domingo, 28 de novembro de 2010

Escrever

Cansei de inspirar tristeza e expirar frieza. Expelirei alegria e minha moradia será só incerteza. Misteriosamente, da própria alma desfazer-me-ei e, novamente, a mim o velho consumirá em tons inéditos. Crédulos acéfalos, incrédulos cefálicos. Semelhança e diferença, verdade e crença. Morte da poesia; vida em alegria. Renascimento da prosa; vida dolorosa. E soará assim, sem fim, alternas e acetinadas, límpidas e ensanguentadas. Sem escolha, apenas caminhos escuros, muros, pontes, mar. Barcos navegam, felicidade os guia, o oxigênio foi cortado, ninguém chamou a alegoria. Instante, nasceu gelo do mar distante, a claridade morreu. A felicidade congelou, quem mergulhou não se agasalhou, só a poesia se aqueceu. As palavras borbulham na mente, querem o papel colorir, mas a pintura será diferente sempre que o amanhã insurgir. A escritura é como a sinfonia perfeita, uma vez tocada, nunca mais será igual.

Nenhum comentário: