivi o suficiente. É de uma injustiça enorme, com aqueles que nos amam, ir embora antes do tempo; e talvez a única coisa que ainda me mova é ver essa gente feliz, é sentir ainda a alegria, sentir que a pureza é a pulcritude da vida. E é esta que respira por mim; não sei mais inspirar.

domingo, 3 de junho de 2012

Tenho medo

São tantas pessoas, tantos manuscritos, por qual motivo do destino, ou não, seria o meu escolhido por quem lê? É tudo tanto, e tanto tão pouco na vida; talvez tudo acabe em medo, ferida, desejo. Pois tenho medo de que minha sensibilidade parta, que meus pelos não mais se arrepiem, e meus olhos não mais se encham de lágrimas ao ouvir falar de amor. Não quero que a vida prática carregue minha sensiblidade de forma irreversível e que todo meu viver se encha apenas de conhecimento; para que o quereria na ausência de sentimento? Preciso não me esquecer do verdadeiro valor da vida. Não tenho medo de viver, tenho medo de nunca mais sentir o que o vento tem para me dizer.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Ciência e Religião

     Frequentemente vejo pessoas discutindo sobre religião. Algumas delas criticam a Igreja Católica, outras defendem-na, alguns criticam todas as religiões com base em fatos científicos, outros tomam partido a favor das mesmas. Às vezes, pergunto-me se as pessoas se dão ao trabalho de ler um pouco sobre a história do mundo antes de criticar algo negativo ou positivamente, ainda mais quando a discussão se trata de assuntos seculares. É claro que alguém pode ter uma opinião sem esse prévio estudo, construída em cima de observações e, em certa medida, de subjetivismo, mas a argumentação será muito mais intensa se pararmos para ler um pouco mais sobre os assuntos.
    Na verdade, não acredito que uma discussão sobre religião seja válida, a não ser que se tenha o intuito de aprender, pois quando não podemos comprovar algo, não há certo ou errado; aliás, acho que nem o certo e o errado existem como certas pessoas acreditam, é só uma questão convencional, cultural e tradicional. Contudo, preciso dizer-lhes a premissa que me veio à cabeça e me fez escrever esse texto: a ciência é tão falha quanto a religião. Alguns de vocês nesse momento, imagino eu, estão balançando a cabeça negativamente e fazendo cara feia, mas que tal parar para refletir comigo nessas próximas linhas?
     Nenhum homem é imortal, não que se tenha provado até hoje, como ver alguém que nunca envelhece. Logo, a primeira falha que apresentarei a vocês será exatamente a que diz respeito à História do mundo. Ninguém vive para contar a história do mundo para todos e perpetuar a verdade para sempre, logo, dependemos de documentos escritos e da virtude do homem para que possamos saber o que aconteceu, por exemplo, há trezentos anos. Se uma história que contamos para alguém hoje em dia pode ser espalhada como fofoca e tem seu conteúdo totalmente distorcido, será que a distorção de detalhes históricos por milênios não ocorreu? Será que todos foram virtuosos ao descrever os acontecimentos a que assistiram? Não temos como afirmar que sim, nem que não.
    A primeira contra argumentação, e talvez você esteja pensando nisso, que o último parágrafo traria seria: Mas, e os vestígios, as provas de que pessoas, guerreiros, realmente existiram, e as construções, como as pirâmides? Só posso afirmar que algumas coisas podem ser verdade, como há o reflexo da sociedade de hoje, que para chegar onde chegou, provavelmente teve antecedentes, mas não podemos ter total certeza disso, e muito menos dos detalhes. Costumo pensar que a ciência, como comprovadora de fatos, tende à manipulação de resultados, mesmo que sem intuito, para que se consiga provar algo; mas, novamente, afirmo que essa "manipulação" pode ser inconsciente, palavra que não gosto muito de usar, mas é como se o resultado tendesse ao que o cientista quer ver.
    Antes que alguém critique meu texto dizendo que sou a favor da religião ou que não gosto da ciência, deixo claro que admiro a ciência, pois sei que muitos resultados são frutos de longos trabalhos e sinto-me honrada por conviver com pessoas inteligentes como vemos hoje. Só uma observação, pois pensei exatamente o seguinte agora: Onde a ciência quer chegar? Por que a ciência quer curar coisas que as consequências do avanço tecnológico cria? Não é hipócrita? Mas, se formos discutir isso, entraríamos em outra questão, a do capitalismo, e prefiro deixar essa discussão para outro momento, pois estou farta, no momento, e sempre estarei, de pessoas que só buscam o lucro na vida.
   Bom, acho que uma parte da minha assertiva já está bem argumentada, agora falta dizer o porquê da religião ser falha, mas não farei isso com base na ciência, pois, se usei a ciência para explicar ela mesma, também usarei a metalinguagem para explicar o caso da religião, mas com ênfase na Igreja Católica. Na verdade, vou relatar aqui só o dualismo entre a Igreja Católica e a Ciência, então, argumentarei só com base nela.
   Como usarei a metalinguagem, não vou suar argumentos batidos sobre a história da Igreja Católica, que é realmente tensa e mostra o interesse político e social de uma classe. Além disso, dizem que a Igreja agora é reestruturada, que, com o tempo, ela foi mudando; como não conheço as estruturas religiosas atuais, mas frequentei algumas recentes missas, pois meus pais se alegram com a minha presença em tais cultos, usarei argumentos somente relativos aos ensinamentos que a religião católica prega.
    Talvez eu não precise me esforçar tanto para este segundo e último argumento da assertiva primordial. Desde que me conheço como gente que vai à missa, aprendi que existem dois ensinamentos que são essenciais para quem quer viver de acordo com a prática do bem, e segui-los, ou tentar, é estar vivendo dentro dos preceitos de Deus. Tais ensinamentos, que estão expostos no segundo testamento, nem sempre são seguidos pelos próprios eclesiásticos, e não preciso listar casos comprovados, ou seja, confessados, ou pegos no ato, de atitudes assim vindas de membros da Igreja Católica. Não quero provar que a religião católica é ineficiente, pois ela não deve pagar pela falha humana, mas ela também foi construída por homens, homens virtuosos e, certamente, havia a parcela dos homens desvirtuados nesse meio, ou talvez fossem estes maioria; isso é o que nunca poderemos saber.
   Mas, diante de tudo isso, ao invés de querermos que a existência da Ciência exclua a Religião e vice-versa, podemos tentar olhar o lado bom de cada um desses ramos tão iguais de alguma maneira... A Ciência busca a salvação de vidas pela cura de doenças, que podem ter sido causadas pelas mudanças decorrentes da evolução capitalista, que também diz respeito a outro ramo da Ciência, mas ela faz sua parte, além de outros setores científicos; já a Religião tenta salvar as pessoas pela fé. A fé não está ligada somente à religião, acreditar em um Deus não é estar ligado a uma religião, mas acho que esta é essencial para o ensinar da fé, para dar a base para quem quiser escolher entre ser ateu, agnóstico ou ainda um religioso ou um adepto de alguma religião. A religião, de certa forma, mostra-nos que devemos respeitar os outros, o que é essencial para a vida humana. Contudo, vocês devem estar se perguntando: mas como uma religião salva a vida de alguém? Bom, vejo que as pessoas que querem mudar, que querem entender o que é ter bom senso, também podem procurar ajudar em algumas doutrinas religiosas, pois alguns preceitos, e digo mais pela religião que conheço, e pelo pouco conhecimento de algumas outras, quando seguidos verdadeiramente ou entendidos, podem fazer a diferença.
   Particularmente, prefiro a Filosofia, pois ela simplesmente é, e não pretende ser mais que falha.

Vida em reflexão

Tudo por um instante ficou tão claro que eu podia sentir o porquê de respirar, e nesse momento eu tinha trezentos motivos para não o fazer. De alguma forma, sinto que minha missão se cumpre aqui e nenhum tipo de papel conseguiria comprar o meu pensar, a minha criatividade, o meu eu. Pois que deixemos a vida prática para aqueles que desistiram de viver, porque eu quero o tudo, mesmo sabendo que ele nada é. O vazio é tão cheio de sentimento, de pensamento;  tenho pena daqueles que se orgulham pelo completo, pois este nunca será. É estranho viver em prol de um objetivo prático, pois quando este é alcançado, o que se fará da vida? Será que será vida? Será que já foi vida? Por isso vivo em prol do pensamento, desse tudo querer amparado pelo nada, pela certeza de que a vida é apenas reflexão.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Lagos

Corri contra o vento; ou será que foi contra as horas? As horas, as horas, as horas... Eram apenas segundos, infinitos segundos que pingavam sem que percebêssemos o desperdício que se anunciava. Contudo, teria sido desperdício se os segundos tivessem escoado pelo ralo, mas foi formado um lago. Lago esse que continha a solidão em riqueza de detalhes, o único em que me banhava sem perder as camadas de pele; um lago confortável, e só talvez feito de lágrimas. Lágrimas feitas de segundos não gastos pela frieza da rotina, mas chorados pelo pensar. Acho querer convidar alguém para dar um mergulho, mas preciso que entendam que esse lago é a razão da minha ainda existência. Corri contra as horas, mas a favor do vento, por isso os lagos foram formados em diferentes viagens, apenas fechava os olhos e esperava para sentir a brisa que chegaria para me carregar. Esse é apenas mais um lago. E o que você achou desse mergulho?

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Mais uma vez

Tenho detestado a cor do meu sorriso, não pelo café de amarelado, mas porque seu olhar não o faz mais brilhante. Tenho detestado o gosto das minhas lágrimas, pois estas não são feitas de partidas doces ou estadas salgadas; será que ainda são lágrimas? Todo rio um dia seca, eu não posso afirmar isso, nem você, pois não estará aqui se um dia ele secar. Meu rio ainda não secou; se ele secar um dia,... não serei eu que estarei nesse corpo, pode ter a mais pura certeza, e isso eu posso afirmar. E só posso porque sou constante na minha inconstância, coisa que não lhe faz muito diferente de mim; então chega de me fazer experimentar da sua ausência, que eu lhe mostrarei como sorrir mais uma vez, como chorar de saudade, como morrer de paixão. Largue o seu coração, deixe-o bater, deixe que ele lhe mostre como é novamente viver. Tenho detestado o fim dos meus dias, tenho me arrependido por não mais ouvir de você.

domingo, 13 de maio de 2012

Sombra

Está calor, mas não o sinto pela pele, respiro-o. Sinto ondas calorosas invadirem meu corpo na brisa fria, algo me diz alguma coisa, tudo me diz o nada. Deixei o sofá em que estava e me acomodei rapidamente atrás de uma poltrona de couro. As luzes estavam acesas, mas ali havia sombra. Sombra; era disso que precisava. Não sei se era porque não via mais o vértice da parede que caia sobre mim em cor de céu, ou se porque parei de pensar na vida. Estava frio agora, tudo parecia incerto, é a noite, é a intensidade. Dormi naquela sombra, pois lá me senti segura; dormi de cansaço, criei um lago naquela noite que nada havia de escura. Eu via tudo, eu vi o meu caminho, mas naquela sombra simplesmente esqueci de existir, adormeci.

A vida

A vida deve queimar. Acenda-a! Vida que não pega fogo não envaidece do gosto amargo, porém não conhece o lado bom. Vida que carece de tristeza é uma vida de ilusão. A vida só fumaça é, consequências que se desfarão quando nem ao menos se quer. Então, sente-se e acenda mais um cigarro, que tudo é esquecimento, só restará a essência, que em constância se encanta pelo cheiro do tempo. Encanta-se por ser permanente e ri do momentâneo; mas ri de desespero, pois bem conhece a própria dependência: se um momento é efêmero, o que se ousa chamar de permanência? Junção de todos os momentos, que momentâneos já não são; colcha de retalhos, essência, costurada por lembranças ou pela imaginação. Tem um isqueiro aí?

domingo, 6 de maio de 2012

Talvez lua, talvez sorriso

Olhe para a lua, veja se consegue visualizar a meia lua da lua cheia; um mundo tão corrido de preocupações tolas não dá espaço para as belezas simples da vida, e se em algum momento não pararmos para estas admirar, talvez a maior graça da vida passe despercebida como as nuvens. Eu pedi para você olhar, e se conseguisse ver ao menos o chorar da flor refletida em brilho, o despetalar daquela margarida, o meio sorriso da noite, se conseguisse ver aquela simples beleza que ali de nós corria, poderia dizer estar ao seu lado ao menos por um minuto. A distância entre nós agora é grande, mas talvez a distância entre a lua e mim e ela e você seja a mesma, e só talvez poderíamos de alguma forma estar mais perto pelo brilho da noite. Não sei se você viu, se sentiu, mas eu vi, e tudo parecia tão calmo; as preocupações viraram nuvens, você para mim sorria.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Só o tempo

Estou entrando naquele lugar não permitido, onde se caminha sem poder olhar para as pegadas; ondas de calor invadem meu corpo e escorrem pelos olhos, o frio do dia se desfaz; de repente, dou um passo para trás. E o que era frio recupera o lugar, o ódio substitui o amor, mas em segundos este retoma a posição devida, o frio amornece, tudo quente de novo, estamos falando da vida. Por que ouso caminhar por pensamentos que um dia me enlouquecerão? Por que ouso permitir sempre uma nova ilusão? Vão-se os dias, porem ficam os pensamentos, tão pesados que nem podem ser carregados pelo vento; só o tempo, só o tempo.

sábado, 28 de abril de 2012

Saudade

Contorço-me, algo está para nascer. Pensei em sentido, fatalmente lembrei de escrever. Não sei se amacia a carne esse despejar de emoção, ou se faz mais duro o peito, sufocando a respiração. Escrever faz tanto sentido quanto amar, dói tanto quanto se apaixonar, ilude tanto quanto sonhar. O meu amor vaga por aí distante, com todas as possibilidades de ser, e me aflijo se não é comigo, desespero-me se não será comigo; tudo que me resta, além de viver e tentar ao máximo me ausentar, é escrever. E isso, tanto quanto o resto, parece distante, ilusão ofegante que insisto em alimentar. Porque se não for isso, não será eu, e se assim for, não teria motivo de ainda respirar. Então, talvez eu só possa ser o que seja, esse sistema cheio de sangue que insite em pensar, não desiste de amar, e por escrever, vive sempre a suspirar. Contudo, quiçá isso seja a tão querida materialização da sua essência que insisto em querer encontrar... Maldita vilã da solidão essa coisa chamada saudade.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

E aí?

Já é um novo dia. Vagarosamente, permito-me escrever mais uma asneira a ser publicada. Virou diário, sempre foi, ou é tudo uma mentira, um confessionário de verossimilhanças. Está aí o que nunca alguém saberá; especulações são sempre bem vindas, pois repercutem as linhas de sinceridade do além. Mentira para mim, verdade para você, ou será que seria o contrário, ou a junção de dois tipos iguais: tudo mentira ou tudo verdade? O que importa? A mentira é, a verdade também. A mentira é no que não foi para outros, mas no que foi para quem a conta; e, só talvez, a verdade não toma rumos divergentes a este. A verdade é para quem a diz e fim. Verdade e mentira, verossimilhança ou não, você leu isso tudo, e chegou a qual conclusão? 

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Rimas estúpidas

Dizem entender a mente criativa, mas ninguém entende; dizem entender quem pensa diferente, mas quem diz mente. Quem escreve se rende, prende e arrepende; faz rimas estúpidas, coisa meio inconsequente, quando quer cuspir com musicalidade a merda que vem de dentro da gente.

terça-feira, 24 de abril de 2012

O branco em seus olhos

Sou cor, mas sou branco, que é a junção de todas as emoções. Sou silêncio, não marco, discreto, carrego suas vibrações no fundo do peito, não é para ninguém saber das cores que sou feito, apenas sintam o efeito, a tranquilidade nos corações. Sou luz porque esta reflito, mas sou escuridão, aflito, meu eu nunca esteve em uma simples visão; mas você me viu, viu o que reluzo e ainda vê. Então me diz mais uma vez: por que tentar me esquecer? Estou em sua mente, mais que no seu coração, eu sou diferente, igual a qualquer outra vibração, mas não só emoção. Sou a luz que faz seus olhos quentes brilharem, sou seu amor, e só talvez sua paixão. Então, tire os óculos escuros, chega de se proteger das lágrimas que nascem para cair no chão, pois elas podem cair em um jardim, e gerar flores que embelezam uma canção.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

O amanhã

Amanhã verei o nascer do sol. Não remoerei o passado entranhado no peito, que corre nas veias e cisma em bombear o coração. Um novo dia amanhã será, mas não porque terá passado de meia noite, porém por mudança de atitude. E o tudo novo acabará sendo igual ao ontem; para se viver no equilíbrio, o desequilíbrio tem que existir, é como o paradoxo vital da vida, a tristeza e a felicidade. Contudo, quando o amanhã acabar e eu deitar a cabeça no travesseiro antes de dormir, pensarei: o nascer do sol é realmente lindo. Talvez essa seja a grande herança da vida: lembranças; o passado. Por que esperar o nascer do sol de amanhã, se ainda podemos aproveitar o pôr do sol? A mellhor forma do futuro é o passado.

domingo, 11 de março de 2012

O revoar da introspecção

Em uma noite quente, olhei para o céu à procura de estrelas; encontrei nuvens. O correr da lua no peito aberto do céu seduziu-me, flor vi em desencanto amarelo, o brilho da superfície lunar alumiava o despetalar de um novo amanhecer. As imagens do que acontecera previamente eram nítidas em minha lembrança, e concluía que, como mariposa e borboleta, talvez seja a introspecção um dos meus maiores defeitos e uma das minhas melhores qualidades. O ontem perdeu para o hoje, mas o passado certamente vencerá no futuro, afinal, será tudo presente. É a introspecção que, como mariposa, traz o mistério, contudo, carrega o brilho e a beleza do revoar de uma borboleta.

domingo, 4 de março de 2012

Ideias do ser

Olhe bem nos meus olhos e veja quem não sou. A ideia de mim é mais forte que a minha essência para sua visão, consequência do mundo cada vez mais ignorante, o julgamento. Não quero que olhe para mim, apenas escute minhas palavras, leia minha essência, conheça meu sensível, e assim terá somente outra ideia de mim. A verdade é que só se conhece quem se deixa conhecer, e às vezes conhecemos alguém antes mesmo desse alguém quem é saber.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Carta para um amor

Poderia escrever o mais lindo poema de amor, mas se nada sentisses por mim, seria piada para rires pelas minhas costas. Poderia escrever a mais bela canção sobre teu sorriso, mas se nada sentisses por mim, seria só mais uma melodia. Poderia ser a pessoa mais bela, mas se nada sentisses por mim, toda a minha beleza se desmancharia diante de teus olhos. Poderia desistir de ti, mas eu te amo, e eu não quero, nem posso, tirar-te da minha vida agora. Então, por favor, manda-me embora, peça que eu nunca mais volte a te procurar, diga que ficarás feliz assim, que te darei minhas costas, para que não vejas meu pranto na partida. Mas se quiseres que eu fique, apenas diga se me ama como eu te amo, mas de forma definitiva, sem pensar no futuro, sem pensar no que poderá ser, eu quero o agora, o que é sentido agora. Contudo, eu sei que não posso pedir para que escolhas isso, para que saias de cima do muro e decidas, mas ou tu me amas como eu te amo, ou o que restou foi só amizade. Acho que já tenho essa resposta, talvez eu não queira aceitar, mas ainda tá tudo tão confuso, às vezes parece que ela tá errada, que tu me amas, então, só preciso do definitivo, do que me fará desaparecer, pelo menos, por um tempo. Pois tua ausência dói, mas se é pra doer, que doa de uma vez, que cicatrize, porque tua ideia não sai de mim, e é um martírio saber que teus beijos e abraços mais carinhosos não serão meus por muitos anos.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Desânimo?

Impossível explicar, tão intrínseco a nós mesmos é, qualquer palavra parece machucar. Cansei de me procurar em alguém e escrever palavras envasadas em sentimentos para outras pessoas lerem e acharem belo. O trágico deveria reinar. Quando subimos a escada para o precipício, é difícil conseguir retornar, precisamos controlar, ao menos, o que não podemos ser. Sinto a dor do ausente, do nada, daquele que não expecta, que não quer se mover, não quer participar desse ciclo violento que insistem em chamar de vida. Não quero mais continuar também esse texto.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Alecrim

Tenho um nada, talvez um eu enfadadiço, o fim da estrada. O futuro a quem pertence? Não é a mim, não, não mais... Porém, vou cantar o dégradé da vida, a transição sempre por todos escolhida: felicidade mal vivida, contudo, tristeza vencida. E como toda ida chega ao fim, durante o caminhar sinto o cheiro do alecrim. Talvez sorriso, tudo que restou de mim.

domingo, 29 de janeiro de 2012

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Olhei para o céu à procura de estrelas, sentindo a dor que Pessoa não sentia, pensando em que dizia Chico. Encontrei nuvens, não astros, apenas folhas, que com o vento bailavam, quiçá dor e cheiro. O cheiro não era teu, mas a dor era saudade, porém de quê? Do que ainda não foi, do que será por mim, mas que por ti nada sei. Rumo à certeza, mas perco a segurança no caminho, a ilusão encontrou-me, escondi-me, confesso, contudo, deixei-me à visão também. A verdade é que da ilusão não temo, mas do que poderia ser sem ter como o sustentar; medo é o nome que esperava chegar, mas este nunca quererei enfrentar, embora viva ao seu lado.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Uma noite

Olhei para a parede e não vi concreto. Era uma noite diferente, daquelas em que os olhos não veem apenas matéria, mas essência. Minha existência iluminou-se e seu olhar em minha rude lembrança penetrava. Tenho medo que você parta, mesmo que eu saiba que nunca poderia ir muito longe, sempre nos encontramos, por fim. Contudo, se você fosse, já teria eu a maior parte sua. Era sua essência que via naquela noite, transpassada de sorriso, guardado em minha memória. A distância, para nós, é como as estrelas que beijam o Sol e a Lua, e sabem que é só questão de tempo até que estes dois astros se encontrem definitivamente. Enquanto isso, elas embelezam o céu, em conexão momentânea entre os dois. Quando penso em você, não vejo distância, apenas verdade. Em essência, talvez já tenhamos nos misturado por completo. Eu amo minha inspiração, eu amo você.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Ano novo

Hoje é o dia primeiro de um ano que cansou de ser velho antes de se ser propriamente. Um dia tão comum, um domingo ordinário, e a velha sensação gritando de um poço sem fim, a alma. Mais um ano se passou e continuo presa a mim, às desconcertantes indagações do meu eu, às cansativas respostas que necessitam cada vez mais de perguntas. Será assim sempre que me sentirei: o ponto de partida de um fluxograma, cheio de alternativas e opções, essencial em si, nunca corrompido, base das circunstâncias, início, meio e fim. Fugir de mim não consigo, agonia me consome. Tudo ciclo, tudo dia, tudo vida, tudo ponto de partida de um fluxograma, tudo ano novo.