terça-feira, 28 de junho de 2011
Quadro
Olhei para frente e era só grama e árvore, avistei o que deveria ser um quadro. Vida cheia de possibilidade, não havia vento, sequer algum sinal de vitalidade, apenas fungos que apodreciam a casca da ansiedade: foi aí que percebi que o tempo passava. Com tantas rimas pobres, vi o que ele não viu: estava sentado a minha frente e apenas sorriu. Olhava para o chão de um modo desajustado, sombra apenas via, rosto penumbrento. Esqueceu-se da beleza do sol ou do brilho da lua, esqueceu-se que ama as coisas simples da vida, esqueceu o que estas são, confundiu com rotina toda a emoção, toda a musicalidade, toda a novidade da noite que amanhece e do dia que entardece. Contudo, em seu sorriso vi uma confissão: acredita ainda no amor, na beleza do coração, por isso sorri, mesmo que viva solidão. Olhei para frente, avistei o que deveria ser um quadro; jogaram solvente, vida chorou.
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