segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Afogo

Eu tenho medo da noite. Não temo a sombra do dia, mas a solidão que clareia. A noite é íntima, o dia é efêmero. Sinto cada vez mais, torno-me viva cada vez menos. Cada desacordo traz uma vontade de desistir, e, cada vontade, uma busca desenfreada por uma saída menos dramática, decisiva, fatal. E, ao mesmo tempo, tudo caí sobre minha mente de uma forma incongruente. São adversidades tão coincidentes e desconcertantes, que da mesma forma que a vontade surge, ela desaparece. É um pulsar de emoções, onde em uma balança, emocional e racional, tento equilibrar o que seria o certo. A minha relatividade entra em ação, e desta eu não consigo escapar. Cada conselho que escuto é diferente, cada música que ouço parece igual, mas percebi que as interpretações sempre pendem para o que eu desejo, porém o que eu almejo entra em conflito com o que não deveria desejar. E tudo isso faz-me ver que todas as minhas noites são iguais e que todas as noites da minha vida serão assim. Eu vivo amarrada em um cabo de força, de um lado puxa-me a felicidade, de outro a realidade; vivo nadando em um mar de solidão, e me pergunto todas as noites até quando conseguirei ter forças para simplesmente não me afogar.

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