quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Devaneio

Acordei do sonho que não tive e entreguei minha alma mais uma vez à escuridão da minha existência. Tão repugnante, tão miserável, tão desprezível sou. Infeliz ser que pensou em nascer algum dia para ser feliz. Felicidade, ó repulsa. O que me afasta desta é testemunhado a cada piscar de olhos, a cada mensagem neural e a cada sorriso que tento esboçar através de lábios tortos, que jamais ousarão sentir novamente o desespero da escolha entre a vida e a morte. O coração bate acelerado pela decisão tomada, irreversíveis tornam-se as consequências, e tudo que resta é saborear a última divagação do meu subconsciente. O arrependimento é a consequência mais ágil e menos eficaz. Devo morrer sozinha ou confessar minha fraqueza? Eu pude sobreviver ao meu último devaneio, mas não estarei consciente ao dar meu último suspiro.