terça-feira, 26 de abril de 2011

Desencanto

Direi que a iluminação da lua é mais bonita que a do teu sorriso, e que teu olhar já não brilha como águas claras que refletem o sol. Direi que não mais gosto de te ver passar, que os pássaros já não cantam ao te admirar, e que dias chuvosos ficam incrivelmente tediosos quando tu ao meu lado estás. Direi que nunca imaginei o amor crescendo, ou sonhei com o dia em que ao teu lado amanheceria. Direi que não gosto do teu beijo, do teu jeito, que tudo em ti para mim é desencanto. Escreverei um poema e convencer-me-ei de tudo que agora te juro que direi, mas espero que ele seja mudo, sem rimas, sem gritos ou sussurros, que não me lembre a harmonia que tua presença traz. Por fim, fingirei que acredito, poetisa e iludida, no que escrevo.

Destino

Sempre acreditei em destino. Mas este sempre foi submetido à relatividade das interpretações, e, consequentemente, à tomada de decisões que cada um faz para si, sem deixar de lado as intuições. Realmente acreditei que minha intuição estava correta, talvez ainda acredite, querendo não mais. São tantas ideias, tantos diálogos mentais e silêncio. É só o medo da desilusão que alimenta a ilusão que atormenta...

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Por que ainda estou aqui?

A existência é algo escroto mesmo, principalmente no que se diz respeito ao desejo, à paixão, acho que a qualquer coisa. A gente vive para sobreviver, pagar as contas, estabelecer relacionamentos, morrer. Então, por que não pular todas as etapas? Então, por que nascer? Proponho uma reflexão tão mais ridícula que minha própria existência: imagine o mundo sem vida. Depois, diga-me qual o propósito da vida na Terra se só desiquilibramos a natureza. O que seria de nós se não tivéssemos sido criados, ou seja lá no que você acredita? Seríamos o nada! E o nada é a última coisa que nos pertence. Agora, eu me pergunto, para que eu existo? Quebramos a cara várias vezes, surpreendemo-nos, apaixonamo-nos, odiamo-nos, enfim, vivemos e morremos. E vivo a me perguntar: por que ainda estou aqui?

domingo, 24 de abril de 2011

Esperança do estar

Sigo em tua direção em face do encanto, mas sei que um dia este emudecerá diante de tudo que não impulsiona nosso viver conjunto. O amor; bem, o amor é diferente.  Não posso te amar ainda, pois não te conheço, mas posso conhecer se a ti já vejo. Teu sorriso é doce para mim, mas será conforto o meu para ti? Teu olhar traz o brilho da felicidade, mas será o meu, espelho que resplandece para ti o que vejo? Tenho teu sorriso e teu olhar, tenho tuas mãos entrelaçadas as minhas, tenho esperança. Esperança de um dia teu olhar toda a tua alma transparecer, teu sorriso de amor me embebedar... Tenho a esperança de você verdadeiramente comigo estar.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Brisa leve

Não se pode andar contra o vento sem sofrer com a resistência, mas cismamos em caminhar na mesma direção, por magnetismo ou qualquer outra razão; somos tolos em acreditar que um dia o vento ajudar-nos-á a seguir em frente. O vento venta como deveria ser: nós, abusados seres viventes, é que desafiamo-lo. Desafio que serve para cavar a pele, queimar em carne viva e renovar-nos.  A cicatriz nunca ficou na pele, mas na alma. Contudo, a escolha é nossa, e o vento que sopra contra a gente é refrescante, porém, com o tempo, torna-se cansativo. Talvez o vento, pela natureza do ar, torne-se brisa leve; talvez um coração, pela natureza do conhecer, entenda-se em amor.

sábado, 16 de abril de 2011

Cacos da alma

Ela entrou no quarto e correu em direção ao espelho: os fragmentos de imagem cortavam ora sua cabeça, ora o peito; o mosaico de cores trazia-lhe a solidão e a tristeza. Era um dia frio, o qual não tinha visto um feixe de luz sequer: a felicidade não invadira sua janela. O espelho não estava quebrado, muito menos seu corpo havia se desintegrado. Contudo, o espelho não refletia seu semblante, nem seu exterior, ele refletia sua alma, tão fraquejada e insegura, que ao bater no espelho de raiva, os cacos não pôde recolher jamais. Perdeu-se.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Flores textuais

Dizem que textos destinados a uma alma são como buquês de flores. Mas, se estas eu colhi, foi teu olhar que as regou, tua iluminação que as alimentou e teu encanto que as perfumou; apenas admirei teu passar e o buquê assim se formou. O texto sempre foi teu, mas para não entregar a ti em forma de flor, o destino ele me concedeu, para encher-lhe de amor.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Pela última vez, ou não

Talvez esse seja o último texto que pensando em ti escrevo, embora tua inspiração acredito que ainda caminhará por entre minhas palavras... Eu não soube o quê pensar no dia em que te vi; agora não sei em quê pensar quando não te vejo: sinto saudades do teu sorriso ou de te ver passar, sinto saudades do contato do teu olhar. Mas, não quero mais pensar, não quero recordar teu encanto e adiar meu pranto. Quero o que será ou o que nunca poderia ter sido, contudo, quero certeza. A certeza de um beijo ou a de um adeus. Está na hora de despedir-me da ilusão.


"...que traz a iluminação que o dia não tem. Iluminação que cega, olhar que fascina; guardei para mim. Guardei e de guardar tanto, tranquei a voz. Iluminação que emudece, olhar que fala... Corri e tardei. Até logo!, suspirei. Noites claras, teu sorriso." (Pedágio - Efêmera)



"Ah!... Como eu queria ser uma borboleta, viver apenas da natureza, ir para onde o vento me levar..." (As borboletas - Efêmera)

sábado, 9 de abril de 2011

Desencontro

Deito na cama e procuro a mim encontrar, mas choro, e abraço-me para sentir que alguém também conhece minha aflição. Minhas mãos são frias, e a sensação é de arrepio. Encolhida, em meio a um quarto escuro, escolho o chão para me confortar agora, pois a solidão é mais frequente nas alturas. As lágrimas ainda não pararam de escorrer, e a solidão conseguiu me isolar mais uma vez do mundo. Na minha vida, há um desencontro. Desencontrei-me da minha alma, e quem achá-la vagando por entre a multidão, deixe que ela voe, pois irá conhecer a felicidade no sorriso de outrem.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Aflição

Talvez eu apenas não saiba mais em quê pensar e ocupo-me do seu sorriso relembrar. Relembro-o, pois nada perco senão a mim em seu encanto. E eu nem sei por que lhe ver é tão mágico... Talvez esse seja o segredo da atração, não ter explicação... Fico remoendo-me em aflição ao tentar adivinhar o que lhe ocupa a mente, suas preocupações, desejos, sentimentos e sentidos, queria poder saber tudo, e assim saberia como agir. Sem isso, sem ação sinto-me, apenas posso esperar... Tempo que aflige.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Prosa correspondente

Até que ponto conseguirei levar adiante essa mesquinhez sentimental que juras sentir? Não me diga mais com palavras, diga-me por teu olhar. Palavras são boas, mas não o suficiente. Se sentes, arrepia-te, mostre-me. Não quero ouvir, quero sentir também, e se as batidas do teu coração estiverem na mesma sintonia que as do meu, saberei onde quero estar.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Introspecção

Eu ando olhando para baixo, não para frente, para baixo. Ouso a introspecção sempre que me encontro só. Cheguei à conclusão de que talvez eu não pertença a esse mundo, ou a essa realidade, e por isso não olho para frente. Quando olho para baixo, sei no que estou pisando, é no meu mundo, aquele que só pertence a mim, e dele nunca ousarei sair; piso em mim, piso na minha ilusão, na minha imaginação, piso no além do que se vê. Não quero olhar para frente, não quero pisar na realidade alheia e de todos, não quero essa realidade que nos obriga a ver o superficialismo. Ela me assusta. E de medo, ando olhando para baixo.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Ordenação

Palavras porcas! Fazem-me acreditar ser alguém ou talvez um dia o ser. Insignificância maior não há, palavras apenas em ordem expostas para outra pessoa o olho passar. Ler, esquecer e gostar. Gostar para quê? Fazer alguma diferença vai? Escrever todo mundo escreve, seja do jeito que for, do jeito que deve. Mas, se não for assim, o que será? A vida não faria sentido sem eu o papel marcar, embora em vão seja a arte de admirar. Letras em mil cores em um papel preto; tudo que minha alma escondeu, as palavras levaram, mas ninguém conheceu.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Horas e segundos

Passam as horas na mesma proporção de segundos quando ao teu lado permaneço. Engraçado é como minha boca esquece de falar e meus olhos tendem a te admirar... Ainda não aprendi a te avistar e sem perplexidade agir... Se penso no que disseste bem depois do momento que foi dito, tenho mil respostas, mas a única que me vem à cabeça no momento mais importante é sempre a mais simples, a menos trabalhada, que nem sempre diz tudo que quero dizer, mas que não me deixa arrepender por ter dito mais do que queria... Só precisava de mais horas no meu dia, mais segundos ao teu lado.