segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Carta da minha transição

Amor se transforma em ódio de forma repentina, assim como o contrário poderia acontecer. Por que adiar algo inevitável se isso só trará dor? Por que ser fraca demais para não conseguir desistir de lutar? Não há falta de coragem em um suicídio, e sim medo de abandonar uma vida cheia de prazeres. Mas se isso já não é suficiente, por que insistir em viver? Nos escondemos de várias pessoas, mas é impossível nos escondermos de nós mesmos.  Não quero continuar tentando, e é assim que me despeço, ao som de uma música desconhecida, que não pode me enganar. Se quem você ama engana-lhe para o seu bem, em quem mais confiar? Por que creditar a alguém a confiança que lhe é exigida excessivamente em nome de uma verdade que não existe? Mais uma vez, desse mundo carnal, feito de expectativas e frustrações, despeço-me; se não for corajosa o suficiente para ir até o fim, meu espírito já terá ido. Eu desisti de viver essa ilusão chamada vida, felicidade, solidariedade, transformação. Não há culpados, nem vitímas, somente executores. Aos que me amam, peço perdão, mas acho que perdi mesmo foi a noção. Quando você ouve de muitos que é louco, começa a questionar a própria sanidade. Talvez meu problema fosse ser sã demais, e tudo isso ao meu redor pesar muito mais do que eu podia suportar. Fui embora sem ao menos acabar com o que mais desejava, sem ao menos saber até que ponto alguns me amavam, mas acredito que nem se eu vivesse por muitos anos o saberia. Não sei quando será, quando foi; sei que não tardará, não tardou. Dói.

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