terça-feira, 31 de maio de 2011

Oi

A primeira conversa que ultrapassa o simples "oi" gera sensações. Engraçado é perceber como agimos durante e após a conversa, como as tais sensações nos guiam. Se ao prolongar uma conversa, sentimo-nos nervosos, talvez seja porque previamente achávamos que ela seria interessante. Mas até que ponto conseguimos saber se o nível de interesse de alguém pela conversa é semelhate ao nosso? Algumas pessoas são apenas simpáticas, mas acredito que sinais existam, que detalhes sejam essenciais neste tipo de observação. O grande problema é que a observação, nesses casos, pende para o lado subjetivo, para o que queremos enxergar. Então, esclareça-me: eu vi tudo que deveria ter visto ou vi demais? Será que a resposta da pergunta que me faço no momento está a meu favor? Será que falei o que não devia? Relembrando, parece que me enrolei com as palavras. Eu não sei, eu senti um nervosismo ao falar com você, daqueles que só sentimos quando nem sabemos que é esperado algo a mais: somos pegos de surpresa, como se esse nervosismo conhecesse o destino, e surgisse do além de nós.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Onze minutos

Tenho sete minutos para escrever um texto, agora seis, e em minha loucura sempre acabo falando do que na realidade não posso ter. Está tão perto, e tão longe; abraços são como presentes e adeus. A confusão é grande diante da vida, mas nunca confundo minhas inspirações. Se hoje escrevo coisas bonitas, são para você, mesmo que seja em segredo e aqui não esteja. Se desenho, surge seu nome, este tão diferente, deve ser por isso que não sai da minha cabeça. Não, não é pelo sorriso mais bonito ou pelo olhar mais penetrante que imagino diariamente seu semblante, mas porque seu nome é destoante do restante. Acabou meu tempo, mas abuso dos minutos, porque se ao ler, você estiver mais perto por um segundo, terá valido minha emoção, terá valido mais esse pensamento transcrito por paixão .

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Rosa

A vida é engraçada: enquanto alguns adoram a felicidade, ah...!, eu adoro a tristeza. Não tem outra explicação: quando lhe conheci era tudo tão fácil, porque era arbitrário e devaneio, simples era me convencer do contrário, de que o bom era ruim, de que você não era nada além do que projeção de perfeição da imaginação. Mas, veja só, os dias passaram, e eu lhe conheci melhor, não que você não seja ainda parte mistério, contudo, sei mais do que sabia antes... Porém, não é o fato de eu saber mais de você que me faz querer-lhe sempre mais; não!, é porque ao seu lado parece não haver vazio ou tristeza, eu aprendo a viver novamente por alguns instantes, e no seu sorriso vejo um mundo de possibilidades. Por ser parte mistério, não entendo porque ainda aceito estar com você, é mais forte que eu, não há como rejeitar, pois do seu lado não sairia se fosse possível. Contudo, sei o que me espera depois, e não é bom, mas é humano, não é bom, é dor. A rosa tem curta vida, e nem por isso tem medo de nascer e transformar sua semente em poesia para nossos olhos, em poesia para qualquer amor, basta que saibam como regá-la e ter quem isto queira fazer sem medo de se machucar em seus espinhos. Ah, eu devo é ter me apaixonado por você...

Sempre você

Se a distância é minha aliada e de você me salvou, por que seu sorriso ainda me faz naufragar? Qual o segredo do seu olhar, tão brilhante, que enlouquece quem por você ousa passar? Não sei o que dá em mim ou que paixão é essa, que emoção me atormenta, em que hora ela desperta. Só sei que minha paixão não é só uma rosa, daquela que se alimenta, mas um dia morre. Não! Ela é um buquê de flores, é reinvenção. Contudo, talvez, seja só uma rosa esquecida, desmemoriada, que se encanta todo dia pela sua presença iluminada.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Cubro-me

Trabalho no ardor da saudade que diversas tive, da dor que se esconde debaixo da coberta antes de dormir. Se na noite desnudo-me, cubro-me para que não vejam o que a boca sorridente chora ou quantas vezes minh'alma sorri. Quando de manhã afasto-me do leito, tenho receio: será que descobrirão meu segredo? Minha loucura acharão entranhada em algodão que esquenta? Visto-me, porém não escondo dor, esta deixei na cama, pois é quando, à noite, ponho minha cabeça no travesseiro, e tenho tempo para pensar no que eu estou fazendo, que vejo o quanto meu coração está apertado ou minha mente conturbada. Sempre que acordo, enxergo manhãs cheias de possibilidades, mas assim que a alma lembra que deve voltar para o meu corpo, o dia se resume à solidão. 

sábado, 21 de maio de 2011

Conhecer-te

Uma mente confusa possui tantas palavras que caminhos se desencontram. Palavras em multidão, que nadam contra a correnteza feita de contato, e tenta sobreviver a coesão entre mente, alma e ilusão. Inspirações chegam para ligar os antigos caminhos e palavras guiarem. E inspiração nova hoje surgiu: estímulo. Assim, peço que me diga o quão minha escrita é falha e abomina a literatura, que meu sonho é quase irreal e que pisar em chão firme eu deveria. Contudo, previamente, diga-me se o que penso é correto, se teu nome é o pouco suficiente que devo saber de ti, se meus olhos ao lerem teu olhar estão enganados.  Poderia descrever tua beleza exterior, mas ela não é tão humilde quanto o que escrevo; e não condigo teu sorriso ou teu bruto jeito doce porque não quero me encantar pelo que vejo apenas, mas também pelo que ouço. Palavras confusas, olhares misteriosos, destino incerto e uma verdade. Conhecer-te melhor seria um sorriso a mais, seria brisa quente que jorra em meio à ventania congelante.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Personagem

Parece que tudo depende dos nossos sentidos: de que cor você vê o mundo? Que cheiro do passado você já sentiu hoje? Pois o mundo que vejo anda desbotado, estão esmaecendo as cores alegres e frias, virei expectadora de outro eu, e cheiro não mais se sente. Desconheço-me. Não já faço parte disso que se chama de realidade. Estou sentada em uma sala, a televisão corroendo a imaginação: expecto. Mas a televisão possuía cor: sou personagem de mim? Talvez não viva, enceno; não escolha, aceito; penso? Traduzo consciência alheia.

domingo, 8 de maio de 2011

Escolhas

Caminhando por uma estrada de terra, às vezes, vejo-me em dúvida: a poeira, que se levanta ao longo das passadas minhas, forma uma outra via. Como se o vento me guiasse e o destino soprasse minha alma para outra direção, obrigo-me a dar passos tortos. De certa forma, antes eu sabia para onde estava indo, o antigo caminho era iluminado; mas o novo, o novo ainda tinha que ser descoberto, muita seara ainda havia de ser ceifada para que se pudesse enxergar o fim. Escolher é sempre difícil. O medo da mudança é ancião. Só resta saber se é preferível a segurança ou a satisfação.

domingo, 1 de maio de 2011

Zumbido

Zumbe, zumbiu, zumbido, zoom das palavras, pensamentos e falas misturando-se em lavras cerebrais. O som da realidade é irritante e diversificado, mas o som do sonho é doce, aveludado. Ouve-se uma quebra do silêncio, voz confortante que jorra, achei sonho, encarei realidade: silêncio de repente; solidão, mais nada.