quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Deixa que o tempo cura

Demorei para entender o que os livros dizem, demorei para imaginar que você já não mais existe. Eu não sei bem o que deu em mim desde a primeira vez que lhe vi, mas tira-lhe o mérito é muita injustiça, por isso digo que me apaixonei e simplesmente perdi. Incrível é que não sofro sozinha, e, se olhar para o lado, seus ombros estão ocupados do choro de alguém próximo, mas a história do alguém, de um amigo, outrem, não é tão melancólica quanto a sua, não é tão triste, tão dilaceradora. E o que tem demais? Ele simplesmente perdeu alguém, pensamos; mas pensar não é pior, temos a audácia de dizer: não fica assim, passa, com o tempo passa. Falamos com toda a certeza do mundo que o tempo vai lavar tudo que sentimos hoje, que estaremos inteiros novamente como se em um passe de mágica, só que ninguém nos ensinou a abrir mão do sentimento, da felicidade que antes sentíamos, e que agora desejávamos nunca ter conhecido. Mas o que eu demorei para perceber, é que quem eu amo é mais uma ilusão minha do que a própria pessoa, é idealização da alma ideal, da alma gêmea... Ando mesmo me afastando de você, e vivo nesse ciclo viciante de mudança de opinião, ou você é a razão da minha vida, ou o lixo que ninguém recolhe do chão.

5 comentários:

Anônimo disse...

Fortissimo, mas maravilhoso!!
Obrigada por me dar o prazer desses textos lindissimos!

(f)

Vivi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

As vezes me considero a única capaz de tal façanha. De se apaixonar completamente por alguém, e perseverar até além do limite. Me desgastar por meses em ilusões de uma oportunidade de uma conexão ou reciprocidade, ilusões alimentadas fortemente apenas por ter ao alcance e acesso a algumas ou muitas expressões da existência da pessoa, a meu ver iluminada e perfeitamente imperfeita. Mas quanto mais alto o voô, mais dura é a queda, e fico nesse ciclo extremamente doentio, em que o tempo parece nao fazer muito efeito, no entanto. É algo muito estranho, como se fosse necessária uma permissão para ser plenamente feliz sem essa pessoa, mas a verdade todos sabemos, ninguém é feliz sozinho mas todos nascemos em morremos sozinhos.

Anônimo disse...

Genial. O desfecho é no mínimo brilhante. Viver paixões são as experiencias mais brutais da vida , independente do que aconteça nunca será suave. O amor pesa. O amor é a dor e a anestesia do viver e é nesse par antitético que conhecemos melhor a nós. Nunca é só um beijo mas meu mundo é feito de gavetas e cabe a mim dispor as repartições de maneira saudavel , você tem a sua e sabe disso. A felicidade é uma projeção sua feita no outro mas matéria prima é você mesma. Obrigado por tudo e não suma.

Anônimo disse...

Sim, o tempo é um primoroso anestésico, ou simplesmente nos torna mais sábios mesmo. Vai saber... "Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é." E a felicidade... Cada vez tenho mais certeza que a felicidade é apenas busca, a nomenclatura do caminhar. O que nunca alcançamos, caso contrario, tudo perderia o sentido e abandonaríamos a marcha. Seja o que for é um estado e é preciso estar atento para percebê-lo.
Anônimo Atento