segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Parecia esperta...

Parecia esperta, talvez tivesse vinte anos, ou tivera feito mais aniversários espirituais do que já antes houvesse imaginado. Praga da tristeza, ânimo da filosofia. Vivia assim, ora feliz, ora triste, normal. Antes acreditava ser diferente, no fim percebeu ser igual. Destoava das outras mulheres de sua idade, não em aparência, mas em pensamento. Tinha certeza da sua diferença, pois cada ser, no seu interior, tem. Sabia que o que sentia era único, como todos que a olhavam também sentiam isto secretamente. Ó, jocosa alucinação, por que enganas a todos com tamanho prazer? Pela rua pulando alternadamente entre risos, pisos e choros, desejava desaparecer. Sumirei, mas renascerei, ela pensava. Contudo, não previu o mais provável: se fosse, não voltaria como ela mesma; e se voltasse assim, não renasceria, pois nunca teria verdadeiramente ido. Deveria ter agido enquanto estava aqui. Não percebeu que ela tinha nascido igual para fazer a diferença, e não para se tornar diferente. Continua aprisionada no corpo, porém sua alma não mais reluz. Acreditava na morte como uma mudança, e teve o mesmo fim dos que pareciam espertos, apodreceu em terra; viva.  

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