sábado, 25 de setembro de 2010

Alma desbotada

Escrever para alguém é como se ocultar em terras frias, não é fácil entranhar-se nas almas dos semelhantes, ou como se olhar em um espelho procurando uma reflexão perfeita quando ele estava quebrado, nunca se sabe ao certo o quê se passa dentro dos que nos rodeiam, olham-nos na rua, convivem conosco. Nunca se sabe ao certo o quê se passa dentro de nós mesmos. Expilo alegria, inalo tristeza. Ofereço bruscamente meus últimos prazeres, pois quero viver assim. Não quero temer perder o que nunca tive ou saborear a pobreza da felicidade. Quero continuar estagnada, da onde nunca saí, quero ficar em mim e não mais me abrir à solidão da companhia indiferente. Escrevi, olhei no espelho e não me vi, passei frio, mas fui dormir. E o novo dia clareia, o sol arde. E o que você esqueceu, se não apagou quando o leu, queimou junto com o futuro de agora, queimou junto com o meu coração e esperanças. Mas eu não sei o que se passa dentro de você e eu não me enxergo mais. Melhor assim: escrevi minha alma, libertei meu cerne, porém desbotou o papel, queimou-se.

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